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Após lançar sua conta digital para pagamento de fretes rodoviários, a FreteBras, plataforma online de transporte de cargas, já liberou mais de R$ 10 milhões em capital de giro para transportadoras, modalidade lançada em maio, conforme o Finsiders revelou. A previsão é de que, até o final de 2021, a FreteBras conceda cerca de R$ 300 milhões em crédito. Desde o início dessa operação, segundo a companhia, cem empresas já solicitaram crédito.
Para utilizar a solução, a FreteBras leva em consideração vários requisitos, como volume de fretes publicados na plataforma, o histórico de relacionamento com a logtech, existência ou não de denúncias, entre outras questões. Caso a solicitação seja aprovada, a empresa informa a taxa e o limite de crédito ao contratante, que recebe o valor antecipado em até 24 horas na conta FreteBank.
Os prazos de pagamento desta modalidade podem ser de até 120 dias, porém, em média, eles são realizados em um tempo três vezes menor, com taxa de juros de 1,59% ao mês. A companhia possui uma parceria com a MOVA, fintech que opera como SEP (Sociedade de Empréstimo entre Pessoas).
De acordo com Kauê Santos, head de soluções financeiras da FreteBras, a maioria das transportadoras tem dificuldades de manter seu caixa saudável. Isso ocorre, segundo ele, por conta delas receberem de seus clientes em prazos que vão de 30 a 180 dias, enquanto suas despesas e custos operacionais muitas vezes são imediatos, como o pagamento de caminhoneiros autônomos ou contratados, além da compra de combustível.
Este descasamento entre recebimento e pagamento muitas vezes impede que transportadoras, mesmo tendo capacidade operacional, consigam novas operações, por não possuir caixa para cobrir os custos e despesas até receberem de seus clientes. A FreteBras entende que linhas de créditos são ferramentas para alavancar negócios, investir em produção e custear despesas”, diz Kauê, ao Finsiders.
A plataforma possui mais de 580 mil caminhoneiros cadastrados e 14 mil empresas assinantes, das quais 4 mil já foram pré-aprovadas pela FreteBras. Além disso, a empresa ainda deve lançar uma linha de crédito para antecipação de saldos para caminhoneiros até novembro.
Outros lançamentos
Fundada em 2008 em Catalão, interior de Goiás, a FreteBras fechou o mês de agosto com 800 mil fretes contabilizados. A expectativa, segundo a empresa, é chegar à marca de 10 milhões no fim deste ano. “Apenas no primeiro semestre, crescemos já 67,50% em comparação com o mesmo período de 2020”, apontou Kauê.
Com a conta digital para pagamento de fretes rodoviários, os motoristas têm o recebimento do saldo do frete garantido, o que representa quase a totalidade do lucro do trabalhador na viagem. Já para as empresas contratantes, a vantagem principal é o retorno financeiro de parte dos pagamentos efetuados pela plataforma.
Até o momento, foram pagos R$ 150 mil em cashback sobre as transações de frete efetuadas por meio de sua solução financeira, como forma de apoio às transportadoras que enfrentam longos prazos de recebimento dos clientes. O cashback está limitado a 1% do valor do frete, com teto de R$ 5 mil por mês, durante três meses. Além disso, a FreteBras também disponibiliza uma oferta de tags de pedágio em parceria com a Veloe, tanto para empresas como para os motoristas.
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Números do setor
No Brasil, o volume de fretes movimentados em 2020 foi 62% maior do que o registrado no ano anterior, de acordo com uma pesquisa realizada pela própria FreteBras. Puxa a fila o setor de construção, que fechou o ano passado com um volume 90% maior em comparação à 2019. Em seguida, está o agronegócio, que encerrou 2020 com um aumento de 71,3% em relação ao ano anterior.
Este ano, 43,4% das empresas de transporte já solicitaram crédito por conta da pandemia — destas, 46,4% tiveram o acesso negado pelas instituições financeiras. Os dados são de uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre o impacto da Covid-19 no transporte. Ainda de acordo com o levantamento, 55,6% dessas companhias que receberam negativas usariam os recursos para capital de giro.
Apesar de oferecer seus serviços de forma totalmente remota, de março para abril do ano passado, a FreteBras registrou uma queda de mais de 40% no volume de fretes publicados, números que foram superados a partir do mês seguinte, mostrando que a digitalização dos setores foi ainda maior para o ramo de transportes. Em setembro do ano passado, a empresa recebeu um aporte de R$ 95 milhões liderado pelo BID Invest, braço de investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Fintechzação em alta
A FreteBras não é a única a desenvolver produtos e serviços financeiros no setor de transportes e logística. A Nimbi, da área de compras e logística, firmou recentemente uma parceria com a Hub Fintech, de soluções para conta digitais, recebíveis e pagamentos corporativos para construir toda a infraestrutura tecnológica do banco digital que passará a oferecer aos seus clientes. Como a novidade, a Nimbi espera movimentar R$ 1 bilhão até dezembro.
No fim de maio, a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) e seu braço financeiro, a Volkswagen Financial Services, colocaram no ar a Trucker Pay, ‘banco digital’ para facilitar transações realizadas por frotistas, transportadoras e caminhoneiros, inclusive os autônomos. Pelo app, será possível pagar pedágio, abastecimento em postos de combustível, além de compra de peças e reparos em oficinas conveniadas.
No ano passado, a TruckPad, marketplace digital de fretes, também lançou sua carteira digital, chamada TruckPad Pay, para permitir que os motoristas de caminhões recebam o pagamento de seus fretes e o utilizem em produtos e serviços automotivos ou transfiram para suas contas pessoais.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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