Fintechs apostam em influenciadores para aproximar marca do público

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O que Gisele Bündchen, Emicida, Tatá Werneck, Tais Araújo, Ivete Sangalo, Mumuzinho, Luciano Huck, Jojo Todynho e Criolo têm em comum? Sim, todos são artistas. Mas, mais do que isso, todos têm forte presença nas redes sociais e suas opiniões costumam ser repercutidas entre milhões de pessoas em todo o país e em todas as classes sociais. É justamente essa influência que tem levado bancos digitais e fintechs a “correrem” atrás dessas celebridades para fazer parcerias.

Uma pesquisa realizada pela Kantar Ibope Media lembra que o poder do marketing de boca a boca não é novo. Na era digital, ele tomou outros contornos, com mais alcance e um novo nome: influência.

Segundo a pesquisa, 31% dos adultos são capazes de influenciar outras pessoas em relação a produtos financeiros, sendo que entre eles: 77% podem convencer outros com suas opiniões sobre algum tipo de produto, 45% podem dar uma grande quantidade de informações sobre algum tipo de produto, e 27% falam com muitas pessoas diferentes sobre algum tipo de produto.

De olho neste potencial dos influenciadores, bancos digitais e fintechs têm buscado associar sua marca a celebridades, influenciadores e a novas formas de comunicação para mostrar identificação com o público, cada vez mais diverso, potencializando, assim, sua comunicação. Isso é o que tem feito os bancos Nubank, C6, Agi, Pan, next, BV, iti e a fintech Mycon, entre outros.

A escolha por influenciadores é estratégica e leva em consideração a aderência que eles têm com a marca, com a missão, os valores e a mensagem que cada companhia quer transmitir. Para alguns dos executivos que conversaram com o Finsiders, o trabalho em conjunto com artistas e influenciadores proporciona, assim, uma experiência complementar, incluindo educação financeira.

No Agi (antigo Agibank), as ações com influenciadores costumam ser de curto prazo e estão sendo adotadas para inserir a cultura digital no banco, explica Natália Dias, diretora de marketing do Agi.

“A gente ainda estava bastante distante dessa cultura digital e o influenciador nos ajuda a criar um diálogo mais próximo com o nosso público, além de passar credibilidade e confiança.”

Para acelerar neste mundo digital e apresentar a nova marca e suas soluções, o Agi convocou um time de influenciadores composto por nomes como: Cleo Pires, Ary Fontoura, Catia Fonseca, Laura Brito, Mohamad Hindi e Mumuzinho.

O objetivo da campanha é ampliar o alcance dos produtos e dos serviços financeiros e não financeiros oferecidos pelo superapp que nasceu da evolução natural do banco digital Agibank e foi lançado ao mercado no final de agosto. Para se conectar de verdade aos brasileiros, foram selecionados influenciadores de vários Estados, faixas etárias e perfis diferentes que vão manter a sua linguagem e o seu estilo.

Quanto ao embaixador da marca, Natália lembra que é uma decisão estratégica e antecipa uma avaliação sobre a entrada de uma celebridade para o conselho de administração. “A gente avalia essa possibilidade, mas ainda não temos uma decisão tomada. Queremos uma pessoa que seja dona da sua vida, que lute pelos seus sonhos e conquistas, tenha uma visão estratégica e traga uma diversidade na narrativa”, aponta, acrescentando que essa pessoa também vai contribuir na criação de produtos, serviços e iniciativas para o público da marca.

A head de marketing do C6, Alexandra Pain, explica que o banco digital não trata influenciadores digitais como espaços publicitários, mas como parceiros que ajudam a traduzir a mensagem ou explicar os produtos para um público com quem mantêm uma relação de confiança e troca. É um trabalho de cocriação.

Em agosto, o banco lançou a primeira campanha com a modelo Gisele Bündchen, mas a escolha dela não tem relação com capacidade de engajamento nas redes, mas, sim, com identidade institucional.

Segundo ela, o trabalho de marketing com influenciadores digitais segue outros critérios e, por isso, também demanda atenção de uma equipe dedicada dentro do banco. “Em dois anos, já atuamos em parceria com mais de 100 influenciadores, que conversam com públicos distintos, como viajantes, investidores, comunidade trans. Por meio deles, conseguimos criar uma conexão imediata com comunidades de nosso interesse”, explica ao Finsiders.

Embaixadores e influenciadores: diferentes, mas complementares

Engana-se quem pensa que influenciador e embaixador da marca são a mesma coisa e têm as mesmas atuações. A superintendente de marketing do Banco Pan, Vivian Zwir Wertheimer, ressalta que cada um desempenha um papel específico, mas todos são complementares e importantes para o posicionamento da marca.

O Pan conta com Luciano Huck, Jojo Todynho e Criolo em seu “casting”, mas cada um tem uma função diferente. Huck é membro consultivo do conselho de administração e do comitê de marketing da campanha. Já Jojo é a embaixadora da marca e principal personalidade das campanhas. Criolo atua como orientador social e participa de toda a estruturação de projetos, ideias e caminhos para reforçar o empreendedorismo, incentivando a rede de apoio aos clientes e sociedade.

“Huck traz um olhar de negócios importante, como apresentador e empreendedor, a Jojo agrega descomplicando o ’economiquês’ direto para a realidade do nosso público, enquanto o Criolo nos auxilia, como orientador social, a ampliar a base de atendimento aos nossos clientes, ajudando para além da oferta de produtos e serviços”, explica Vivian.

No meio do ano, o Nubank trouxe para o seu conselho um nome de peso, a cantora e empreendedora Anitta. A reação de clientes e não clientes foi enorme, principalmente, pelo tamanho da fama da artista. O banco soube aproveitar a exposição inesperada e mostrou que a cantora veio para “colocar a mão na massa”.

No início do mês, o Nubank fechou uma nova parceria, desta vez com o cantor Emicida, cujo objetivo é gerar conexão com os brasileiros e reforçar a importância da educação financeira por meio da arte, cultura e vivências reais.

Para o CMO do Nubank, Arturo Nuñez, trabalhar com importantes influenciadores, como Anitta e Emicida, ajuda a alcançar um número maior de brasileiros.

“Cada pessoa tem uma maneira única de se conectar com a população. Trabalhar com influenciadores é uma maneira de alavancar essa conexão e tornar a educação financeira tangível para mais pessoas, pois eles têm uma linguagem mais acessível”, explica Arturo, ao Finsiders.