Luciano Tavares: Ibovespa x bolsas internacionais: descolamento e solução

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Você sabia que, segundo dados da Anbima, apenas 2% das carteiras de investimentos dos brasileiros estão em ativos internacionais? O problema desse cenário é que o investidor fica com uma concentração de risco muito alta e, assim, fica exposto à possibilidade de perdas que afetem seu portfólio como um todo. Isso acontece, principalmente no contexto atual, onde o risco-Brasil está elevado e o Ibovespa não consegue acompanhar o avanço dos mercados internacionais.

Você já deve imaginar que existem diversos fatores responsáveis pelos descolamentos entre o comportamento da bolsa local e das bolsas no exterior. Atualmente, enquanto as bolsas internacionais estão em ascensão, a bolsa brasileira segue em queda. Tal comportamento costuma ser impulsionado pelos riscos específicos do país, como as questões fiscais e o câmbio.

No aspecto cambial, não há registro de uma depreciação tão grande em 26 anos, e assim como outros indicadores da economia brasileira, nosso fiscal está abalado. Diante disso, este ano, o Ibovespa esteve algumas vezes na contramão dos principais drivers do mercado – as bolsas americanas. Foi este o caso da última semana de outubro, como mostra a imagem abaixo:

Fonte: Google Finance

Observamos um dos piores resultados do ano, com o Ibovespa praticamente alheio aos movimentos no exterior e refletindo os riscos internos, enquanto as bolsas americanas rompiam novos recordes.

Os descolamentos do Ibovespa provocam efeitos em qualquer portfólio de investimentos que possua uma parcela dos seus recursos em ações brasileiras, no entanto, é importante perceber que existem níveis bem distintos de impacto a depender da qualidade do portfólio.

Se você investe em bolsa brasileira e conta com uma diversificação feita de maneira adequada e em proporções ideais, certamente vai sofrer muito menos, e pode levar os “danos” ao mínimo possível.

O oposto também é verdadeiro: se você tem investimentos em bolsa brasileira mas não conta com uma boa diversificação no seu portfólio, o primeiro a sofrer potenciais danos será o seu patrimônio.

Como minimizar os efeitos negativos

Primeiramente, para solucionar esse problema, é preciso diversificar as classes de ativos geograficamente. Desta forma, a diversificação te torna mais independente de cenários que podem comprometer sua carteira total.

Na tabela abaixo, você consegue ver que não existe um ativo único que vai performar sempre melhor que outros. Além disso, não dá para sabermos quando algum ativo irá performar melhor que outros. A diversificação é o melhor instrumento para te ajudar a conquistar resultados de forma mais segura:

Fonte: Quantum Axis. Elaboração Magnetis

Além disso, não basta investir uma pequena parcela no exterior e acreditar que já está protegido. Você precisa manter sua carteira de investimentos distante do ‘home bias’ (preferência por investir na sua região, país e moeda).

Explico o porquê: este é um dos vieses mais comuns no comportamento do investidor brasileiro atualmente, e o Brasil, por sua vez, não representa nem 1% do mercado acionário global.

Isso significa que sua carteira de investimentos não deve ter uma exposição ao mercado acionário local maior do que nos mercados internacionais, para que você não prejudique o desempenho dos seus investimentos no longo prazo.

As opiniões neste espaço refletem a visão dos colunistas, e não a do Finsiders.

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Luciano Tavares é fundador e CEO da Magnetis, gestora digital de investimentos. Administrador de carteiras credenciado pela CVM e planejador financeiro CFP®️, tem mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro. Fundou a Nest Investimentos e foi VP da Merrill Lynch no Brasil

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