Open Finance: este ano promete novidades visíveis, diz especialista da EY

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​(Finsiders, com Agência EY)

A evolução do Open Banking, o Open Finance, deverá promover uma transformação de todo o ecossistema brasileiro, incluindo empresas de seguros e investimentos, a partir deste ano. Pelo menos, essa é expectativa dos especialistas da EY Brasil.

Em entrevista para a série especial da Agência EY sobre as perspectivas para 2022, Silvana Bolognini, consultora da área de transformação de negócios para serviços financeiros da empresa, fala sobre os desafios e as vantagens desse novo sistema financeiro.

A entrevista pode ser conferida na íntegra abaixo. Mas, dando um spoiler, ela diz que 2022 promete ser o ano para a estabilidade de todo o Open Finance, como as pessoas (físicas ou jurídicas), isto é, os clientes, devem começar a contar com soluções que tragam valor para elas.

Agência EY: O Open Finance indica a transformação de todas as verticais do sistema financeiro, como crédito, seguro e investimentos. Quais as perspectivas para 2022?

Silvana: Ainda que 2021 tenha sido um grande ano para a implementação do Open Finance, com as principais instituições financeiras desenvolvendo a estrutura para o compartilhamento de dados, foi também um ano de muita construção e aprendizado. Na prática, isso significa que a preocupação por atender os prazos regulatórios do Banco Central acabou fazendo com que, em um primeiro momento, grande parte dessas instituições olhasse majoritariamente para o lado técnico e o desenvolvimento, deixando a visão de negócios em um segundo plano. Algo completamente compreensível. Desta forma, 2022 promete ser o ano em que, não só todo o sistema do Open Finance deve estar mais estável, com o compartilhamento de dados ocorrendo de forma mais fluida, como também o ano em que esses participantes vão começar a oferecer, de fato, soluções que tragam valor para os seus clientes. Essa busca por oferecer os melhores serviços e fidelizar clientes somada ao aumento do escopo do universo bancário para contemplar demais produtos financeiros deve fazer com que, no próximo ano, o Open Finance mostre de fato o seu valor e se popularize em todo o sistema financeiro.

Agência EY: Como é possível criar um ecossistema de inovação digital no qual instituições financeiras, de seguros e de investimentos e usuários possam se beneficiar?

Silvana: O Open Finance tem por essência o empoderamento do cliente. A ideia por trás do serviço é permitir que cada usuário se torne o tomador de decisões na sua vida financeira e tenha acesso a produtos e serviços de diferentes instituições de forma simples e segura. Com isso em mente, é correto dizer que, com a chegada do Open Finance, o mercado de soluções financeiras deve ficar mais competitivo, fazendo com que as instituições precisem dedicar, cada vez mais, esforços para garantir a manutenção e o aumento da sua base de clientes. Isso significa que, a partir do momento em que os dados deixam de ser uma posse da instituição e passam a pertencer aos usuários, o grande diferencial entre os fornecedores de serviços financeiros passa a ser o seu ecossistema de inovação digital.

Agência EY: E como criar um ecossistema de inovação digital que se destaque?

Silvana: Conhecer o perfil do cliente deixa de ser uma vantagem apenas do seu detentor de conta principal, alavancado pela facilidade do acesso a diversos produtos financeiros promovida pela interoperabilidade de plataformas. Nesse contexto, se destacará no mercado aquela instituição que promover uma melhor experiência para o cliente por meio de um ambiente mais atraente e eficiente, embarcando produtos mais adequados, segurança, atendimento personalizado e melhores preços e condições.

Agência EY: Como o Open Finance vai impactar as empresas e quais os benefícios?

Silvana: O impacto será dos mais diversos portes e seguimentos, trazendo benefícios e desafios diferentes. A democratização de dados permitirá que instituições financeiras de menor porte e fintechs consigam acessar um maior volume de informações sobre seus clientes. Com isso, será possível que essas empresas ofereçam produtos e soluções ainda mais personalizados, inovadores e com condições mais competitivas. Para essas empresas, os maiores desafios devem ser conquistar a confiança de seus atuais e potenciais clientes para que compartilhem os seus dados e se destacar em um mercado competitivo entregando soluções diferenciadas.

Agência EY: E para as instituições consolidadas no mercado?

Silvana: Ainda que o aumento da competitividade e o compartilhamento de informações do Open Finance inicialmente soem como uma ameaça, visto que essas empresas concentram uma grande quantidade de clientes, esse novo sistema abre diversas oportunidades para a ampliação dos negócios. Dada a estrutura e o volume de capital dessas empresas, grandes players possuem mais recursos para investir no desenvolvimento de novas soluções e no aprimoramento das existentes. Além disso, em vez de encararem os competidores de menor porte como uma ameaça, essas grandes empresas podem ver tais concorrentes como oportunidades de expansão por meio de parcerias, aquisições e venda de soluções de “as a Service”.

Existem as empresas que não são do mercado financeiro, mas que ainda assim podem se beneficiar do Open Finance. Grandes varejistas, por exemplo, terão a possibilidade de se tornar ou fazer parcerias com iniciadores de pagamento, permitindo um checkout rápido, seguro e com menos custos. Podemos citar como exemplo os produtos de crédito. Um usuário que já é cliente de uma instituição financeira pode transferir seus dados históricos para outra instituição. Essa segunda instituição tem a possibilidade de avaliar essas informações e realizar uma oferta melhor para esse cliente. Nesse exemplo fica claro o impacto da disputa do cliente entre as empresas e os benefícios de uma maior diversidade de produtos para o usuário.

Agência EY: Qual é o benefício para as empresas especializadas em desenvolvimento tecnológico?

Silvana: Construir uma estrutura de recepção e transmissão de dados via Open Finance é algo custoso, complexo e trabalhoso. Dito isso, empresas de tecnologia poderão vender essa estrutura para outras instituições que desejam ingressar no Open Finance, mas que não querem desenvolver esse ecossistema internamente. Hoje, já existem empresas no Brasil e no mundo que ofertam plataformas plug and play de recepção e transmissão de dados.

Agência EY: Como o Brasil está posicionado em relação a outros países na implementação do Open Finance?

Silvana: Surgindo como uma tendência nos principais centros financeiros do mundo, o Open Finance consiste em diretrizes e arcabouço tecnológico que garantam que dados, produtos e serviços financeiros dos clientes sejam compartilhados de maneira segura e com a velocidade entre diferentes instituições financeiras e sistemas. Ainda que o Brasil tenha se espelhado em diferentes mercados, o país está se posicionando de forma extremamente agressiva e pioneira no seu desenvolvimento. Prova disso é que o sistema brasileiro será um dos primeiros a expandir o escopo de dados do universo bancário para outras frentes do mercado financeiro e de capitais, contemplando investimentos, previdência, câmbio e seguro. Desde a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os participantes vêm trabalhando em grupos de trabalho divididos em técnicos, secretariados para a implantação do ecossistema no país.

O Brasil é, inclusive, o primeiro país do mundo a implementar o Open Insurance, sistema regulado pela SUSEP, que permitirá o compartilhamento de dados dos produtos e serviços de seguros, previdência complementar aberta e capitalização. De forma geral, ainda que enfrente algumas dificuldades, o mercado brasileiro parece ter aprendido com os desafios do Reino Unido, Europa, Austrália e tantos outros países.

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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders,
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