A agfintech TerraMagna acaba de levantar US$ 40 milhões (cerca de R$ 220 milhões, ao câmbio atual) — a maior parte (US$ 30 milhões) em dívida e o restante (US$ 10 milhões) em equity.
A captação foi liderada pelo SoftBank Latin America Fund com participação da Shift Capital e Milenio Capital, além de investidores anteriores. É o terceiro aporte recebido pela fintech, que já havia levantado US$ 2,8 milhões.
Com uma carteira de mais de US$ 120 milhões em 2021 — cifra 10x maior em relação a 2020 –, a perspectiva da empresa com essa nova captação é expandir a presença regional e diversificar a oferta de produtos financeiros.
No ano passado, a TerraMagna chegou a quase R$ 700 milhões em antecipação de recebíveis, bem acima da expectativa inicial de R$ 500 milhões. Em 2020, o montante foi de R$ 53,5 milhões.
Fundada em 2017 pelo trio de engenheiros formados no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Bernardo Fabiani, João Paulo Torres e Rodrigo Marques, a TerraMagna usa monitoramento via satélite, fontes de dados alternativas e análise por IA para conectar o campo ao mercado de capitais. A empresa não acessa diretamente o produtor rural, e sim atende agroindústrias, revendas e distribuidoras de insumos.
O novo cheque chega pouco mais de um ano depois do seed money. Em novembro de 2020, a startup divulgou um aporte de US$ 2 milhões liderado pela ONEVC, em rodada acompanhada por Maya Capital, Accion Venture Lab, além dos investidores-anjos Fernando Gadotti (DogHero), Lincoln Ando (idWall), Patrick Sigrist (iFood e Nomad) e Allan Kajimoto, CEO do Delivery Direto.
A startup também vem fechando acordos com grandes players do setor. Em junho, anunciou uma parceria com a FMC, de defensivos agrícolas, e com a consultoria especializada em agro Marksestrat, conforme informou o Finsiders. Pelo acordo, as empresas disponibilizariam até R$ 100 milhões em uma linha de financiamento para produtores rurais com foco em aquisição de insumos.
Já em fevereiro do ano passado, a TerraMagna participou de um novo FIDC, gerido pela Sparta, que captou R$ 48 milhões, com foco no financiamento agrícola — mais especificamente, custeio de produção de soja.
Entre os planos, com o investimento, está a criação de novos produtos, um movimento que a fintech já vem trilhando desde o ano passado, quando lançou o crédito pulverizado sem garantia, usando duplicatas digitais, conforme o cofundador e CEO, Bernardo Fabiani, havia contado ao Finsiders.
Setor atrativo
O interesse do SoftBank e dos demais investidores pelo agronegócio tem motivo. Responsável por mais de um quarto do PIB brasileiro, o setor enfrenta uma carência de crédito, especialmente com foco em pequenos e médios produtores rurais.
Num mercado dominado por grandes bancos como Banco do Brasil (BB) e Santander, há espaço, ainda, para criação de outros produtos como seguros agrícolas.
“O crédito tem sido a força motriz ubíqua que manteve a agricultura funcionando, mas para que ela esteja à altura desses desafios por vir, ela não poderá apenas funcionar. Ele precisará ter os incentivos, mentalidade e perspectivas de longo prazo que apenas empresas saudáveis podem se dar ao luxo de ter. É exatamente essa ubiquidade na cadeia de valor, somada ao seu potencial catalisador, que torna o crédito o melhor meio para disseminar essa transformação”, afirma Bernardo, em comunicado.
A TerraMagna não é a única agfintech capitalizada para crescer o “bolo do crédito” no setor. Em outubro, a Traive levantou US$ 17 milhões em um round liderado pelos fundos SP Ventures e Astella, trazendo para o captable a Minerva Foods, exportadora de carne bovina da América do Sul.
Mais recentemente, a empresa fez parceria com a Syngenta, líder mundial em venda de insumos para o mercado agrícola, formando um FIDC 100% digital.
Estão na lista de agfintechs, ainda, nomes como DuAgro (parceria entre a XP Inc. e a securitizadora Vert), Agrolend (que virou SCD recentemente), A de Agro (que tem parceria com o BTG Pactual), Nagro, entre outras.
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