O brasileiro e jogador de futebol Neymar entrou no noticiário financeiro nestes dias ao ter publicado em suas redes sociais que comprou duas obras de arte NFT, da coleção Bored Ape Yacht Club (BAYC): “Sou um macaco!”.
E não foi pouco o que ele desembolsou: mais de US$ 1,1 milhão (equivalente a R$ 6 milhões na cotação atual), conforme dados da plataforma OpenSea, considerado o maior marketplace de NFTs do mundo.
Se você está acompanhando o Big Brother Brasil (BBB) deve conhecer a influencer Jade Picon. Pois bem, ela foi estrela de uma obra NFT feita pelo fotógrafo surrealista franco-brasileiro, Pol Cruz, chamada de Swans, que foi levada à leilão no meio do ano passado, cujo valor inicial era de US$3,727.88. Algo parecido foi feito em relação à outra obra com a cantora internacional Lady Gaga, mas com um valor inicial menor, de US$ 100.
Ainda em 2021, a casa de leilões Christie ‘s vendeu sua primeira arte digital, a “Everydays — the First 5000 Days”, do artista Beeple, por mais de US$ 250 milhões.
Como deu para perceber, trata-se de um mercado que movimenta bilhões de dólares. Tanto que a OpenSea, em novembro de 2021, registrou US$ 10 bilhões em volume transacionado e a expectativa é de que isso continue crescendo, principalmente com as novas operações dentro do metaverso.
É o que aponta a segunda parte do report “Futuro do Dinheiro”, produzido pelo boostLAB, hub de negócios do BTG Pactual para empresas tech, realizado em parceria com a aceleradora ACE Cortex.
A primeira parte do documento, que o leitor do Finsiders leu em primeira mão em junho do ano passado, abordou a história do dinheiro em si e mostrou como alguns dos novos ativos e tecnologias vêm ganhando terreno, entre eles, blockchain, criptoativos, Pix, smart contracts, e o non-fungible tokens, conhecido pela sigla NFT.
Agora, o report começa indo a fundo sobre o NFT, mostrando desde a sua origem, passando por cases, pelas vantagens, chegando aos riscos como acontecem em qualquer ativo digital (legais e de variação de preço).
Voltando ao tema do começo deste texto, o report produzido pelo boostLAB, ao mencionar outra pesquisa feita pelo Citibank, mostra que o mercado da arte contemporânea teve uma rentabilidade média anual de 7,5% entre 1985 e 2018, que é inferior a outros tipos de investimento. Por outro lado, o relatório também aborda quando investir, com um joguinho com perguntas simples.
Ainda se tratando de tokens, transformar qualquer tipo de ativo nessa tecnologia, ou melhor, a tokenização ganha força no Brasil e no mundo. Conforme o estudo, atualmente, o mercado global de tokenização estava avaliado em US$ 1,9 bilhão em 2020, com a expectativa de crescer para US$ 4,8 bilhões até 2025.
No Brasil, a pesquisa lembra que a B3 já expressou seu interesse em trazer investimentos à blockchain e começar a tokenizar ativos. Ao conversar com o portal Seu Dinheiro no final do ano passado, o presidente da bolsa de valores brasileira, Gilson Finkelsztain, disse que comprar o token de um ativo que não é digital, como uma obra de arte, um imóvel ou um carro, é interessante e é algo que a B3 tem que olhar.
Outras tendências
Outro assunto abordado no report é a expectativa positiva em relação ao investimento coletivo, conhecido como crowdfunding. Conforme o report, entre os modelos bem estabelecidos (doação, recompensas, dívida e ações) o crowdfunding de ações é o ramo de crescimento mais rápido, com um CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 33,9% entre 2016 e 2021.
No Brasil, segundo capturados na CVM, o crowdfunding de investimento teve um aumento de 43% em 2020 em relação ao ano passado, movimentando mais de R$ 84 milhões. Durante a pandemia, esse modelo de investimento ajudou muitos empreendedores como uma alternativa de financiamento.
Conforme dados divulgados nesta quarta-feira (26) pela CapTable, as captações de dez plataformas de investimento em startups mais do que triplicaram entre 2020 e 2021, atingindo R$ 124,4 milhões, deixando claro o avanço do segmento.
Voltando ao report, outro tema detalhado foram as smarts contracts, programas dentro da blockchain que executam uma ação predeterminada caso suas condições sejam efetuadas. Em outras palavras, são semelhantes a qualquer tipo de contrato tradicional, como na compra de um imóvel, mas tudo feito digitalmente.
Em 2020, por exemplo, o BTG Pactual, inclusive, introduziu o ReitBZ, token que possibilita a distribuição de dividendos de imóveis para seus investidores. E os pagamentos são feitos exclusivamente por smart contracts, tendo sua segurança auditada pelas empresas Chain Security e Least Security.
O estudo aponta que, embora ainda conhecidos por serem complexos e inacessíveis para o público geral, algumas empresas já têm trabalhado maneiras de banalizar o uso dos smart contract. Recentemente, a empresa Trickle prometeu criar uma plataforma para criação de smart contracts sem utilizar linguagem de programação.
Por último, o report detalha outra tendência, que são as chamadas finanças descentralizadas, também mais conhecida pela sigla em inglês, DeFi.
“Para além do mundo das criptomoedas, alguns apontam a DeFi como a próxima a revolucionar o mercado financeiro. A expectativa é que serviços simples de bancos, como empréstimos, possam ser simplificados na medida em que mais pessoas adotem investimentos pela blockchain”, aponta o levantamento do boostLAB.
Bom para startups
Neste cenário, Frederico Pompeu, sócio do BTG Pactual, entende que as startups vão continuar desempenhando um papel primordial no desenvolvimento desses mercados, principalmente para promover a descentralização e, ao mesmo tempo, oferecendo diferentes serviços aos consumidores ou soluções para os próprios bancos.
“O banco sempre buscou estar no estado da arte quando falamos desse novo tipo de tecnologia. Desde a ReitBZ (criptoativo que lançamos em 2019), a criação da Mynt (nossa plataforma de negociação de criptomoedas) e até mesmo o investimento que o banco fez na Resale, startup que passou pelo boostLAB e que até aquele momento havia se financiado apenas através de crowdfunding”, afirma, em nota.
Acesse o report completo aqui.
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