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Por Alex Körner*, exclusivo para o Finsiders
Todo início de ano, perguntamos aos especialistas sobre as tendências que teremos em diversos setores. Surgem diversas reflexões sobre o que pode piorar ou melhorar para o ano seguinte.
Nesse sentido, fiz um exercício de reflexão sobre o mercado de seguros e separei as cinco tendências que teremos para o ano de 2022. Ainda que não exaustiva, mas vale ficarmos de olho, pois o mercado vai continuar acelerando as transformações em produtos, modelos de negócios e muito mais!
1. Investidores continuarão buscando insurtechs
O cenário de 2021 todo mundo viu. Foi um ano recorde de investimentos em insurtechs, superando em mais de meio bilhão de reais, se compararmos com o ano de 2020, segundo o site Conexão Fintech. Tivemos recorde de captação em Série A (Justos), também tivemos recorde de captação em seed na América Latina (180° Seguros) e diversos outros players relevantes mostrando que os investidores estão com apetite de investir no mercado brasileiro de seguros.
A próxima onda de investimentos será em seguros. Para 2022, acredito que o cenário não será diferente. Temos diversas insurtechs que podem aproveitar esse interesse de investidor local ou estrangeiro dado a continuidade do regulador em promover mudanças no mercado de seguros, o comportamento digital dos consumidores e as penetrações de diversos produtos de seguros na sociedade.
Ainda temos muitos modelos de negócios que não se provaram, mas vemos diversas empresas bem captadas para iniciarem novos produtos ou formatos de novos negócios.
2. Novas insurtechs no mercado
Foram selecionados 21 novos projetos para sandbox regulatório em 2021 que tem como premissa criar produtos ou modelos inovadores em um ambiente controlado. Temos projetos de ‘pay-per-use’ e coberturas intermitentes, proteção residencial, seguros agrícolas, regulação de sinistros, microsseguros, fiança locatícia, caminhões automóvel ou conectado com iniciativas de ESG (Environmental, Social and Governance).
Em resumo, teremos 21 novas empresas atuando no mercado, além das dez que já foram aprovadas na 1ª edição do sandbox e que estão acelerando a sua proposta de valor.
Vale ficar de olho, principalmente no primeiro trimestre, com novas empresas que realizaram captações de segundo semestre de 2021 e que planejaram lançamentos para este inicio de ano com soluções de telemetria de auto, produtos em novos canais de distribuição e, quem sabe, novidades que ainda não vimos no mercado de seguros.
3. Seguro de vida, cresce ou cai?
No ano de 2021, tivemos um crescimento perto de 20% no segmento de seguro de vida comparado ao ano de 2020, com uma arrecadação de mais R$ 10 bilhões em prêmios, de acordo com a Susep. A pandemia, o grande fator, motivou milhares de pessoas a protegerem suas famílias e, com isso, tivemos novos consumidores no mercado de seguros. Uma dezena de empresas entenderam a oportunidade e desenharam jornadas digitais para contratação destes produtos de forma mais autônoma.
Chegamos ao patamar máximo do seguro de vida ou temos mais espaço para crescer? Sabemos que o mercado ainda é sub penetrado, mas vale acompanhar o comportamento do consumidor. A pandemia ainda não acabou, mesmo que estejamos nesse momento em discussão de como conviver com ela. O consumidor vai entender que o risco passou e irá cancelar o produto, dado cenário de inflação e desemprego? Ou vai continuar com a proteção, pois sabe da importância do planejamento financeiro familiar?
4. O que vem por aí com o Open Insurance?
O Open Insurance tem três fases. A primeira fase começou em dezembro de 2021 e está programada para ir até junho de 2022, é a fase de Open Data. Nesse momento, o jogo está com as seguradoras que precisam compartilhar os dados de canais de atendimento, produtos e serviços que oferecem aos consumidores de forma mais padronizada. É possível nesse momento que apareçam no mercado comparações entre produtos e serviços das seguradoras, mas acredito que vamos ver algo assim somente no segundo semestre de 2022.
Além disso, este ano iniciam-se mais duas fases: a de compartilhamento de dados pessoais (de setembro de 2022 até junho de 2023) e a de compartilhamento de serviços (de dezembro de 2022 até junho de 2023). A primeira, você pode compartilhar seus dados com qualquer seguradora que quiser. Ou seja, com esses dados, você provavelmente terá produtos mais adequados ao seu perfil pessoal e também ao seu histórico de sinistro.
Já na última fase, teremos o compartilhamento de serviços que é basicamente o conceito de portabilidade que já conhecemos em outros mercados. Aqui o poder estará de fato na mão do cliente.
Só que neste meio do caminho, temos a SISS (Sociedade Iniciadora de Serviços de Seguros), a nova figura com função semelhante a do iniciador de pagamentos (ITP) no setor financeiro. Ainda não está claro o papel e a abrangência desta figura no mercado. É um tema que teremos muita discussão entre os participantes do setor do seguros. Vale acompanhar.
5. Crescimento do embedded insurance
Um conceito pouco conhecido no mercado brasileiro é o seguro embutido em canais digitais. É uma evolução do canal de afinidades para o digital affinity que vem se popularizando desde 2019. Com a evolução do consumidor para o digital, veremos ao longo de 2022 mais produtos de seguros e serviços conectados para serem distribuídos de forma complementar ao produto principal, seja de carteiras digitais, fintechs ou outros.
Se olharmos as insurtechs atuando no mercado hoje, basicamente estão focadas em 55% no B2B, 40% no B2C e apenas 5% no B2B2C. Analisando o cenário atual, a 180° Seguros, que recebeu o maior aporte em seed da América Latina, está como a maior especialista no modelo de distribuição B2B2C com conceito de ‘embedded insurance’.
Somente em um ano de operação, temos dez canais de distribuição operando com nove produtos lançados em diversos players diferentes, com produtos buscando diferenciar a forma de distribuir e consumir seguros. Assim como a insurtech, existem muitas oportunidades no mercado, mas que poucos saberão navegar nesse novo modelo de ‘digital affinity’.
*Alex Körner é cofundador e CIO (Chief Insurance Officer) da 180° Seguros, insurtech que atua em um modelo B2B2C com produtos de seguros e suportes.
As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado, e não a do Finsiders.
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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders,
além de artigos de executivos do setor
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