A Capital Lab Ventures, gestora cross border de investimentos de risco que tem sede em Londres, está finalizando as negociações para seu segundo aporte em uma fintech brasileira – a primeira foi a Geru (hoje parte da OpenCo). Segundo Vanessa Viana, sócia da Capital Lab, a fintech – cujo nome ainda não pode ser revelado – é brasileira e oferece infraestrutura para operações de crédito para o varejo, negócio também conhecido como Fintech as a Service (FaaS).
Os recursos virão em formato de club deal de investidores da base da Capital Lab, que está em fase de captação do seu primeiro fundo global que visa atingir um total de US$ 100 milhões até o final do ano. O objetivo do novo fundo é selecionar startups deep tech – que aplicam tecnologias de ponta como Inteligência Artificial, drones, humanóides, robótica, cidades conectadas e Internet das Coisas – e que tenham grande potencial de ganhar escala, para transformá-las em pequenas multinacionais.
Vanessa afirma que a Capital Lab é uma das poucas gestoras de venture capital guiadas por deep tech – que, na sua visão, tem estreita ligação com fintechs. “Na economia digital de dados qualquer meio conectado será também um meio de pagamento, ao qual será possível plugar um gateway para construir até uma plataforma de investimentos, por exemplo. Fintech não é só Nubank, cartão e conta digital”, diz.
Para ela, todas as empresas estão passando a atuar como plataformas, e isso é bastante visível no varejo e em bancos – ela cita, como exemplo, os casos brasileiros da Riachuelo e do Inter. “As empresas que mais estão se valorizando no planeta estão olhando integração do varejo ao mercado financeiro, colocando o cliente no centro, oferecendo todo tipo de solução para resolver a sua vida”, diz.
Inteligência made in Brazil
A gestora acredita que as startups brasileiras têm muito a oferecer para o mundo, em termos de modelos de negócio e soluções criativas. “Como gestores, queremos explorar a inteligência brasileira e levá-la a outros mercados”. Mas também há espaço no Brasil para a entrada de players internacionais.
A Capital Lab escolheu atuar cross border entre Brasil e países da Europa, Reino Unido e Israel, em vez de competir por negócios com os Estados Unidos: “Já tem muita gente olhando e fazendo bem. Além disso, os incentivos do Tesouro britânico para startups são enormes, em todas as fases – os programas começam no Seed Enterprise Investment Scheme, que incentiva os contribuintes a investirem arriscando apenas 25% do capital. É um mercado financeiro muito líquido, o terceiro maior do mundo”.
Incubada pelo Departamento de Relações Internacionais do Reino Unido, a Capital Lab tem parceria com o British Business Bank. “O banco ja co-investiu com a Capital Lab Ventures em startup londrina de edge computing, tecnologia que viabilizará a tecnologia 5G e a digitalização dos estádios de futebol, e tem um programa para aplicar em fundos de VC o mesmo volume que conseguirem levantar. Essa é a meta da Capital Lab”, explica.
Nesta semana, a Capital Lab anunciou a conclusão do aporte na Uello Tecnologia, uma logtech que desenvolveu um modelo de negócios SaaS baseado em um algoritmo proprietário de roteirização e monitoramento para otimizar o uso de frotas privadas no Brasil, oferecendo uma solução inteligente que aumenta a eficiência da entrega da última milha e do frete expresso. A Uello já atende mais de 250 clientes no Brasil incluindo Amazon, Nespresso, MMartan, Enjoei, Canon, Polishop, Dafiti, Arezzo, Etna, Lindt, DPaschoal e Souza Cruz, entre outros. A captação da rodada Series A no valor de R$ 17 milhões vem em um momento importante para Uello, que realiza atualmente mais de 4 mil entregas por dia somente na grande São Paulo.