Educbank, fintech para ensino básico, levanta R$ 200 milhões

O Educbank, que desenvolveu um ecossistema financeiro para escolas de ensino básico, acaba de levantar uma rodada de R$ 200 milhões para expandir sua operação, iniciada há praticamente um ano. A captação foi liderada pela Vasta Educação — rede com 4 mil escolas que faz parte do grupo Cogna — e teve a participação do fundo Marrakech Capital, investidor de rodadas anteriores. O valuation não foi divulgado.

O aporte será destinado para expansão, produto e tecnologia, informa o cofundador e CFO da startup, Caio Noronha, em entrevista ao Finsiders. “Desde que ficamos operacionais, em junho do ano passado, escalamos fortemente, aprendemos a entregar o produto, aprendemos muito com as próprias escolas que se tornaram clientes, e hoje estamos num patamar maduro do ponto de vista de produto, que casou muito bem com esse investimento.”

É a primeira captação institucional feita pelo Educbank, que já havia captado cerca de R$ 20 milhões em três rounds com Marrakech Capital, GV Angels, além de family offices e investidores-anjos — de nomes não revelados.

O negócio

Idealizado pelo advogado Danilo Costa, quando administrava a rede de escolas Vereda Educação que ele próprio fundou aos 27 anos, o Educbank nasceu em 2020 pelo sonho do empreendedor — neto de professores e filho de jornalistas — em ampliar o acesso à educação de qualidade no Brasil.

Ao seu lado, como cofundadores, estão a diretora de operações e pessoas Fabiola Overrath (ex-Ambev) e o CFO Caio Noronha (ex-Santander e ZX Ventures/AB Inbev). Lars Janér também cofundou o Educbank, mas deixou o dia a dia da fintech em abril.

Danilo Costa, fundador do Educbank, com os sócios Fabiola Overrath, diretora de operações; e Caio Noronha, diretor financeiro (Foto: Divulgação/Educbank)
Danilo Costa, fundador do Educbank, com os sócios Fabiola Overrath, diretora de operações; e Caio Noronha, diretor financeiro (Foto: Divulgação/Educbank)

O Educbank construiu uma solução que apoia financeiramente escolas de educação básica (fundamental e médio) garantindo o recebimento integral das mensalidades, mesmo em caso de atraso ou inadimplência das famílias e oferece, ainda, meios de pagamento, além de outros serviços como sistema de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês), sistema de gestão de aprendizagem (LMS, também do inglês), contabilidade, marketing, por meio de parcerias.

“Nós resolvemos o problema do fluxo de caixa das escolas, com gateway de pagamento atrelado a diversas instituições financeiras, e garantindo 100% das mensalidades”, explica Caio, citando que a fintech não compra a carteira de recebíveis. “Somos prestadores de serviço. Não assumimos a cobrança. Ou seja, a escola continua tendo o relacionamento com as famílias.”

O Educbank desenvolveu um algoritmo com tecnologia proprietária, que utiliza machine learning para processar um conjunto de variáveis operacionais, acadêmicas e sociais das escolas. Segundo a fintech, a plataforma é capaz de estabelecer um score a cada uma delas, com o objetivo de estabelecer uma correlação entre o aprendizado dos estudantes, a qualidade operacional da escola e o valor de suas mensalidades.

Quanto mais alto é o potencial acadêmico vis a vis o valor da mensalidade, melhor é o rating da escola e, portanto, maior e melhor será o volume de investimento disponibilizado pelo Educbank para ela. Para fazer parte do ecossistema da fintech, é preciso passar por um processo seletivo, que define e homologa escolas com alto potencial acadêmico e de crescimento.

Hoje, são mais de 100 escolas distribuídas em 14 Estados brasileiros. A fintech não abre projeções sobre crescimento do portfólio de clientes, tampouco o volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) que passa atualmente pela solução, mas Caio diz que a meta é transacionar R$ 1 bilhão nos próximos 12 meses.

Mercado

O Brasil tinha, no ano passado, 178.370 escolas de educação básica, conforme o Censo Escolar, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Desse total, a maior fatia (77,3%) é formada por instituições públicas, entre redes municipais, estaduais e federais. O restante (22,7%) são escolas da rede privada. Em 2021, foram 8,1 milhões de matrículas nas instituições privadas, mas esse número chegou a ultrapassar 9 milhões em 2019.

Esse é o tamanho do potencial que está na mira do Educbank, mas a fintech não está sozinha. Outro player com foco no ensino básico é o Isaac, uma plataforma de serviços financeiros para escolas, que em novembro do ano passado captou US$ 125 milhões em uma rodada liderada pela General Atlantic (GA) e acompanhada pelo Softbank Latin America Fund e pela Kaszek.

Já a novata EducPay, cuja história foi contada em primeira mão pelo Finsiders, tem como proposta ser um ‘one-stop-shop’ de serviços para o mercado de educação privada, com cartão de benefícios, arranjo de pagamentos, oferta de serviços financeiros (crédito e seguros, por exemplo) e marketplace de produtos e serviços.

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