Artigo: Tecnologia, digitalização e novos segmentos em seguros

Digitalização e novas tecnologias ajudam a ampliar competitividade no mercado segurador, escreve Marcelo Blay, VP de Seguros da Creditas

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Por Marcelo Blay*, exclusivo para o Finsiders
A presença da tecnologia no mercado de seguros tem sido um tema amplamente discutido no setor e permeia questões relacionadas a opções mais efetivas e personalizadas na contratação de produtos. A possibilidade dos clientes reduzirem o custo do seguro, junto com a utilização de novas ferramentas é outro ponto que está em discussão.

Tendo em vista que as opções de cobertura, seguradoras e corretoras são inúmeras, a busca pelo aproveitamento de novas tecnologias para otimizar processos e diminuir burocracias é constante.

O crescimento e a evolução das insurtechs, que seguem também como aliadas das seguradoras no desenvolvimento dos negócios, trouxe uma nova gama de facilidades que são oferecidas ao cliente por meio de ferramentas tecnológicas. Tudo isso sem esquecer da importância do atendimento humanizado durante o processo.

As soluções tecnológicas estão presentes nos processos de vendas, desde a contratação e o pós-venda, até a renovação da apólice. Elas também podem auxiliar tanto as seguradoras, nos cálculos de preços e gestão da sinistralidade, quanto as corretoras, com a montagem de uma oferta que seja mais adequada a cada cliente. O uso da telemetria, por exemplo, pode mensurar como e quanto o cliente dirige seu automóvel, afetando a precificação do seguro.

Vemos também a implementação de soluções de big data ou inteligência artificial com o objetivo de calibrar preços, realizar análises de riscos e automatizar processos. Já o desenvolvimento de novos produtos conta com ferramentas de business intelligence (BI) que são grandes aliadas no processo de ampliação de mercado. Todas essas novidades estão sempre amparadas por uma otimização da infraestrutura e pela segurança da informação, fornecidas por soluções de cloud computing que passaram a ser essenciais para o setor.

Outro ponto pertinente ao abordar a tecnologia no mercado de seguros é a utilização de dados. O uso dos dados, desde que feito com a devida autorização do cliente e dentro das normas da LGPD, é um grande aliado na hora de entender as dores dos consumidores bem como enriquecer as bases de estudos estatísticos usadas pelas seguradoras. Assim, é possível oferecer melhores opções de produtos, priorizando a busca da melhor relação custo/benefício para o cliente e utilizando as informações para solidificar a relação entre consumidor e empresa.

Marcelo Blay, VP de seguros da Creditas e CEO da Minuto Seguros (Foto: Divulgação/Creditas)
Marcelo Blay, VP de seguros da Creditas e CEO da Minuto Seguros (Foto: Divulgação/Creditas)

Ainda que a digitalização se torne protagonista na otimização do trabalho, é necessário fazer com que o consumidor se sinta acolhido por um contato humano. O setor de seguros está diretamente envolvido com situações emergenciais e muitas vezes estressantes, devido às condições nas quais os sinistros são registrados.

Na união da tecnologia de ponta com o atendimento humanizado, o cliente pode ter acesso ao melhor dos dois mundos: agilidade e autonomia na contratação; e compreensão e empatia no momento do sinistro. Contratar um seguro é obter proteção para um bem que, muitas vezes, foi adquirido com alto esforço pessoal e monetário. Com isso, é latente a necessidade de entender a situação do segurado e prestar auxílio da melhor forma possível, etapa em que ter um outro ser humano realizando o atendimento faz toda a diferença.

Em paralelo, estão surgindo cada vez mais opções para as quais as seguradoras precisam desenvolver um novo tipo de proteção, fato que a tecnologia pode não só ajudar a solucionar e elaborar coberturas inovadoras, como também ser a razão do surgimento desses produtos. Aqui podemos mencionar a popularização de carros elétricos e casas inteligentes, que ainda são realidades muito recentes no Brasil e ao mesmo tempo apresentam grande potencial de crescimento. É necessário enxergar as adaptações nas opções de cobertura, além da diferença no perfil do consumidor e, consequentemente, no comportamento da sinistralidade.

No seguro residencial para casas inteligentes, por exemplo, podemos ressaltar a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), a conexão entre diferentes dispositivos eletrônicos, que é feita por wi-fi e controla algumas operações da residência. Ela configura um tipo diferente de residência, que pode combinar coberturas mais tradicionais com fatores de redução de risco através de dispositivos eletrônicos que alertam para caso de vazamentos, incêndio etc. São situações que imaginávamos em um futuro muito distante, mas que já estão sendo disponibilizadas e necessitam de um acompanhamento.

As ferramentas mudam a forma como o mercado se comporta e se molda para o futuro, mas é importante destacar que a tecnologia nos seguros não está somente nelas, e sim em novas formas de se oferecer e contratar seguros mais tradicionais, como é o caso do seguro saúde. As healthtechs, como são conhecidas as startups que oferecem uma abordagem mais moderna e dinâmica na contratação do seguro saúde, oferecem dispositivos “vestíveis” — ou wearables, em inglês — que ajudam na prevenção de possíveis enfermidades, por meio de acompanhamentos frequentes e contribuindo para evitar acontecimentos mais graves.

Vemos aqui o reflexo de um mercado de seguros mais sustentável: prevenindo o sinistro ao invés da ação de reparação posterior ao acontecimento. Ainda para o seguro saúde, é possível pensar em um futuro em que os planos sejam construídos de acordo com condições de saúde e histórico familiar do usuário. Com isso, o oferecimento de coberturas ficaria ainda mais específico, aproveitando melhor as oportunidades e, eventualmente, reduzindo custos. Para tanto é necessária a adequação da legislação que regula o setor.

Portanto, é possível notar que a tecnologia e a digitalização dos processos, partindo tanto das seguradoras quanto das corretoras e insurtechs, visa uma maior competitividade e consequentemente penetração de mercado em diferentes tipos de seguros. Com soluções otimizadas, modernização das leis e uma cultura maior na prevenção de sinistros — que está relacionada ao comportamento do consumidor — será possível uma evolução da penetração da indústria de seguros no país, que ainda está abaixo de outros países no mesmo estágio de desenvolvimento.

*Marcelo Blay é VP de seguros da Creditas e CEO e fundador da Minuto Seguros.

As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado, e não a do Finsiders.

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