A Fintech Magalu, vertical de serviços financeiros do Magazine Luiza, acaba de concluir todos os testes e homologações necessários e foi aprovada pelo Banco Central (BC) a oferecer a iniciação de transação de pagamentos via Pix no âmbito do Open Finance. A Hub Pagamentos, instituição de pagamentos (IP) do grupo responsável pelo serviço, também já tem autorização como ITP para atuar no arranjo Pix.
Em entrevista exclusiva ao Finsiders, os diretores da Fintech Magalu, Robson Dantas e Fabio Murakami, revelam que a iniciação de pagamentos está sendo lançada no Kabum!, e-commerce de tecnologia e games adquirido no ano passado pelo Magalu. “Vamos fazer um piloto agora com uma base restrita do Kabum!, e depois a ideia é disponibilizar para toda a base”, conta Fabio Murakami, diretor de produtos PF e BaaS da Fintech Magalu. Hoje, o Kabum! soma cerca de 2 milhões de clientes ativos.
“Como é um processo novo, as pessoas precisam entender como é fazer uma compra no e-commerce usando a iniciação de pagamentos. Então, a ideia é fazer um teste A/B de conversão. É um processo de poucos dias”, explica Fabio.
Segundo o executivo, o serviço de iniciação de pagamentos será exibido na mesma tela do Pix, no check-out. Isso porque o sistema de pagamentos instantâneos já é o segundo método mais utilizado pelos usuários do Kabum!, perdendo apenas para o cartão de crédito.
Na experiência de compra com o iniciador via Pix, vale lembrar, o cliente realiza toda a jornada de pagamento no ambiente do e-commerce, sem precisar abrir o site ou aplicativo do banco ou fintech onde tem conta. O ITP elimina ações necessárias em outros métodos de pagamento, como o famoso código de barras do boleto ou ainda o “copia e cola” do Pix.
Como o próprio nome diz, o iniciador dá a ordem para iniciar a transação de pagamento, a pedido do usuário e com seu prévio consentimento. Neste primeiro momento, o serviço opera por meio do Pix, mas o cronograma de implementação do Open Finance prevê outros métodos de pagamento, como TED e DOC, assim como em breve também será possível solicitar a autorização recorrente do pagamento por meio do ITP.
BaaS
Na Fintech Magalu, a iniciação de pagamentos em breve também estará disponível na MagaluPay, o meio de pagamento do ecossistema Magalu que atingiu 5,7 milhões de contas em junho deste ano. “Dentro do próprio MagaluPay, vamos habilitar a iniciação de pagamentos para cash-in e cash-out”, conta Fabio. “O desafio para os próximos meses é habilitar essa função da wallet dentro do check-out”, complementa ele.
Com a conta digital e sua evolução como meio de pagamento padrão do ecossistema, o que o Magalu está tentando fazer é semelhante ao movimento realizado pelo Mercado Livre, com o Mercado Pago — que hoje já é responsável por 46% da receita líquida do grupo como um todo.
A funcionalidade de iniciação de pagamentos também será liberada em breve às demais empresas do ecossistema Magalu, dona de mais de dez companhias, entre elas, a plataforma de delivery Aiqfome e o e-commerce de artigos esportivos Netshoes. “Vamos colocar [o serviço de iniciação de pagamentos] em todas as empresas do grupo. E do lado do mercado, estamos prospectando na base de 54 clientes da Hub Fintech e também no mercado de maneira geral”, afirma Robson Dantas, diretor responsável pela Fintech Magalu.
“É para qualquer empresa que queira ofertar iniciação de pagamentos. Para varejistas que buscam melhorar a conversão, ou carteiras digitais que têm vontade de melhorar o processo de entrada de dinheiro [cash-in].”
Conforme explica Fabio, a iniciação de pagamentos não será vendida apenas como um ‘ITP as a service’, mas com uma abordagem complementar às soluções de infraestrutura bancária já oferecidas hoje pela Fintech Magalu, por meio da plataforma de banking as a service (BaaS) da Hub Fintech. “Por exemplo, o e-commerce que quer receber busca a iniciação de pagamentos, mas também um gateway, uma solução de Pix, antifraude.”
O Magalu coloca para rodar seu iniciador de pagamentos quatro meses depois de ter anunciado oficialmente a unificação de seus negócios em serviços financeiros sob a marca Fintech Magalu, integrando três negócios comprados pela varejista nos últimos dois anos: Bit55, plataforma de processamento de cartões em nuvem criada pelo banco mineiro BS2; Hub Fintech, instituição de pagamentos que opera com BaaS; e Stoq, startup de São Carlos (SP) que desenvolveu um SmartPOS.
Entre os serviços oferecidos pela Fintech Magalu estão: conta digital, subadquirência, cartão de crédito, empréstimos para pessoas físicas e empresas, além da solução de BaaS.
No segundo trimestre, último dado público disponível, a fintech atingiu R$ 22 bilhões em volume total de transações processadas (TPV, na sigla em inglês), alta de 66,6% ano contra ano. Um dos destaques é o cartão de crédito, que soma aproximadamente R$ 20 bilhões em carteira de crédito e mais de 7 milhões de plásticos emitidos.
Contexto
Com a aprovação para o seu ITP, a Fintech Magalu se junta a um grupo de 11 instituições aptas a operar o serviço no âmbito do Open Finance. São empresas que já passaram por todos os testes e homologações necessários e foram aprovadas pelo regulador tanto no arranjo Pix quanto no Open Finance em si. Com o fim da greve dos servidores do Banco Central (BC), a relação de players autorizados vem crescendo dia após dia.
Hoje, a lista reúne grandes bancos como Banco do Brasil, BTG Pactual e Itaú Unibanco, bancos digitais como Inter e Mercado Pago, além de fintechs como Celcoin, Gerencianet, Quanto e Parati — essa última uma financeira comprada no fim de 2020 pela Ame, a fintech da Americanas. Ontem (13), o Sicoob também entrou para o grupo, tornando-se a primeira instituição cooperativa a operar o serviço como ITP.
Com o perdão do trocadilho, a iniciação de pagamentos ainda está no início de sua jornada no Brasil. Mas as primeiras movimentações começam a ocorrer. O Mercado Pago, por exemplo, já disponibiliza a funcionalidade para 100% da base de 10 milhões de vendedores e liberou também o cash-in para todos os usuários do app, conforme revelou o Finsiders.
Outros players como Celcoin — que também já está operando como ITP — e Transfeera lançaram em agosto APIs para iniciação de pagamentos, e nós também contamos essas histórias aqui no portal.
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