Quando conversou com o Finsiders, em setembro, o cofundador e CEO da Flourish FI, Pedro Moura, revelou que a fintech estaria prestes a fechar uma nova captação de investimentos, cerca de um ano e seis meses depois do anúncio da primeira rodada. Agora, a empresa anuncia oficialmente que levantou US$ 2,3 milhões (R$ 12 milhões) em um round que combinou fundos de Venture Capital que tradicionalmente investem em fintechs e negócios B2B com outros voltados a soluções de impacto.
O novo cheque foi liderado pelo Magma Partners — que já estava no captable — e acompanhado por investidores como Remarkable Ventures, Lightspeed Venture Partners (Scout Fund), Canary, Kadmotek Ventures, I Am the Fund, Potencia Ventures, Seedstars, Amplifica Capital e Cap Table Coalition. Participaram, ainda, anjos como Samir Goel (cofundador do unicórnio norte-americano Esusu) e um presidente da Mastercard em uma de suas divisões pelo mundo (o nome do executivo não foi revelado).
É o segundo aporte recebido pela fintech, que captou um primeiro investimento de US$ 1,5 milhão em março do ano passado em rodada liderada pelo Canary e acompanhada por Xochi Ventures, First Check Ventures, GV Angels e Magma Partners. Participaram, ainda, investidores-anjo como Brian Requarth (fundador da VivaReal e agora do Latitud), Rodrigo Xavier (ex-presidente do Bank of America e UBS Pactual) e Beth Stelluto (ex-VP da Charles Schwab),
“Agora conversamos com um número grande de pessoas. Comparado com o cenário atual de mercado, [a rodada] é um baita sucesso porque trouxemos bons investidores, com diversidade, e o capital que precisamos para executar enquanto muitas empresas estão fechando as portas”, diz Pedro, em entrevista exclusiva ao Finsiders. “O dinheiro já caiu na conta e estamos investindo com cuidado e cautela”, complementa o fundador.
Com o recurso, a Flourish pretende acelerar o crescimento, mas “sem colocar querosene na fogueira”, brinca ele. A ideia é ampliar a equipe de tecnologia, recrutando especialmente profissionais de ciência de dados e engenharia de software. O cheque também será usado para a fintech começar a investir em marketing e vendas. “Vamos crescer com uma fundação forte, trabalhando mais os ‘unit economics’, e não crescer só por crescer.”
Evolução
Fundada em 2018 na Califórnia por Pedro e pela norte-americana Jessica Eting, a Flourish começou com um aplicativo para ajudar jovens norte-americanos com educação financeira, o Flourish Savings App. Dois anos depois, o negócio pivotou para uma plataforma modular de inteligência, lealdade e engajamento para instituições financeiras, no modelo SaaS e low-code. O objetivo continua sendo empoderar as pessoas a terem melhores hábitos financeiros.
A fintech oferece uma solução que une gamificação, ciência comportamental e dados do Open Finance para incentivar hábitos financeiros positivos entre os clientes de instituições financeiras — principalmente bancos de médio porte e fintechs. Desde a pivotagem, a Flourish já desenvolveu projetos para mais de 10 instituições e hoje tem clientes no Brasil, na Bolívia e nos Estados Unidos. “Estamos para anunciar o primeiro [cliente] no México”, conta Pedro.
Na lista de empresas que já utilizaram as soluções da fintech estão as brasileiras Qista (antiga Focus Financeira) e HerMoney; o Banco Económico e também o Banco Sol, na Bolívia; Banco Solidario, no Equador; e os norte-americanos Tricolor e Commonwealth. A Flourish também chegou a trabalhar em iniciativas com players brasileiros como Banco Carrefour e Sicoob. “Queremos chegar a algo como 25 a 30 instituições nos próximos 12 a 24 meses”, projeta o fundador.
Segundo ele, a plataforma da Flourish é consumida atualmente por cerca de 100 mil usuários finais, e a expectativa é chegar a 1 milhão, também nesse intervalo de tempo. O empreendedor não divulga a receita atual, mas diz que nos próximos 18 meses o plano é passar das centenas de milhares de dólares para milhões de dólares em receita recorrente. “Agora começamos a apertar os parafusos.”
Além de aumentar a base de clientes e ampliar os negócios entre os atuais (share of wallet), a Flourish pretende levar sua tecnologia para instituições financeiras que têm como clientes microempreendedores individuais (MEIs) e pequenos negócios. A parceria com a Mastercard ajudará nesse sentido. Em julho, a fintech foi uma das oito vencedoras de “grants” do Strive Community Innovation Fund, um fundo de inovação da bandeira que disponibilizará até US$ 1 milhão entre as startups escolhidas para o desenvolvimento de soluções digitais que permitam o crescimento de pequenos negócios.
Neste ano, a fintech também foi selecionada para participar de dois programas de aceleração — o Next, realizado pela Fenasbac, e o boostLAB, do BTG Pactual.
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