Cearense Credit2B entra na briga dos recebíveis de cartões

Recém-lançada, a fintech cearense Credit2B está negociando uma primeira captação de investimentos com dois fundos

A regulamentação do registro de recebíveis de cartões, em vigor desde junho do ano passado, vem pavimentando o caminho para o surgimento de novas fintechs que querem ajudar a destravar o crédito para pequenos e médios varejistas. Uma delas é a recém-criada Credit2B, dos mesmos fundadores da cearense Fix Pay — os irmãos Bruno, Eliseu e Guilherme Becco.

A fintech, que acaba de entrar em operação, montou uma plataforma que conecta lojistas e fornecedores, permitindo que os varejistas utilizem o saldo de suas maquininhas para compra de matéria-prima com os fornecedores. Na prática, os recebíveis de cartões podem servir como forma de pagamento. Já para as indústrias, a solução é uma opção para aumentar as vendas, com garantia de recebimento. “Damos liquidez para os fornecedores”, diz Bruno Becco, cofundador da Credit2B, em entrevista ao Finsiders.

Ele explica que os lojistas não pagam para utilizar o marketplace. Quem paga a “conta” são os fornecedores, que têm uma taxa fixa de 2% sobre o valor da transação, independentemente do prazo ou do valor da operação. “Em compensação, garantimos para o fornecedor o recebimento, inclusive se houver ‘chargeback’”, destaca o empreendedor. “No começo do ano, também vamos permitir que os fornecedores negociem os recebíveis com outros fornecedores.”

Da esq. para a dir., Eliseu e Guilherme Becco, cofundadores; Armando Couto, CTO; e Bruno Becco, cofundador. Foto: Divulgação/Credit2b
Da esq. para a dir., Eliseu e Guilherme Becco, cofundadores; Armando Couto, CTO; e Bruno Becco, cofundador. Foto: Divulgação/Credit2B

A fintech está rodando neste momento as primeiras operações com empresas dos setores têxtil, calçadista, construção, distribuidores de pneus, entre outros. “Temos no pipeline clientes que faturam acima de R$ 500 milhões/ano”, afirma Bruno. Até o fim do ano, a Credit2B espera ter de 12 a 15 fornecedores conectados à plataforma. O fundador ressalta que a venda não é tão rápida por serem grandes companhias. “Mas estamos com uma expectativa legal.”

O negócio foi construído com recursos próprios e agora a fintech está negociando uma primeira captação de investimentos com dois fundos. Os detalhes não podem ser divulgados por causa do acordo de confidencialidade (NDA), mas os fundadores contam que as negociações estão avançando. “Não é só money, tem ‘smart’”, afirma Bruno.

Mercado

O negócio criado pela Credit2B não é exatamente novo. Fintechs como Marvin, Tino (antiga TruePay) e PayHop têm soluções para conectar indústrias (fornecedores) e varejistas (compradores), usando os recebíveis de cartão. Todas, inclusive, fizeram rodadas de captação do ano passado para cá, trazendo investidores de peso para o captable.

Oportunidade não falta. O mercado de cartões movimentou R$ 2,42 trilhões de janeiro a setembro deste ano — as transações com cartões de crédito somaram R$ 527,6 bilhões no período, conforme dados da Abecs.

A nova norma dos recebíveis de cartões entrou em vigor em junho do ano passado, eliminando a chamada “trava bancária”. Os principais objetivos da nova regulação são fomentar a concorrência na negociação de recebíveis e ampliar a oferta de crédito com custo menor para pequenos e médios lojistas. O Banco Central (BC), inclusive, está trabalhando em mudanças nas normas do segmento, conforme revelou o Finsiders no mês passado.

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