Por Cássio Krupinsk*
Em processo de amadurecimento acelerado, a tokenização saiu da esfera virtual e vem transformando operações com elementos reais. Os tokens, que representam ativos, são formas claras de registrar informações desde sua produção ou criação até o consumo — tudo de maneira segura. A tokenização de ativos consiste em transações instantâneas que podem otimizar e expandir o mercado existente de bens e serviços.
Ao possibilitar a transformação de qualquer ativo físico em digital, o mercado financeiro caminha para a direção da democratização de investimentos que, até pouco tempo atrás, era inacessível. É o caso do acesso à participação em uma empresa, em um título de dívida, no direito sobre atletas, em projetos imobiliários, em obras de arte, em recebíveis e muito mais.
Outros exemplos de tokenização de ativos reais são imóveis, empreendimentos da economia real, metais preciosos etc. Já entre os ativos intangíveis que podem ser tokenizados, podemos citar NFTs, ações de empresas, moedas digitais dos bancos centrais (CBDCs), patentes, propriedades intelectuais, royalties, etc.
No Brasil, existem cases de times de futebol que estão aproveitando o engajamento de sua torcida para vender tokens que garantem participação na rentabilidade futura dos jogadores formados no clube, ou mesmo comercializando seus fan tokens. Assim, geram uma nova fonte de receita.
Outro exemplo é a casa da moeda britânica, The Royal Mint, que desenvolveu um blockchain privado e tokenizou o ouro físico armazenado pela entidade de forma inovadora, viabilizando negociações em tempo real de modo seguro e transparente e a custos mais baixos.
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Recentemente, a tokenização de ativos do setor imobiliário vem se popularizando e evidenciando os benefícios do sistema, como a diminuição da burocracia, o aumento da liquidez e maior segurança e facilidade em dividir o imóvel, se necessário.
A redução dos custos acontece, pois muitos processos são automatizados e a manutenção é feita de modo transparente. Segundo uma pesquisa do HSBC, é gerada uma economia de 90% na emissão de títulos e a redução do custo de captação de recursos chega a 40% em comparação às alternativas privadas.
O modelo ainda garante maior transparência e conformidade com órgãos regulatórios. Por sua própria natureza, o blockchain é aberto e imutável, o que garante a visibilidade das movimentações e do histórico por todos, diminuindo os riscos em todas as fases do processo.
Estamos apenas no início dessa trajetória que esbanja potencial. A tokenização de ativos digitais foi capaz de transcender a natureza ilíquida e segregada de alguns mercados tradicionais como o de commodities. A iniciativa possibilita que essas operações se tornem mais acessíveis e sejam compartilhadas em toda a cadeia de valor, sem criar riscos financeiros sistêmicos.
No mesmo sentido, as possibilidades dentro do universo corporativo são revolucionárias, trazendo novas maneiras de fazer negócios, impulsionar campanhas e promover ações com o consumidor de forma inovadora.
*Cássio Krupinsk é CEO da BlockBR, fintech especializada em tokenização e investimentos em ativos digitais.
As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo autor do texto.
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