Pluggy e Sinqia apostam em portabilidade de previdência com Open Finance

Atualmente três entidades de previdência estão utilizando a solução e a expectativa é fazer o lançamento oficial em março

Quem resolveu fazer a portabilidade de um plano de previdência sabe quão burocrático e lento é esse processo. Com o avanço do Open Finance, já começam a surgir iniciativas para reduzir a fricção e o tempo nesse tipo de experiência. Depois de seis meses de validação do produto, a fintech Pluggy está começando a rodar os pilotos de uma solução de portabilidade de previdência, com foco em entidades fechadas de previdência complementar.

Desenvolvida a “quatro mãos” entre a fintech e a empresa de tecnologia Sinqia, a ferramenta permite, por exemplo, o preenchimento automático do termo de portabilidade de previdência. Para isso, basta que o usuário conecte sua conta e dê consentimento para a coleta das informações.

“Na prática, automatizamos processos manuais e facilitamos a vida do usuário que quer portar o plano de previdência aberta para um plano fechado”, afirma o cofundador da Pluggy, Bruno Loiola, que já sofreu na pele com o processo burocrático de portabilidade.

Foi essa experiência pessoal e a vontade de enxergar aplicações práticas com o Open Finance que motivaram o empreendedor a apresentar uma solução, em julho do ano passado, em um desafio realizado pelo Torq — núcleo de inovação aberta da Sinqia —, no qual a Pluggy foi vencedora, superando as fintechs Akropoli e Finansystech. De lá pra cá, o produto vem sendo validado e agora se iniciam os pilotos com os primeiros fundos de pensão.

Conforme explica Bruno Salles, head de produtos da Sinqia, atualmente três entidades estão utilizando a solução e a expectativa é fazer o lançamento oficial em março, revela ele. “Estamos falando de abrir para cerca de 85 entidades, de um total de 165 clientes que temos na carteira de previdência”, diz o executivo. “Das seis plataformas que nós temos, o objetivo é comercializar essa solução em duas delas.”

Para os fundos de pensão, a ferramenta de portabilidade é uma forma de atrair mais recursos para o patrimônio dos planos e também reter mais participantes. “Estamos pegando o VGBL dos grandes bancos e trazendo para as fundações”, destaca Bruno, da Sinqia. Já para os usuários, as vantagens são autonomia e facilidade em um processo que hoje é cheio de fricção.

“Facilitar essa transferência de recursos para um plano que tem uma taxa menor e uma maior rentabilidade dá mais dinâmica e aumenta competitividade nesse mercado que já é competitivo”, avalia Bruno, da Pluggy. Com a evolução do Open Finance, a concorrência tende a crescer também no mercado de previdência. “As barreiras estão cada vez menores, e existe uma tendência de que a previdência aberta se comunique com a fechada”, complementa Bruno, da Sinqia.

Mercado

O interesse das fintechs pelo mercado de previdência tem explicação. Os fundos de pensão somam R$ 1,17 trilhão em ativos e mais de 2,6 milhões de participantes, de acordo com os dados mais recentes da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), referentes a outubro de 2022.

Na indústria aberta, são R$ 1,2 trilhão em ativos e mais de 10 milhões de participantes, com dados até novembro, divulgados pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). A maior fatia do bolo está nas mãos de grandes instituições, como Brasilprev e Bradesco.

Apesar dos grandes números, a previdência está longe de ser um produto popular entre os brasileiros, e este é um dos motivos para o avanço de outras fintechs como Onze e Saks. A primeira atua com previdência para colaboradores de empresas e a segunda se define como uma ‘savetech’ e lançou um recurso de portabilidade via aplicativo em 2021, conforme o Finsiders noticiou em primeira mão na época.

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