Em fase inicial (com o perdão do trocadilho) no Brasil, a iniciação de pagamentos tende a ganhar força neste ano e deve contribuir — e muito — para a popularidade do Open Finance. Um novo caso de uso, criado pela plataforma Iniciador em parceria com a fintech U4C, promete tangibilizar ainda mais como funciona esse recurso, que torna mais simples e rápida uma transação de pagamento via Pix, eliminando o famoso ‘copia e cola’.
Em novidade divulgada com exclusividade ao Finsiders, as empresas informam que criaram o primeiro fluxo de iniciação de pagamento voltado para doações a ONGs. Na prática, a ferramenta permite realizar contribuições a uma entidade em um processo que não leva mais do que 40 segundos. Basta preencher o CPF, escolher o valor da doação e autorizar a transação, assim que houver o redirecionamento automático para o aplicativo do banco.
“Meu pai é envolvido em trabalho com ONGs, a ideia desse projeto veio dele. O objetivo é fazer algo benéfico para a sociedade e, assim, também disseminar a iniciação de pagamentos”, explica Marcelo Martins, CEO da Iniciador e também diretor da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). “Para muitos usuários, a iniciação de pagamentos vai ser a primeira experiência no Open Finance”, complementa o empreendedor.
Neste momento, o mecanismo possibilita fazer doações de qualquer quantia para três ONGs paulistas: Creche da Esperança, que oferece educação infantil gratuita para crianças carentes; Missão Cena, que realiza um trabalho de resgate e reintegração de pessoas viciadas em drogas e em situação de rua na região da Cracolândia; e Casa do Aconchego, que acolhe crianças carentes com patologias graves e seus acompanhantes, em atendimento hospitalar em São Paulo.
Segundo Marcelo, a expectativa até o fim do semestre é ampliar para 10 o número de ONGs que podem ser apoiadas, considerando entidades atuantes em diferentes causas e regiões do país. Até agora, a iniciativa resultou em cerca de R$ 12 mil em mais de 1 mil doações, praticamente sem divulgação.
Marcelo explica que no processo de iniciação de pagamentos, a instituição apta a operar esse serviço — nesse caso, a própria Iniciador — está autorizada a dar o “comando” para, como o próprio nome diz, iniciar a transação. Conforme a regulação do Banco Central (BC), o iniciador de transação de pagamentos (ITP) não participa da movimentação dos recursos.
Contexto
Nos últimos meses, vem crescendo a lista de ITPs aptas a operar, assim como surgem novos casos de uso para a modalidade de iniciação de pagamento. O PicPay foi a última instituição a concluir os testes e homologações necessários, conforme a atualização mais recente da Estrutura de Governança do Open Finance.
Ao todo, 17 players já fazem parte desse grupo, entre eles, bancões como Bradesco, BTG Pactual, Banco do Brasil e Itaú, além de nomes como Mercado Pago, Inter, Celcoin, Efí (antiga Gerencianet), entre outros.
A Iniciador aposta na expansão desse mercado. Fundada em dezembro de 2021, a fintech oferece uma plataforma SaaS, plug-and-play, para empresas que planejam se tornar iniciadoras de pagamento.
A empresa disponibiliza software, APIs, interface white-label, em uma tecnologia certificada pelo OpenID — fundação responsável pelo modelo e padrão de segurança do Open Finance. “Também atendemos instituições autorizadas que já tem a licença de ITP”, diz Marcelo. Hoje, o Iniciador tem oito clientes, entre eles, as fintechs Trio e U4C.
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