Fundada em 2019, a FIDD opera como uma fintech com foco na administração, controladoria, custódia e distribuição de fundos de investimento. O objetivo é trazer mais transparência e aplicar inovação efetiva para permitir o crescimento seguro e acelerado do mercado de capitais, desburocratizando as atividades e automatizando processos operacionais.
“Atuamos em um mercado ainda bastante concentrado nas mãos dos grandes bancos nacionais, que têm grandes gestoras dentro de casa como a BRAM [Bradesco Asset Management], Itaú Asset e a BB Asset Management. A FIDD surgiu no contexto do aumento dos provedores de serviços independentes, que não estão ligados a essas instituições financeiras”, explica Pedro Salmeron, CEO e sócio fundador da startup, em entrevista ao portal parceiro Startups.
A empresa baseia-se em duas principais análises sobre o mercado. Primeiro, que o setor de administração fiduciária, controladoria e custódia ainda é pouco tecnológico comparado a outros segmentos financeiros como oferta de crédito e cartões. “O nosso mundo ainda não passou por isso. É muito baseado em coisas antigas e pensamos em fazer um negócio com uma pegada mais tecnológica”, diz o executivo.
Além disso, segundo Pedro, existe uma falha de atendimento qualificado na indústria. “No geral, o trabalho é bastante medíocre, inclusive na qualidade do profissional e nas conversas com o stakeholder. Sempre nos preocupamos com priorizar os times que fazem a interlocução com o mercado”, pontua.
Unindo esses pontos, a companhia vem crescendo de forma consistente desde a sua criação. Em 2022, o negócio atingiu a marca de R$ 5 bilhões de ativos sob administração (AuA), mais do que o triplo registrado no ano anterior (R$ 1,5 bilhão). Os ativos sob administração aumentaram 140% e o número de novos fundos, 40%. O negócio atingiu o breakeven no primeiro trimestre deste ano.
Próximos passos
Hoje, a FIDD atende quase 80 veículos de investimentos, incluindo FIPs (Fundos de Investimento em Participações), FIDCs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios) e fundos de investimento 555, regidos pela Instrução Normativa 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em 2023, espera-se bater a marca de 130 fundos e dobrar o volume de ativos administrados.
“Quando olhamos a indústria como um todo, ainda somos muito pequenos e há bastante espaço para crescer. Temos experimentado uma evolução relevante com uma filosofia diferente dos concorrentes”, diz Pedro. Ele explica que a startup não tem uma perspectiva de crescimento explosivo e não quer fazer nada além do que já fazemos, apenas completar o negócio central. “Não vamos entrar na parte de decisão dos investimentos ou concorrer com as corretoras, por exemplo”, diz o fundador.
Os veículos de investimento atendidos pela fintech são, em grande maioria, de caráter alternativo. “Não são fundos que aplicam na Selic ou compram ação na bolsa. Eles compram créditos não performados originados em operações judiciárias, ou recebíveis de redes de varejo, entre outros. Tem muita coisa diferente e que está fora da indústria tradicional”, analisa Pedro.
A abordagem traz também grandes desafios, já que cada cliente tem uma característica muito particular. Com isso, a FIDD não consegue montar um modelo e replicar a operação em outros fundos; é preciso analisar cada um e valorizar os aspectos únicos que eles trazem. Ainda assim, a companhia conseguiu sistematizar alguns processos e introduzir trilhas tecnológicas internas para otimizar o negócio.
A companhia vem se desenvolvendo com capital próprio, com exceção de algumas parcerias que não envolveram participação acionária na empresa. Pedro ressalta que até o início do ano passado era relativamente fácil fazer grandes captações com um negócio ainda incipiente. “Mas naquela época eles queriam empresas com planos super agressivos, queima de caixa e crescimento exponencial” – que não é o caso da FIDD.
Mas o jogo mudou. Agora, os investidores buscam justamente empresas de crescimento sustentável que conseguem se manter por conta própria. De acordo com Pedro, a FIDD tem “muitas conversas” engatadas com investidores para potenciais captações, embora ele não cite um prazo para concluir a rodada.
A empresa possui autorização do Banco Central e da CVM para atuar com Administração Fiduciária, Custódia e Controladoria de Fundos no Brasil, e é associada e aderente aos códigos de autorregulação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups.
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