Denise Ramiro
A Focus Financeira, que quer ser conhecida como uma fintech de CaaS (Credit as a Service) para indústria, varejo e serviços, está finalizando três produtos para lançar no mercado até janeiro. Em outubro, disponibiliza o empréstimo com garantia do FGTS, na sequência chegam dois tipos de consignados, um para funcionários públicos federais, ainda este ano, e o outro voltado para aposentados e pensionistas, que estará ativo em janeiro próximo. Entra, portanto, em dois nichos com grande potencial de mercado. No caso do FGTS, o saldo ativo disponível para saques antecipados soma R$ 413 bilhões, em relação ao empréstimo consignado, o montante chega a R$ 484 bilhões.
A fintech que está colocando no mercado produtos de crédito — recentemente também anunciou o lançamento de um empréstimo pessoal com garantia do celular –, passou a operar em novembro do ano passado com foco no B2B, oferecendo, através de APIs, tecnologias que conectam qualquer empresa ao mercado financeiro, com a possibilidade de ofertar crédito ao modelo de negócio.
Nesse modelo de parcerias, fechou, ainda, um contrato com a Bom Pra Crédito para fornecer CDC (Crédito Direto ao Consumidor) aos clientes da fintech que opera com crédito popular. Assim como pretende estender a oferta de crédito consignado além do âmbito de federal, para prefeituras e governos.
A estratégia da Focus até agora produziu como resultado uma carteira de 50 milhões, com a expectativa de dobrar esse valor até o final de 2021. “Devemos chegar perto de zerar nosso prejuízo contábil até o final do ano, com a inclusão dos novos produtos de crédito no portfolio. Para 2022, projetamos atingir um lucro de 10 milhões”, diz Leonardo Grapeia, diretor executive da Focus, com passagens pelos bancos Pan, BV, Bradesco.
A Focus tem uma trajetória diferente de muitas fintechs que estrearam como uma Sociedade de Crédito Direto, que impede a concessão de crédito com recursos de terceiros. Ela chegou ao mercado com o aporte de capital de R$ 30 milhões dos donos do negócio, os sócios da Focus Energia. A Focus está licenciada pelo Banco Central a operar como instituição financeira, o que lhe dá o direito de captar via CDB para fazer o seu funding, o que faz através das parcerias com plataformas de investimentos, como EasyInvest, XP, Necton e Modal.
Pagamento recompensado
Outra vertente do negócio da Focus vem da parceria que ela fez com a Flourish, empresa do Vale do Silício, que vai gerar um aplicativo para os clientes voltado para a gamificação e a educação financeira. “A ideia é que a Flourish realize, através do uso da inteligência artificial, o engajamento dos usuários da nossa plataforma e os incentive a pagar seus compromissos em dia”, explica Grapeia. É a estratégia de premiar bons pagadores, por exemplo, com corridas de Uber, fretes gratuitos para pedidos de comida por aplicativos, números da sorte para concorrer a sorteios atrelados a resultados da Loteria Federal, entre outros.
Segundo Grapeia, dos cinco mil usuários que foram atraídos ao aplicativo da Fourish, alocado na plataforma da Focus, 15% já estão ativos. O cash back também está na mira da Focus e deve chegar no próximo ano. “Com isso, vamos construindo um core de crédito para esses clientes, ampliando as opções de produtos financeiros para eles”, conclui Grapeia.
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