Embora um processo irreversível e necessário, a implantacão do Open Banking no Brasil não vai resolver o problema da exclusão financeira no país. “O compartilhamento de dados vai sim ajudar os brasileiros a obterem melhores ofertas de produtos e serviços – mas e quem ainda é desbancarizado, ou mesmo sub bancarizado? Para essa massa de cerca de 35 milhões de pessoas, nada muda”, diz Carolina Rezemini, diretora regional de vendas para a América Latina da fintech de Inteligência Artificial Credolab, de Singapura.
Segundo Carolina, apesar de positivo, o Open Banking não é uma ‘fada madrinha’ que abrirá todas as portas a todos, como pode parecer à primeira vista. “Embora muito se fale sobre a ampliação das possibilidades de crédito e melhores condições para os tomadores com o open banking, ele não vai resolver concessões de empréstimo para boa parte da população brasileira”, diz.
A diretora explica que a solução da Credolab usa dados comportamentais, “obtidos de forma anonimizada e consentida”, de smartphones e internet. “Trazemos uma abordagem moderna para chegar ao ‘sim’ na concessão de crédito”, afirma. “Isso é vital num contexto em que novas maneiras de trabalho informal, pequenos negócios e profissionais liberais precisam levantar recursos para construir novos caminhos, sem terem muitas vezes histórico ou comprovante formal de fluxo de renda. O que oferecemos é uma forma segura para que bancos, fintechs e outras instituições financeiras consigam aumentar a concessão de crédito e a oferta de outros produtos financeiros”, explica.
Carolina lista três razões pelas quais o Open Banking pode ser excludente:
1. A abertura favorece quem já tem histórico no sistema.
As trocas de informações se baseiam em dados financeiros dos consumidores. Quem de alguma forma não tem esse tipo de lastro continuará alijado das melhores oportunidades.
2. O consumidor brasileiro ainda tem receio de compartilhar dados.
Mesmo com o advento da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), o brasileiro olha desconfiado quando o assunto é abrir informações. Esse temor está relacionado à quantidade de fraudes e golpes digitais verificados no país. Para atingir seus objetivos, o open banking pressupõe a adesão das pessoas ao sistema de compartilhamento de dados, e isso pode não acontecer em larga escala em um primeiro momento. Vale lembrar que qualquer sistema que se pressuponha a analisar dados no Brasil precisa de fato ser o mais transparente possível, também para reforçar a prática de compartilhamento como algo positivo e que só irá beneficiar o consumidor.
3. O mercado ainda precisa se abrir para novos parâmetros.
Para configurar um ecossistema mais inclusivo, os bancos precisam encontrar novos meios de análise de perfil do consumidor para ampliar a base geral de clientes. Em paralelo, o mercado requer mecanismos de orientação financeira para tornar os consumidores mais conscientes no uso do crédito. Apenas a combinação inteligente entre recursos tecnológicos e educação de fato abrirá possibilidades para uma oferta de crédito mais sustentável no país.
Em julho, a Credolab firmou uma parceria global com a Strands, fintech do CRIF Group especializada em Inteligência Artificial, Big Data e “machine learning” e uma das maiores desenvolvedoras mundiais de softwares customizados de gerenciamento monetário digital. Juntas, as duas empresas passam a disponibilizar para os bancos soluções integradas de recomendação de produtos financeiros.
A startup usa análise inteligente de dados no desenvolvimento de scores de crédito, para ajudar instituições financeiras a aceitar um número maior de clientes, reduzindo o risco dessas operações. Carolina, que fez carreira no mercado financeiro e, antes de se juntar à Credolab, atuava em um grande birô de crédito antes de se juntar à Credolab aqui em janeiro. “Já havia um escritório aqui, mas quando perceberam o tamanho do nosso mercado decidiram investir mais”.
Assista também o bate papo com Carolina no nosso canal no Youtube.
Leia também: