Por Rodrigo Battella*, exclusivo para o Finsiders
Como bom paulistano, todo domingo é dia de pizza lá em casa. Minha filha pede o mesmo sabor, quase sempre no mesmo horário. Há um tempo, esse pedido era feito por telefone, depois passamos a usar o aplicativo de entrega. Mas a pizzaria fica na mesma rua em que moramos, temos uma relação pessoal com o dono, então passamos a pedir pelo WhatsApp direto com ele.
A conversa é sempre a mesma, ele já conhece meu número, me dá boa noite pelo nome, confirma o tamanho e o sabor (quase sempre o mesmo). Eu sempre penso a mesma coisa: “Se os pedidos de todos os clientes fossem atrelados a uma solução de vendas pelo canal do aplicativo, sem dúvida o faturamento da pizzaria poderia aumentar (sem contar, ainda, com os ganhos de eficiência operacional)”.
Os clientes poderiam receber o catálogo com um link para efetuar a compra (ou repetir o pedido antigo, com recorrência) tudo por uma simples conversa que não partiu do WhatsApp pessoal do dono do estabelecimento. E o melhor: a pizza chegaria quentinha e já paga.
Tecnologia
A tecnologia atrelada à usabilidade da conversa tem o poder para mover montanhas e tornar as relações entre pequenos varejistas e seus clientes mais fluidas. Tal como dois dedinhos de prosa. Entre um áudio e outro, vai uma compra, chega um produto. É sobre conversar e comprar sem atritos.
E se o cliente esquecer de pedir a pizza no domingo? A tecnologia fará seu trabalho e vai lembrá-lo, facilitando também o pagamento. Tal como o amigo que não deixa esquecer o encontro no bar.
Tudo isso não é ficção e está prestes a ganhar espaço no nosso dia a dia. As novas oportunidades de sinergia entre pagamentos e conversa terão o poder de transformar os negócios, principalmente os de pequeno porte, e isso vale para todos os segmentos. A pizzaria foi só um exemplo de tantos.
Mais diálogo, menos atrito
A evolução dos aplicativos de conversa, como o WhatsApp, pavimentando a jornada de pagamentos massificados, vai oferecer ganhos em escala para o varejo, sobretudo no dia a dia dos pequenos varejistas. Quando as vendas não dependem de um hardware que pode parar de funcionar, elas são mais fluidas.
Hoje, uma das principais dificuldades na hora de vender é a dependência de um equipamento físico, especialmente para o pequeno empreendedor. Ele precisa comprar um aparelho para poder efetuar uma venda, seja no débito ou crédito. Além de exigir um desembolso financeiro, ainda existe um problema de logística reversa: quando essa máquina quebra, o que eu faço com ela?
O WhatsApp é um canal intuitivo e consequentemente o acesso é mais democrático. Não há atritos e não há esforço para adaptação, porque o varejista e o consumidor já utilizam o app no dia a dia. E é nesse momento em que o mercado precisa de uma inteligência de dados.
Imagine uma live com apresentação de um produto. No mesmo momento em que o produto é exposto, por exemplo, um link pode ser disparado para a audiência com uma solução de meio de pagamento. Mas como saber quem clicou e conseguiu comprar e quem teve dificuldades?
Fidelização no fio da conversa
O que é fácil, fideliza também. A solução de pagamento no WhatsApp vai permitir fidelizar clientes via pagamento e ainda pode sistematizar o atendimento. Nas entrelinhas da conversa, a fidelização é fluida. Hábitos de compra e novas oportunidades de negócios vão se misturar à prosa, sem mistérios.
Não se trata de mágica, esse caminho passa pela tecnologia. A inteligência de dados poderá garantir agilidade e qualidade para escalar as interações e criar valor. A partir daí, será possível ler as entrelinhas do fio da conversa: quem viu o link, quem abriu, quem conseguiu pagar, quem acessou e não pagou. A tecnologia organiza tudo isso e garante vantagem competitiva.
A partir de uma simples conversa, será possível identificar por que o cliente não pagou ou desistiu da compra. As oportunidades de sinergia entre pagamentos e conversas terão o poder de transformar o dia a dia dos negócios.
Há uma tendência de massificação de meios de pagamento, partindo da jornada em que temos o Pix, real digital, wallets e um universo de aplicativos de conversa que geram engajamento, cross sell e vendas recorrentes. Nessa trilha, o pagamento passa a fazer parte de uma conversa e não ao contrário.
Não existe nada mais fluído do que conversar. Ao transformarmos pagamentos em conversa, abre-se uma série de oportunidades para o mercado, uma chancela sem precedentes. Que tal um dedinho de prosa com seu cliente?
*Rodrigo Battella é diretor da divisão de serviços financeiros e pagamentos da Blip, plataforma conversacional entre marcas e pessoas.
As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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