Por Carlos Sangiorgio*
Para quem está interessado nos temas de evolução e adoção dos CBDCs e tokenização da economia, este movimento do BIS (Bank for International Settlements) foi, a meu ver, um passo importante nesta direção.
O capítulo especial do Relatório Econômico Anual 2023 apresenta um projeto de sistema monetário sustentado pela moeda digital do BIS, abrindo assim uma nova era no desenvolvimento conjunto do sistema monetário e da economia entre países.
Este movimento do BIS (o Banco Central dos Bancos Centrais) vai ao encontro de uma necessidade de organizar as várias iniciativas de criação de CBDCs pelo Bancos Centrais de cada país e ter um CBDC garantido e reconhecido para transações internacionais.
A tokenização vai além de ser apenas uma representação digital de dinheiro e ativos. Ela envolve uma representação digital em uma plataforma programável, o que significa que os tokens podem incorporar as regras e a lógica que regem as transferências, bem como as informações sobre o próprio ativo.
Potencial da tokenização
Atualmente, o dinheiro reside em bancos de dados separados dos produtos e serviços que se está transacionando, do meio de pagamento que se está utilizando, da logística que viabiliza a entrega, etc. Estes players da transação estão conectados por meio de sistemas de mensageria, o que significa que as transações precisam ser reconciliadas separadamente antes de serem finalizadas. A tokenização torna tudo isso uma operação contínua.
A tokenização é adequada para resolver problemas de reciprocidade das transações do dia a dia. Tomem como exemplo a venda de um automóvel em que o comprador gostaria de pagar quando o veículo é entregue, enquanto o vendedor gostaria de entregar o veículo quando confirmar o pagamento do comprador. O que vem primeiro? A tokenização pode resolver esse problema executando ambas as transações ao mesmo tempo.
No material acima do BIS, são discutidas duas aplicações do mundo real:
- Resolução do risco de liquidação de câmbio estrangeira;
- Liberação do financiamento da cadeia de suprimentos.
Um ledger unificado com CBDCs pode aproveitar ao máximo a capacidade do dinheiro do banco central de unir elementos diversos do sistema financeiro e da economia como um todo. Nesse sentido, todo o potencial da tokenização pode ser aproveitado ao ter o dinheiro residindo no mesmo banco de dados que outros ativos tokenizados.
*Carlos Sangiorgio é sócio da Colink Business Consulting e escreveu este conteúdo originalmente no blog da consultoria, que autorizou sua republicação no Finsiders.
As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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