O norte-americano J.P. Morgan, um dos maiores bancos do mundo, está reforçando sua aposta no C6 Bank. Pouco mais de dois anos após anunciar a compra de 40% do banco digital brasileiro, a instituição informou que irá aumentar sua participação no negócio para 46%. Os termos financeiros da transação — que depende de aprovação regulatória — não foram revelados.
O movimento ocorre num momento em que o neobank fundado por ex-sócios do BTG Pactual ainda registra resultado negativo na última linha do balanço. Em 2022, o C6 teve prejuízo de R$ 2,2 bilhões, mais de 3 vezes superior ao que havia sido apurado em 2021. O banco ainda não divulgou os números do primeiro semestre deste ano.
Em comunicado distribuído à imprensa na tarde desta terça-feira (29), as companhias não mencionam a evolução no resultado líquido, mas citam a expansão da base e da carteira de crédito desde o anúncio do acordo inicial, em junho de 2021. De lá pra cá, o número de clientes do C6 mais do que triplicou, de 8 milhões para 25 milhões. Já o portfólio total de crédito cresceu mais de 4 vezes, passando de R$ 9,5 bilhões para R$ 40 bilhões.
No período, o banco digital que tem Gisele Bündchen como garota-propaganda também ampliou o portfólio de produtos e serviços. Entrou, por exemplo, em financiamento e refinanciamento de veículos. Começou, ainda, a oferecer um serviço personalizado para clientes de alta renda. E mais recentemente, passou a disponibilizar um home broker.
“Decisão conjunta”
Segundo Sanoke Viswanathan, chefe de estratégia e crescimento no J.P. Morgan Chase e executivo-chefe de varejo bancário internacional, o “rápido crescimento dos clientes, produtos e balanço patrimonial” demonstra o sucesso da abordagem do banco digital. “Nosso investimento estratégico no C6 é uma parte importante da estratégia global de serviços bancários digitais do J.P. Morgan Chase”, afirma ele, no comunicado.
O banco norte-americano anunciou a compra de 40% do C6 em julho de 2021. Na ocasião, notícias deram conta de que o neobank brasileiro fora avaliado em R$ 25 bilhões — mais do que o dobro dos R$ 11,3 bilhões da captação anterior, feita com 40 investidores privados.
“Depois de dois anos de colaboração, tomamos a decisão conjunta de ampliar este relacionamento”, diz Marcelo Kalim, CEO do C6 Bank, no comunicado. “Os dois bancos já têm trabalhado juntos para desenvolver novos produtos. Cada vez mais vamos atuar conjuntamente para levar benefícios aos nossos clientes”, emenda o executivo, que continua à frente da instituição assim como os demais integrantes do time de gestão.
Cenário
Com presença no Brasil há 70 anos, em segmentos como corporate e investment banking, asset management e outras áreas, o J.P. Morgan tem colocado algumas de suas “fichas” em fintechs brasileiras. Além do investimento no C6, desde 2020 o banco norte-americano é acionista também do FitBank, que se posiciona como uma ‘infratech banking’.
O C6, por sua vez, despontou como um dos principais bancos digitais locais em quatro anos de trajetória. Contudo, enfrenta uma acirrada concorrência de players bem estabelecidos como Nubank e Inter, ambos com resultado líquido positivo.
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