"Decolar do consignado", Konsi aposta na portabilidade e está fechando primeira rodada 

Em operação há cerca de 1 ano e 8 meses, a fintech fundada em Salvador (BA) funciona como um comparador de consignado público

O mercado de consignado representa em torno de 33% do volume de crédito com recursos livres para pessoas físicas no Brasil. Do saldo total de R$ 610,2 bilhões em empréstimo consignado, R$ 568,7 bilhões (ou 93,2%) estão nas modalidades destinadas a beneficiários do INSS e servidores públicos. Com uma inadimplência próxima a 2%, esse segmento vem despertando mais interesse de bancos digitais e fintechs. É o caso da Konsi, fundada em Salvador, capital baiana. 

Em operação há cerca de 1 ano e 8 meses, a fintech funciona como um comparador de crédito consignado público, ou uma espécie de “Decolar do consignado”, como define um dos fundadores e co-CEO, o engenheiro civil Bruno Barreto, em conversa recente com o Finsiders numa passagem por São Paulo. Ao lado dele no negócio estão os sócios Paulo Fontes, Rafael Seixas e Rodrigo Fontes — todos ex-Trade Off, assessoria financeira que originou a criação da startup.

Com um cadastro pelo aplicativo da Konsi, os servidores públicos podem consultar todos os seus contratos de consignado, a margem consignável (porcentagem da renda que pode ser comprometida com o pagamento do empréstimo) e as oportunidades disponíveis em diferentes instituições financeiras. Atualmente, a fintech tem acordos com 16 bancos, incluindo grandes como Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Santander, além de players fortes na modalidade como Bmg, Daycoval e Safra.

Neste momento, a plataforma está disponível para aposentados e pensionistas do INSS, assim como servidores estaduais do Amazonas, da Bahia, do Mato Grosso e de São Paulo, e funcionários públicos municipais de São Paulo. “Até o fim do ano, vamos avançar para o Estado de Minas. E também para o nicho de servidores públicos federais, que são vinculados a um só convênio, o Siape [Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos]”, conta Bruno. 

Com mais de 110 mil usuários cadastrados, a fintech soteropolitana encerrou julho último com cerca de 65 mil usuários elegíveis para a contratação do consignado. O número ainda é baixo quando comparado ao quadro total de servidores de alguns dos principais convênios.

Portabilidade

“No Estado de São Paulo, estamos falando de 1,2 milhão de servidores públicos. Já no INSS, são 23 milhões. E no Estado da Bahia, 220 mil pessoas. São grandes convênios que, quando olhamos para o tamanho da base atual, temos um mundo para crescer”, cita o co-CEO.

Além de novas concessões de empréstimos, a Konsi enxerga potencial para ganhar espaço por meio da portabilidade de crédito. O mecanismo, apesar de não ser novo, ainda é desconhecido pela maioria dos brasileiros bancarizados, conforme estudo recente feito pelo Datafolha a pedido da Zetta

No caso do consignado, um estudo divulgado neste ano pelo Banco Central (BC) mostrou que a portabilidade reduziu taxas de juros, principalmente nessa operação. Iniciativas como o Open Finance, aliás, podem impulsionar ainda mais esse instrumento. 

Pelo app da Konsi, a portabilidade pode ser realizada tanto para reduzir as parcelas mensais do empréstimo, quanto manter essa quantia, mas liberando um valor na conta como “troco” — que nada mais é do que um novo empréstimo na instituição que assumiu o contrato. 

O objetivo da fintech é encontrar a oferta de consignado mais atrativa para o cliente. “Via de regra, estamos falando de um público que costuma ter de 10 a 15 contratos vigentes de consignado com diferentes instituições, porque a margem consignável varia de 30% a 40% do salário do cidadão, a depender do convênio.”

De acordo com o empreendedor, a fintech consegue oferecer as melhores taxas por ter um custo operacional baixo. É isso que permite à empresa, segundo ele, praticar um comissionamento “próximo do mínimo” e equiparado entre as instituições. 

“Os correspondentes bancários, via de regra, têm call center para sustentar, e não oferecem autosserviço. No nosso caso, a própria pessoa simula e contrata o crédito pelo app. Cabe a nós acompanhar a operação”, diz. “No final das contas, a viabilidade do comissionamento mínimo vem daí, com um produto escalável. Hoje, é a única fonte de receita. Nossa remuneração vem apenas dos bancos. Não cobramos dos usuários.”

Captação à vista e concorrência

Mantida até hoje com recursos próprios dos sócios-fundadores e de alguns investidores-anjos de nomes não revelados, a Konsi está prestes a levantar sua primeira rodada de investimento. A captação está em estágio “avançado”, e neste momento é tudo o que Bruno pode falar, por causa dos acordos de confidencialidade. 

Enquanto a fintech busca ganhar mercado, alguns dos maiores players do setor também resolveram avançar no consignado público mais recentemente. O PicPay, por exemplo, anunciou em fevereiro a compra da BX Blue, marketplace de consignado. O Nubank, por sua vez, começou a oferecer a modalidade para servidores públicos federais em março.

(Na foto: da esq. para a dir., Paulo Fontes, Bruno Barreto, Rodrigo Fontes e Rafael Seixas, fundadores da Konsi)

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