Uma análise publicada pela Endeavor Brasil, obtida com exclusividade pelo Finsiders, aponta quatro grandes tendências no mercado de fintechs: novos modelos de negócios a partir de mudanças regulatórias; desenvolvimento de infraestrutura; novos modelos de crédito e banking impulsionados pelo cenário de juros e inflação; e digitalização dos pagamentos B2B.
O documento foi produzido com base em insights de Benjamin Gleason (fundador do Guiabolso e da Kamino), Edson Santos (sócio da Colink e um dos principais especialistas em pagamentos no Brasil) e Fernando Fontes (CEO da registradora CERC). O material de fintechs integra o “Scale-Up Trends”, que mapeou tendências, inovações e cenários em outros 6 setores de tecnologia: agrotech, B2B, climate tech, healthtech, proptech e Web 3.0.
Regulação fomenta a inovação
No caso das fintechs, o estudo destaca o papel fundamental das novas regulações para o desenvolvimento desse segmento. Basta observar as iniciativas capitaneadas pelo Banco Central (BC) principalmente, a exemplo do Pix, do Open Finance e, agora, o Drex (a versão digital do Real). O órgão também vem publicando mudanças e aperfeiçoamentos nas regras do mercado de recebíveis (duplicatas e cartões).
“A regulação é um dos grandes motores da inovação no setor financeiro”, diz Guilherme Camargo, gerente de busca e atração de empresas da Endeavor, em conversa com o Finsiders.
Ele menciona, ainda, a criação dos sandboxes regulatórios pelo BC e também pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Superintendência de Seguros Privados (Susep). Apesar disso, mais da metade das fintechs não pretende participar de algum sandbox ou não tem conhecimento sobre o assunto, segundo pesquisa recente feita pela PwC Brasil e pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).
Infraestrutura para nichos
A evolução regulatória, combinada com o avanço das novas tecnologias, também favoreceu o desenvolvimento de infraestruturas para o mercado de fintechs. Prova disso é a ‘explosão’ de plataformas e soluções de banking as a service (BaaS). “Se antes muitas soluções tinham que ser construídas in-house, hoje em muitos casos não é mais necessário. Isso possibilita que a estratégia de ‘go-to-market’ seja para empresas do setor”, aponta a análise da Endeavor.
Guilherme enxerga oportunidades em infraestruturas construídas para atender nichos de mercado, por exemplo, cripto e Web 3.0. “A vantagem de ‘nichar’ é conseguir resolver necessidades diferentes para determinado segmento, em vez de ter uma solução abrangente. Foi o que aconteceu com os bancos digitais. É uma das maneiras, não a única, de ganhar o jogo”, analisa ele.
Cenário macro impulsiona novidades em crédito e banking
O quadro macroeconômico de juros ainda elevados, apesar da perspectiva de queda, contribui para pavimentar a criação de novos modelos de crédito e banking. Isso significa, inclusive, que as fintechs estão recorrendo a dados alternativos para a avaliação do perfil de risco dos clientes. Além disso, há uma tendência de utilizar garantias menos restritivas nas linhas de crédito, aponta a Endeavor.
“Um exemplo no caso das garantias é o uso de duplicatas como colateral. Em dados alternativos, as startups olham cada vez mais para outros indicadores como a receita recorrente para montar o score de crédito”, cita Guilherme.
A oportunidade de trilhões nos pagamentos B2B
O material da Endeavor menciona, ainda, a digitalização que vem ocorrendo na jornada de pagamento entre empresas (B2B). O movimento tem como pano de fundo outra tendência, a do ‘embedded finance’, com soluções de gestão financeira, intermediação de pagamentos, antecipação de recebíveis e outros produtos.
Nesse sentido, a análise destaca que o mercado de pagamentos B2B deve subir dos atuais US$ 120 trilhões para US$ 200 trilhões em 2028, conforme estimativa do Goldman Sachs. O tema, aliás, foi abordado em um artigo para o Finsiders escrito pelo cofundador da fintech Barte, Raphael Dyxklay, há cerca de um ano.
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