Cada vez mais o Open Finance, uma revolução no setor financeiro global, ganha terreno no Brasil e promete transformar a maneira como lidamos com serviços financeiros. Esse conceito — que envolve a abertura de dados, integração de sistemas e a facilitação dos fluxos de pagamento — está pavimentando o caminho para uma experiência mais transparente, eficiente e personalizada para os consumidores.
Uma pesquisa realizada pela Open Finance Brasil, em maio deste ano, revelou que a preocupação dos brasileiros em compartilhar dados financeiros diminuiu. Em 2021, quando a última edição da pesquisa foi realizada, esse índice era de 48% e este ano recuou para 36%. Já a preocupação sobre a forma como os dados serão usados também teve queda, saindo de 45,8% para 34%.
Os dados mostram que o avanço do Open Finance no Brasil anda lado a lado com a conscientização dos consumidores e, claro, atrelada à comunicação dos atuantes do setor para explicar o funcionamento da modalidade e os benefícios que ela pode trazer para a vida financeira dos brasileiros. Enquanto associação, a INIT realiza esse trabalho junto aos seus associados e promove debates constantes para dar luz ao tema.
>> Leia outro texto de Gustavo Lino para o Finsiders: Criada no Brasil, PCM impulsiona evolução do Open Finance
Dessa forma, o diálogo aberto que realizamos com todos os elos desta cadeia tem sido fundamental para que cada vez mais e aprimore o serviço no Brasil, mesmo que já seja um grande exemplo para outros países. Muito se avançou e hoje temos uma agenda mais consolidada, com propostas regulatórias definidas e grandes perspectivas no horizonte.
Desafios
Em 2024, o grande desafio do setor será ampliar a comunicação já existente e demonstrar o valor do Open Finance para que ele se popularize, como acontece hoje com o Pix, o que demonstra a grande capacidade dos brasileiros em se adaptarem a serviços financeiros que simplifiquem o seu dia a dia. Atualmente, cerca de 25 milhões de pessoas bancarizadas já aderiram ao Open Finance no país. Nossa expectativa é que esse número aumente em mais de 30% no próximo ano.
Além disso, a necessidade da atuação próxima do Banco Central também é um ponto central em todas as nossas discussões. Ela se faz necessária para que se crie um ambiente em que o ecossistema evolua como um todo e para que os interesses dos consumidores sejam protegidos, mantendo a integridade do sistema financeiro.
Ambiente mais inclusivo e estruturado
Entendo, ainda, que o nosso papel é criar um ambiente mais inclusivo e estruturado. Para isso, a profissionalização, que hoje ocorre de forma voluntária pelos representantes das instituições, é cada dia mais inevitável. Isso inclui, por exemplo, o amadurecimento da estrutura inicial de governança e o aumento de sua representatividade.
Podemos dizer que o Open Finance está desencadeando uma revolução no Brasil, remodelando a paisagem financeira e promovendo a inovação. À medida que o país avança nesse caminho, é fundamental equilibrar o impulso por inovação com a proteção e aproximação dos consumidores. Assim poderemos construir um ecossistema financeiro mais resiliente e centrado no usuário. Esta é a nossa meta e iremos seguir contribuindo para que o Open Finance se torne realidade na vida dos brasileiros.
*Gustavo Lino é presidente da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos (INIT) e head de políticas públicas na Quanto, empresa de pagamentos e inteligência de dados baseada em Open Finance.
Este é um espaço editorial, com análises e opiniões de especialistas de mercado e executivo(a)s com temas de interesse do ecossistema de fintechs. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações do texto.
Veja também:
Open Finance e regulamentação devem impulsionar uso de IA, dizem especialistas
Open Finance é um “terreno fértil” para segmentação de serviços, diz presidente do BC