No início do segundo semestre, a fintech de consórcio Klubi colocou em marcha o plano de diversificação dos negócios com o lançamento de um produto para compra de celular, em parceria com a Vivo, uma de suas investidoras. A novidade, revelada pelo Finsiders em junho, foi o primeiro passo da empresa para ampliar sua atuação e não depender apenas do consórcio para automóveis.
Em 2024, a fintech mira outras verticais para além de dispositivos móveis ou do setor automotivo. “A gente quer atacar o segmento de eletroeletrônicos e viagens”, conta Eduardo Rocha, CEO e fundador. No caso de eletroeletrônicos, a gama que passa principalmente por itens como computadores, games e TVs possui um conceito de compra bastante parecido com os celulares, de acordo com o empreendedor.
“O intervalo de crédito é muito parecido. O prazo será 24 meses e a mecânica do produto vai ser igualzinha, não muda nada. Então, dar esse passo para outros itens de eletrônicos é muito óbvio para nós, porque o esforço é muito pequeno. E, evidentemente, coloca para os nossos membros outras opções de aquisição”, afirma.
Já em viagens, o processo será parecido, mas são necessárias adaptações. O entendimento é que a compra é muito mais planejada, na comparação com smartphones. Por isso, serão necessários ajustes na entrega do crédito para que o usuário possa viajar dali a 6 ou 12 meses, por exemplo. Não está descartada, ainda, a entrada no segmento imobiliário.
Evolução
Com uma base composta por 10 mil clientes, o Klubi originou mais de R$ 250 milhões em créditos com o consórcio automotivo em 2023. Cerca de 40% das operações são para aquisição de veículos de luxo, modalidade que a fintech lançou em junho. Já no consórcio para compra de celulares, a originação chega a cerca de R$ 10 milhões.
Os perfis entre os segmentos são bem diferentes. Em automóveis, o crédito varia entre R$ 50 mil a R$ 200 mil. Voltado para quem tem dificuldade de tomar financiamento ou não deseja se descapitalizar, a média fica na casa dos R$ 80 mil por cliente e a renda familiar mensal varia entre R$ 8 mil a R$ 10 mil.
Já no caso dos smartphones, a história é outra. O crédito varia entre R$ 1 mil a R$ 10 mil para a compra do aparelho, com a média de R$ 3 mil por dispositivo, para um perfil com renda familiar mensal entre R$ 4 mil a R$ 5 mil. “Esse usuário já uma dificuldade maior, porque muitas vezes ele não tem um cartão ou, se tem, o cartão tem um limite muito baixo.”
A jornada
O Klubi nasceu em 2019, mas Eduardo está no mercado de consórcios há cerca de 13 anos, sendo 8 como CEO da Rodobens, tradicional companhia do setor que também oferece seguros, crédito e trabalha com locação.
Ao analisar a indústria, ele ficou intrigado. O mercado crescia bastante, tanto na base de clientes como em volume de negócios. Apesar disso, a jornada era sempre analógica, o que gerava fricções na experiência do usuário. Outro ponto que dificultava o avanço era, nas palavras dele, o “preconceito com o produto”.
“Na medida que eu fui tomando contato com a indústria, fui conhecendo e vencendo muito do preconceito do produto. Mas muito desse preconceito não tem nada a ver com o produto, tem muito mais a ver com a entrega dele”, conta.
Para vencer as barreiras, apostou em uma proposta 100% digital. “O desafio inicial foi realmente tirar a operação do chão. Não havia nenhuma referência [sobre a marca]. Em um negócio que demanda credibilidade e uma relação entre o consorciado e o administrador, isso é importante.”
Parcerias
Inicialmente, a empresa fechou os primeiros negócios, no final de 2021, com foco no B2C. Logo em seguida, em janeiro do ano seguinte, compreendeu rapidamente que para escalar suas soluções no mercado e chegar aos consumidores era fundamental estabelecer parcerias com companhias de segmentos similares, partindo para o B2B2C.
No momento, o Klubi oferece seus produtos, também, por meio das plataformas de compra e venda de carros Kavak, Usadosbr e SóCarrão (marketplace de veículos de Curitiba), além da 99Pay, carteira digital do app de transporte 99.
De acordo com o CEO, os acordos são a estratégia primordial para a construção da marca. “No final do dia, a gente teve a possibilidade de alcançar uma audiência que não seria possível naquele momento. Ajudamos o parceiro nas dores que eles tinham e também numa monetização, entregando um produto com uma experiência incrível”, diz.
Funding
Até o momento, o Klubi levantou três rodadas de captação, que somaram R$ 65 milhões. No captable, estão investidores como Vivo Ventures, braço de corporate venture capital (CVC) da operadora, Igah Ventures, Parallax Ventures, entre outros.
O CEO diz que a empresa deve recorrer novamente ao mercado no primeiro trimestre de 2024, com a preferência pela emissão de dívida — um caminho adotado por uma porção de fintechs neste momento. “É uma coisa bem possível para nós [a captação via dívida], uma vez que a gente tem muitos recebíveis. E a gente gosta disso. Nosso modelo de gestão é super pé no chão”, finaliza Eduardo.
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