No dinâmico cenário da revolução digital no setor financeiro, uma nova era se anuncia com a iminente queda de uma importante barreira de entrada para as fintechs. Isso porque um entrave que resistiu às ondas de modernização e permaneceu ancorado na década de 1980 sob um reduto inalterado e ineficiente, impedia a entrada de novos competidores. Assim, limitava a oferta de serviços essenciais a poucas instituições bancárias tradicionais.
Com a chegada do Pix, a novidade que promete modernizar ainda mais o panorama deve se apresentar no segundo semestre: o Pix Automático. O sistema deve redefinir as regras do jogo, transformando radicalmente a experiência de pagamentos para consumidores e empresas, além de abrir espaço para o crescimento das fintechs, que já vem sendo bastante expressivo nos últimos anos.
De acordo com o Fintech Report 2023, realizado pelo Distrito, existem cerca de 1,4 mil fintechs no Brasil. Somente a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) concentra cerca de 700 delas. Esse crescimento reflete a busca de uma parcela significativa da população por soluções menos rígidas e com custos menores em comparação aos serviços bancários tradicionais.
O país já soma mais de 70% dos brasileiros bancarizados que aderiram às plataformas digitais, dos quais 30% já as escolhem como conta principal. A razão para essa lacuna está na falta de oferta democrática de um serviço essencial e, hoje, praticamente privativo dos grandes bancos.
Pix Automático e Open Finance
Neste contexto, a resposta para essa resistência está no novo sistema, que deve eliminar a atual competição assimétrica. Ao integrar-se ao ecossistema do Open Finance, o Pix Automático possibilitará às fintechs oferecerem serviços de pagamento de contas de consumo de forma universal, eficiente, imediata e sem custos adicionais. Tudo isso por meio de uma experiência mais completa que viabiliza maior competição e acesso às fintechs para o aprofundamento do relacionamento com os clientes.
A partir disso, os consumidores ganharão liberdade de escolha e deixarão de depender de contratos bilaterais restritos aos incumbentes. Os clientes terão a possibilidade de resolver e pagar seus compromissos de forma digital, simplificando seu dia a dia, sem necessitar ficar preso em determinado banco que detinha monopólio sobre os convênios com concessionárias de serviços. Para as fintechs, a possibilidade significa uma nova oportunidade de ampliar os serviços de conveniência para conquistar os clientes insatisfeitos com os modelos tradicionais.
A revolução está à vista e não se trata apenas de uma solução técnica, mas um catalisador de novo impulso à inovação da indústria financeira. Em breve, testemunharemos um novo mercado, ainda mais acessível, eficiente e alinhado com as demandas do século XXI.
*Carlos Augusto de Oliveira é diretor-executivo da ABFintechs.
Este espaço é dedicado aos líderes da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). As opiniões contidas aqui representam a visão da entidade, e não a do Finsiders Brasil.