ESTRATÉGIA

Mercado Pago aumenta retorno da conta remunerada para atrair mais depósitos

A decisão vai na contramão de concorrentes como o Nubank, que restringiu recentemente a oferta desse tipo de remuneração a seus correntistas

André Chaves/Mercado Pago - Imagem: divulgação
André Chaves/Mercado Pago - Imagem: divulgação

Como primeira novidade da sua gestão, André Chaves, vice-presidente sênior do Mercado Pago no Brasil, anunciou na terça-feira, 5/3, a nova rentabilidade da conta remunerada do banco digital. A partir de agora, qualquer pessoa que deposite ou receba um pagamento de no mínimo R$ 1 mil na sua conta vai passar a ganhar uma taxa equivalente a 105% do CDI. Até fevereiro, essa taxa era de 100% do CDI. A conta tem liquidez diária e os juros apenas incidem sobre o saldo que ficar pelo menos 30 dias na conta. A oferta não vale para empresas.

A ideia é atrair mais depósitos – de clientes novos e antigos.

“Queremos deter um percentual muito maior do que o atual da poupança das famílias brasileiras, ser sua principal ferramenta de gestão financeira”, diz André, sem divulgar qual é a fatia atual. O executivo não informa também o total captado pelo banco, mas afirma que em 2023 o saldo “mais do que dobrou”.

Esta também é uma maneira do Mercado Pago levantar funding para operações de crédito – mas André disse que os instrumentos que o banco tem já são suficientes. Embora o custo seja baixo – apenas 46% dos clientes mantêm saldo acima de R$ 1 mil na conta, o que significa que o banco vai pagar 105% do CDI para menos da metade do saldo que atrair – o executivo diz que a isca vai servir principalmente para atrair e reter clientes. O banco também oferece fundos de investimento.

A decisão vai na contramão de concorrentes como o Nubank, que restringiu recentemente a oferta desse tipo de remuneração a seus correntistas.

Engajamento

“Já somos o principal banco para muitos clientes, mas queremos aumentar o percentual incentivando um maior engajamento”.  Segundo o executivo, o banco digital já tem a oferta correta de produtos, e uma base grande, de mais de 53 milhões de clientes no Brasil.

André diz ainda que pretende continuar ampliando a carteira de crédito, por meio dos cartões (que o grupo só opera aqui e no México) e também no crédito pessoal. No entanto, fez questão de dizer que o banco tem muita tecnologia para análise de risco, além de conhecer de perto os clientes, o que em tese reduz o risco de inadimplência. “Vimos alguns segmentos prontos para a reaceleração dos seus negócios, queremos ampliar a oferta para empresas pequenas e médias (o que é um pouco acima do target do banco), mas seguimos muito cautelosos com operações de risco alto”.

O MP faturou em 2023 mais de US$ 3 bi no Brasil – 40% do total do grupo.