Um banco que fala o “favelês”. Assim foi que Celso Athayde resumiu a sua mais nova empreitada, o F Bank. Durante painel no South Summit Brazil, em Porto Alegre, o fundador da Favela Holding e da Central Única das Favelas, CUFA, fez o anúncio oficial da novidade.
Segundo o empresário, o novo banco tem o propósito de promover a inclusão de comunidades periféricas no sistema financeiro. Além disso, oferecer serviços personalizados e “propostas transparentes, justas e focadas em melhorar a vida das pessoas”.
O F Bank é um projeto em sociedade com o Grupo Four, venture builder liderada por José Renato Hopf, fundador da Getnet e também presidente do South Summit Brazil. “Essa união de forças traz grandes oportunidades de crescimento para milhões de pessoas em todo o país”, afirma Celso.
Com previsão de início de operações para setembro deste ano, o F Bank deverá começar com uma licença de instituição de pagamento para a abertura de contas. Mas o plano é agregar mais serviços ao longo do tempo, incluindo crédito, seguros, conta PJ, entre outros. Segundo Celso, a ideia é que cada favela tenha seu gerente. Esse gerente seria alguém da própria comunidade, como uma forma de criar proximidade aos clientes e moradores locais.
Celso adiantou que o banco já está rodando em fase piloto, atendendo cerca de 30 mil clientes e movimentando cerca de R$ 21,8 milhões em 290 mil transações. Entretanto, para seguir com o desenvolvimento da iniciativa, o líder da Favela Holding está em busca de parceiros adicionais. Segundo ele, se trata de um projeto de R$ 50 milhões. Até o momento, além do Grupo Four, o Banco Pan deve se juntar como sócio minoritário.
Para ganhar mais visibilidade e prospectar possíveis investidores nacionais e internacionais interessados no projeto, a CUFA veio ao South Summit Brazil com um estande dedicado ao F Bank.
Favela é potência
O F Bank é o novo desdobramento de um sonho antigo de Celso Athayde, que em 2027 chegou a lançar o Cufa Card. O cartão de débito pré-pago tinha a ambiciosa meta de atender 1 milhão de usuários em seu primeiro ano. Mas acabou não obtendo o resultado esperado em meio à ascensão dos bancos digitais.
Segundo dados do Data Favela, cerca de 17 milhões de pessoas vivem em 5 mil favelas espalhadas pelo Brasil. Durante o painel em que anunciou o F Bank. De acordo também com o estudo, cerca de R$ 220 bilhões são movimentados dentro das periferias anualmente. É um potencial financeiro que historicamente fugiu aos grandes bancos e que agora, com o advento das contas digitais, começou uma mudança no jogo.
Lançado no começo deste ano, o levantamento “Persona Favela — Bancarização”, divulgado pelo NÓS – Pesquisas, constatou que cerca de 61% dos moradores de favelas e bairros periféricos do Brasil possuem ao menos uma conta digital. Além disso, 77% dos entrevistados afirmaram utilizar o PIX de forma frequente, enquanto 35% dizem nunca ter utilizado caixa eletrônico para fazer saques.
O grande achado da pesquisa está nas marcas preferidas pelos moradores das favelas. Das cinco instituições bancárias mais utilizadas, três são digital-first – Nubank, Caixa e PicPay.
*Conteúdo publicado originalmente no site parceiro Startups.