Por Juliano Tozzi*
De acordo com o estudo State of the API Report, da Postman, apenas em 2023 o Brasil consumiu sozinho 52,4 milhões de APIs, figurando como o terceiro maior consumidor de APIs do mundo. Esse cenário reflete a onipresença das APIs em diversas áreas, desde aplicativos de delivery até serviços de streaming.
Nesse contexto, o setor financeiro e de meios de pagamento está muito bem posicionado para alavancar o uso das APIs visando à expansão e diferenciação de seus produtos e serviços. O dinamismo desse mercado torna praticamente indispensável a utilização e disponibilização de APIs, seja pelas fintechs, instituições financeiras, órgãos reguladores e/ou serviços de proteção ao crédito.
Brasil se destaca
A interconexão de funcionalidades é crucial para atender às demandas do mercado e às expectativas dos consumidores. Além disso, a ampliação da oferta e da utilização de APIs tende a fomentar ecossistemas financeiros mais abrangentes, inovadores e eficientes. Investir em APIs já não é mais uma escolha, mas sim uma necessidade premente para o mercado financeiro.
O Brasil se destaca como exemplo em duas iniciativas baseadas em APIs. Uma delas é o Open Banking, que possibilita o compartilhamento de dados financeiros entre instituições. Já o Pix é amplamente reconhecido como um sucesso no pagamento instantâneo.
De acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com base em informações do Banco Central (BC) e da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs), o Pix foi o meio de pagamento mais utilizado no Brasil no ano passado. Ao todo, foram quase 42 bilhões de transações, um crescimento de 75% em relação a 2022. Esses números evidenciam a relevância crescente da utilização de APIs no mercado de meios de pagamento nacional.
APIs combinadas ao uso de IA podem ser decisivas
Para escalar ainda mais o uso das APIs no mercado financeiro, não se pode descartar a combinação com a inteligência artificial (IA). De acordo com uma pesquisa do Gartner, até 2026, mais de 80% das empresas utilizarão APIs baseadas em inteligência artificial generativa (GenIA). Ainda conforme o estudo, parte desse uso será para melhorar a experiência dos usuários (user experience, UX) e potencializar a obtenção dos resultados desejados de maneira cada vez mais específica e direcionada.
Dessa forma, a IA pode atuar de forma decisiva no monitoramento da operação e da qualidade das APIs por meio de ferramentas de mercado ou soluções desenvolvidas nativamente. Assim, provê insights importantes para os times técnicos sobre o behavior de suas APIs e auxilia na automação, por exemplo, de tarefas relacionadas à recuperação e continuidade do serviço.
A incorporação da IA nas APIs está transformando o panorama dos serviços financeiros, oferecendo informações precisas tanto para empresas quanto para consumidores. Esta integração permite disponibilizar funcionalidades exclusivas, como análises de comportamento financeiro, avaliações de crédito ágeis e eficazes, e detecção de fraudes em transações financeiras. Esse avanço não apenas aprimora a experiência do usuário, mas também possibilita que as organizações coletem dados valiosos em conformidade com as regulamentações de governança de dados.
Ecossistema robusto
Na horizon pay, spin-off da RPE focada em solução de pagamentos para bancos e fintechs, adotamos um modelo de layer de serviços totalmente baseado em APIs. Este modelo não só oferece suas próprias APIs, mas também integra-se com APIs de parceiros proporcionando, assim, um ecossistema robusto de colaboração empresarial. O ambiente operacional é suportado por processos e ferramentas que garantem requisitos essenciais de qualidade para APIs, incluindo disponibilidade, desempenho, resiliência e segurança.
A horizon pay é uma plataforma que oferece a flexibilidade necessária para construir e personalizar soluções próprias. Ao seguir jornadas estruturadas pelas APIs fornecidas, os clientes podem criar features adaptadas às suas necessidades específicas. Com isso, ampliam a capacidade de inovação e diferenciação no mercado financeiro.
*Juliano Tozzi é CTO da RPE – Retail Payment Ecosystem, empresa focada em trazer eficiência e segurança para a indústria de pagamentos por meio de tecnologia. Também integra a horizon pay, spin-off da empresa. Juliano é formado em Tecnologia da Informação, Análise e Desenvolvimento de Software pela Unibratec e possui MBA em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas.