A startup uruguaia Datanomik acaba de levantar um aporte de US$ 6 milhões em rodada seed, liderada pela Andreessen Horowitz, com participação da Canary, Nazca, Latitud e renomados investidores-anjos do setor. Assim, a empresa pretende agora facilitar o acesso de companhias de toda a América Latina, começando pelo Brasil, a informações financeiras disponibilizadas e atualizadas em tempo real, conforme as regulações referentes a Open Banking avançam no continente, pavimentando o caminho para inovações.
A Datanomik é uma plataforma de Open Banking B2B que facilita o acesso das empresas às informações financeiras, auxiliando na gestão e no planejamento. Isso acontece por meio de uma API, que acessa informações diretamente dos bancos e outras instituições, como provedores de serviços de pagamento e plataformas de e-commerce. O sistema padroniza e reúne essas informações em um só lugar, com atualizações em tempo real.
A missão da Datanomik é auxiliar empresas como dLocal, Jeeves or Dinie. A primeira é um provedor de pagamentos que opera diversas contas bancárias, de diferentes instituições em vários países. Jeeves é uma fintech corporativa que opera no onboard de clientes ao requisitar seus dados financeiros, como declarações bancárias em PDF. Dinie, por sua vez, é uma companhia de crédito que faz análises do background de empresas para incrementar suas avaliações de crédito. Todas enfrentam o mesmo desafio: obter informações financeiras de forma simplificada diretamente da fonte é difícil, especialmente nos mercados emergentes, em que os dados são historicamente dispersos e desorganizados.
Gonzalo Strauss, ex-diretor de Tecnologia, e Sergio Fogel, um conhecido empreendedor e investidor serial – fundador do primeiro unicórnio do Uruguai, a dLocal -, fundaram a startup há três meses. Gonzalo, agora CEO da Datanomik, foi head de produto de uma das principais empresas de Sergio, a AstroPay, onde ficou encarregado de encontrar uma solução para um problema interno: a dificuldade de lidar com uma infinidade de dados financeiros fornecidos por instituições diferentes.
“Nos mercados emergentes, o dinheiro vivo ainda é o principal método de pagamento, o que nos força a usar processos arcaicos para fazer reconciliações ou gerenciar os dados de contas bancárias corporativas”, diz Gonzalo. “Esse é um desafio porque cada instituição tem seu próprio sistema, nenhum dos quais está conectado entre si e as informações não são padronizadas, dificultando a atualização sistemática em um mundo em que uma conexão em tempo real é necessária.”
“Fintechs hoje em dia têm operações em vários países, ou até continentes”, diz Gonzalo. “Isso significa lidar com dezenas de contas bancárias de diferentes bancos, resultando em um gargalo para as equipes financeiras, que passam horas acessando manualmente suas contas para verificar saldos, transferências ou analisar seu fluxo de caixa”. Com a solução oferecida pela Datanomik, os CFOs podem conectar todas as suas contas financeiras e obter uma visão centralizada para gerenciar o desempenho de seus negócios enquanto fazem reconciliações em tempo real, escrituração, contabilidade e qualquer outra operação comercial.
E não se trata apenas de processos de back-office, mas da simplicidade do produto. Por exemplo, cada vez mais empresas B2B estão procurando uma maneira mais rápida, simples e eficiente de integrar seus clientes. “Normalmente levavam semanas ou até meses para obter verificações bancárias com extensos extratos bancários em PDF ou instruções bancárias válidas. Agora leva literalmente alguns segundos”, explica Gonzalo. Essa é uma grande oportunidade, não apenas para empresas de pagamento, mas para qualquer uma que dependa de dados financeiros. “Estamos construindo uma infraestrutura que permitirá o uso de empresas de diversos tipos e setores”, diz Fogel. Reduzir casos de fraude e melhorar os modelos de crédito para empréstimos são outros benefícios massivos do produto da Datanomik.
Com o financiamento, os fundadores planejam consolidar o produto, crescer uma equipe qualificada e expandir por toda a América Latina, sendo o Brasil um ponto de entrada, seguido pelo México e Colômbia.
“É um mercado enorme que conhecemos muito bem”, diz Fogel, sobre o início das operações no Brasil. “Estamos no ecossistema fintech brasileiro há mais de 10 anos, adquirindo profundo conhecimento e know-how de mercado. Além disso, as implementações para o Open Banking estão começando a tomar forma, e isso significa tomar todas as medidas necessárias para estar em conformidade com as regras.”
Atualmente, a Datanomik tem 20 funcionários e já trabalha com dLocal e AstroPay, além de fintechs de grande porte na América Latina. Mas os planos da empresa estão bem no começo.