Dario Palhares
Depois de ter virado sinônimo de cashback no varejo físico de menor porte, a Beblue, de Ribeirão Preto (SP), está empenhada em reforçar sua grade de produtos e serviços para recuperar o fôlego perdido nos últimos anos. A expansão teve como marco inicial o lançamento, em outubro, da Beblue Adianta, linha de crédito que tem como garantia vendas futuras (de pizzas, por exemplo) dos comerciantes. O reforço do cardápio teve sequência há três meses com a entrada da fintech no universo virtual.
“Colocamos em testes a conta digital e, também, cartões de débito e crédito virtuais, que dão direito a cashback, inclusive, em lojas não credenciadas à nossa rede. O lançamento em grande estilo, para valer, ocorrerá neste mês de maio”, conta a CEO Sandra Campos, que planeja fazer muito barulho na divulgação das novidades. “Nos próximos dias, apresentaremos a ‘embaixadora’ da Beblue. Posso adiantar que é um nome de peso no cenário local e internacional.”
O leque de opções continua a ser aberto. A startup já conta com 150 lojas cadastradas em sua recém-lançada plataforma de e-commerce, número que pretende dobrar nos próximos meses. De quebra, programa os lançamentos de cartões de débito e crédito físicos e de um amplo pacote de serviços para comerciantes e consumidores. A lista inclui seguros e assistências nos segmentos residencial, pet, de veículos e saúde com preços acessíveis, ao redor de R$ 30.
“A ideia é oferecer aos pequenos e médios lojistas a possibilidade de ganhos adicionais com vendas de serviços, estratégia já adotada pelos grandes varejistas”, diz Sandra. “Dessa forma, eles poderão até mesmo reduzir os preços de suas mercadorias, ganhando competitividade.”
Surgida em 2016, a fintech ampliou em pouco tempo o seu raio de ação para outros municípios do interior paulista e até mesmo de Minas Gerais, casos de Franca, Bragança Paulista e Uberlândia. O cashback em lojas físicas de menor porte virou febre naquela região. Na segunda metade da década passada, a Beblue tinha como parceiros 20 mil estabelecimentos comerciais e chegou a contabilizar diariamente cerca de mil pedidos de credenciamento e 20 mil adesões de usuários.
“Levamos inteligência de dados para o comércio físico, que passou a contar com informações valiosas como procedência, motivação, gastos médios e preferências dos compradores”, diz Sandra. “A proposta também foi um sucesso na outra ponta. Os consumidores davam preferência absoluta às lojas credenciadas, reforçando ainda mais a procura dos varejistas pela Beblue.”
No primeiro semestre de 2018, no entanto, a startup viu fugir de suas mãos a chance de se tornar unicórnio. Deflagrada em maio daquele ano, a greve dos caminhoneiros abalou o tripé de segmentos do varejo no qual o negócio se sustentava: postos de combustíveis, supermercados e restaurantes, cujos estoque e receitas mingaram rapidamente em razão da crise de abastecimento. Em decorrência, a Beblue começou a enfrentar problemas que só foram solucionados com a venda do controle acionário, no ano seguinte, para o fundo de investimento Vector Inovação e Tecnologia. “Depois de reestruturar a operação, começamos a desenvolver, a partir de 2020, os novos produtos e serviços, que começam a chegar ao mercado”, diz Sandra.
O próximo passo será retomar a decolagem interrompida há quatro anos. Nesta temporada, a Beblue quer elevar para 5 milhões sua base de usuários ativos de cashback e multiplicar por 12 a base de lojas físicas credenciadas, hoje ao redor de mil. Como “cenouras” para atrair varejistas, a fintech planeja abrir espaço para a integração de terminais PDV, deixando de centrar esforços apenas nas tradicionais maquininhas, e oferecer, de forma gratuita, uma plataforma de ERP.
“A ideia é fornecer ainda mais suporte aos pequenos e médios comerciantes e apostar firme na venda de serviços adicionais nas lojas”, diz Sandra. “O cashback é, sem dúvida, uma ferramenta valiosa para atrair e fidelizar compradores, mas é preciso rentabilizar esses usuários.”