Fintechs

Mercado Pago libera cash-in via iniciação de pagamentos para 100% da base - Finsiders

No fim de maio, o Mercado Pago começou a levar a iniciação de transação de pagamentos (ITP) para compras com Pix no e-commerce, tornando-se o primeiro banco digital a operar de fato o serviço, que integra a fase 3 do Open Finance.

A solução já está liberada para 20% dos clientes do banco digital, que ainda planeja a expansão da funcionalidade para a totalidade da base. Já para os vendedores, a funcionalidade está disponível para 100% da base, que corresponde a 10 milhões de sellers no Brasil, revela Daniel Davanço, diretor sênior de pagamentos para empresas do Mercado Pago, ao Finsiders.

O executivo participou de uma conversa com jornalistas durante a 6ª edição do Mercado Livre Experience, evento em 31/8 em São Paulo (SP).

Figura criada no âmbito da fase 3 do Open Finance e inspirada no chamado Payment Initiation Service Provider (PISP), o ITP é uma licença que permite, como o próprio nome já diz, iniciar uma transação de pagamento, a pedido do usuário e com seu consentimento. Neste primeiro momento, o serviço opera via Pix, mas o cronograma de implementação do Open Finance prevê outros métodos de pagamento, como TED e DOC.

No caso dos sellers (pequenos, médios ou grandes redes) que são clientes do Mercado Pago, a experiência de iniciador de pagamento via Pix ocorre, neste primeiro momento, por dois caminhos: pelo check-out Pro, quando o cliente compra em uma loja online parceira e na hora do pagamento é direcionado para o ambiente do app do banco digital; ou a partir da solução de link de pagamento, que é enviado por e-mail, redes sociais ou canais de mensagens.

Para os lojistas, o iniciador funciona como uma opção adicional de meio de pagamento para o lojista, ajudando a incrementar as vendas. Já para o consumidor final, trata-se de uma experiência muito mais simples e fluida do que precisar usar o Pix “Copia e Cola” e abrir o aplicativo do banco.

Outra experiência com o iniciador de pagamentos é o depósito em conta. O serviço — que até então estava disponível para uma base reduzida de clientes do Mercado Pago — agora está liberado para todos os 38 milhões de usuários, conta Daniel, ao Finsiders.

Na prática, os clientes podem realizar transferências via Pix de outras instituições para o Mercado Pago, a partir do próprio aplicativo do banco digital. No momento do pagamento, o usuário verá suas outras contas integradas ao Mercado Pago. Basta selecionar qual ele deseja para trazer o dinheiro e, então, só precisa autenticar a transação, com senha ou biometria, e o pagamento é concluído na hora.

Contexto

Especialistas e executivos do setor têm dito que a iniciação de pagamentos é um dos serviços mais promissores dentro do contexto do Open Finance e promete gerar inúmeras oportunidades, ampliando a competição e melhorando a experiência do consumidor na ponta.

Além do Mercado Pago, há outras 11 instituições aptas a operar o serviço de ITP, conforme o Banco Central (BC), em uma lista que vem crescendo dia após dia.

Nesse grupo estão grandes bancos como Banco do Brasil, BTG Pactual e Itaú Unibanco, além de fintechs como Celcoin, Gerencianet, Parati e, mais recentemente, a Quanto. Na fila para serem aprovadas pelo regulador, há cerca de 40 empresas, apurou o Finsiders.

O potencial dos ITPs já começa a ser observado. Celcoin e Transfeera lançaram neste mês APIs de iniciação de pagamento. O Grupo FCamara, por sua vez, tem um acordo com o BTG e acaba de levar sua tecnologia para o grupo de atacado Vila Nova e para as plataformas de e-commerce VTEX e Magento, conforme noticiou o site parceiro Fintechs Brasil.

Conta PJ e pagamento integrado no PDV

Durante o Mercado Livre Experience, os executivos do Mercado Pago também anunciaram uma solução de pagamento integrado das maquininhas de cartão Point aos PDVs. Na prática, o modelo permite ao lojista que usa softwares de gestão (ERPs, na sigla em inglês) conciliar meios de pagamento como débito, crédito, parcelado, Pix e QR Code.

O Mercado Pago já possui integração com várias software houses de segmentos como food, moda, eventos e varejo em geral. Na lista estão empresas como RS Solutions, Imply, Speedcash, TDP, Netcontroll, Viggo e Neo PDV. “Além disso, temos outras software houses já em desenvolvimento, como: MarketUP, Alterdata, Teknisa, Espe Sistemas, Alpha7 e ACSN“, informa a companhia, em nota.

O Mercado Pago também acaba de lançar sua nova conta para empresas que, a partir de agora, passa a exibir métricas e relatórios dos pagamentos das vendas.

Pela conta PJ, além das operações bancárias básicas, é possível contratar tag de pedágio, oferecer cartão de benefício para os funcionários, além de acessar linha de capital de giro. O portfólio de ferramentas de vendas online e office também está incluso.

“Ter opções integradas dentro de um ecossistema traz mais visibilidade para uma melhor gestão operacional e comercial do negócio, o que é um dos fatores-chave para o crescimento dos empreendedores”, afirma Daniel.

Tamanho

Com mais de 38 milhões de usuários únicos, o Mercado Pago é um dos principais negócios do grupo e já representa algo como 46% da receita líquida do Mercado Livre como um todo, conforme os resultados do segundo trimestre deste ano.

A carteira de crédito chegou a US$ 2,7 bilhões ao final de junho, alta de 230% na comparação anual. E o banco tem recebido linhas de financiamento para ampliar sua capacidade de crédito. A última, no valor de US$ 233 milhões, foi liberada pelo Goldman Sachs.


Finsiders é uma plataforma de conteúdo especializada no ecossistema de fintechs, fundada pelo jornalista Danylo Martins