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Bitso, Ripio e Mercado Bitcoin pedem ao Banco Central licença de instituição de pagamentos - BlockNews

As exchanges Bitso, criada no México, Ripio, de origem argentina, e Mercado Bitcoin estão entre as empresas que pediram autorização do Banco Central do Brasil (BC) para serem instituições de pagamentos (IPs). No caso da Bitso, o pedido também inclui o de ser uma sociedade de crédito, disseram as empresas em entrevista ao Blocknews neste final de semana durante o Labitconf 2022, em Buenos Aires. A reportagem é do site parceiro BlockNews.

O CEO e co-fundador da Bitso, Daniel Vogel, afirmou que o plano é aumentar a oferta de serviços que estão conectados à realidade financeira dos usuários. Portanto, quer ir além de uma exchange para transações e custódia de criptomoedas. Assim, pode caminhar para algo mais próximo a um banco digital. O serviço de IP, por exemplo, não seria apenas para usuários pessoas físicas, mas também para clientes institucionais. “No Brasil, esse segmento de clientes é especialmente o que mais cresce para a empresa”, afirma.

O CEO e cofundador da Ripio, Sebastian Serrano, também disse que a ampliação de serviços e produtos é um caminho que a empresa está percorrendo. Banco digital é um futuro possível ainda para o Mercado Bitcoin (MB) como já disse o CEO da empresa, Reinaldo Rabelo. A exchange é uma das que está na listas das empresas que pediram licença para ser IP, Além disso, em breve deve ter uma sociedade de crédito direto, modelo de financeira para fintechs. Já tem tem licença da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para ter crowdfunding e tem participação numa distribuidora de valores e na Cerc, plataforma de valores mobiliários.

PIX internacional

Vogel afirmou que pretende lançar no Brasil o BitsoPay, serviço de pagamentos usando criptomoedas na carteira da exchange e o sistema PIX. Hoje, é possível transferir reais de e para a carteira usando o PIX. Na Argentina, em setembro passado lançou o serviço com uso de QR Code. A estimativa é a de que 70% dos argentinos usam o QR Code no país e 90% o farão em 2023, disse o recém nomeado CEO da Bitso no país, Julián Colombo – até então, o executivo era head de Políticas Públicas. A empresa planeja lançar o serviço em outros países da América Latina, e não apenas no Brasil.

“Somos muito fãs do Pix. É o melhor sistema (de pagamentos) na América Latina e um dos melhores do mundo, similar ao da China. É tecnologia de ponta. Me entusiasmaria em ver mais disso na região”, disse Vogel. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que pretende liberar o código do PIX para outros países. E deve fazer um encontro com outros BCs da região que se interessam pelo sistema, como Colômbia e Uruguai.

Sobre ser uma sociedade de crédito, Vogel não quis dar detalhes. Segundo o Banco Central, as sociedades de crédito, financiamento e investimento (SCFI) são as chamadas financeiras, que são privadas e oferecem empréstimo e financiamento para compra de bens, serviços e capital de giro. A Bitso já oferece serviços de empréstimos de criptos para empresas do setor, por exemplo.

Um dos serviços que a Bitso sempre esteve de olho e onde quer crescer é o de transferências internacionais. “É uma aposta muito clara. No Brasil, (implantar o serviço) é mais complicado, mas estamos vendo como fazer”, de acordo com Vogel. A questão é o forte controle de saída de capital do país. Para fazer operações em pequenas quantidades é mais fácil. Só que a Bitso quer fazer altos valores e para empresas. No corredor de transferências EUA-México, a Bitso prevê que pode fechar o ano com um fluxo de US$ 2 bilhões. No primeiro semestre de 2022 foram US$ 1 bilhão, um aumento de 400% sobre o mesmo período de 2021. E para 2023 espera ter 10% do mercado.

Além disso, está para lançar um cartão de crédito no México. Já há uma fila de espera no país de interessados no cartão. Mas, o CEO da Bitso não deu maiores detalhes.

Na fila para IP

De acordo com Carolina Bohrer, chefe do Departamento de Organização do Sistema Financeiro (Deorf) do BC, há 90 pedidos em análise de empresas que querem operar como IPs. A maioria (51) é para se tornar IP na modalidade de emissor de moeda eletrônica, que permite gerir contas de pagamento pré-pagas.

As 39 solicitações restantes são divididas entre postulantes a iniciador de transação de pagamento, os chamados ITPs. Desses, cinco pretendem ser emissor de instrumento pós-pago, por exemplo, instituições não financeiras que desejam emitir cartão de crédito. E há 24 pedidos “híbridos”, ou seja, que pretendem ser emissor de moeda eletrônica associado a uma das outras três modalidades (emissor de instrumento de pagamento pós-pago, ITP ou credenciador), como publicou o Finsiders, hub de conteúdo sobre fintechs e parceiro do Blocknews e de FIntechs Brasil.

*A fundadora e editora do BlockNews, Claudia Mancini, viajou para a Labitconf 2022 a convite da Bitso.