Cássio Krupinsk*
Em uma sociedade 5.0, poucas transações ainda não são digitais. Hoje, as relações de trabalho, lazer, consumo, comunicação passam por sistemas eletrônicos. No mundo financeiro não é diferente. Neste sentido, podemos prever não apenas o avanço da cachless economy, mas uma tendência que veio para ficar: a tokenização.
O modelo veio para eliminar a necessidade de intermediários e oferecer mais acessibilidade aos investidores a todos os tipos de investimentos. E, em um segmento sedento por segurança e rapidez, a tokenização atende a uma demanda crescente. Sem dúvidas, a solução está se juntando a outras grandes inovações do século 21, como o internet banking, criptomoedas, stablecoins e outras tecnologias que transformaram completamente a maneira como as pessoas lidam com dinheiro.
Com meios eletrônicos de pagamento instantâneos e bancos de bolso funcionando em celulares, a indústria financeira já está em uma nova era de transformação digital. Neste cenário, a tokenização, aliada à agenda do Banco Central (BC), deve alavancar não só a inovação, mas abrir o mercado para novos atores que antes não participavam do jogo, intensificando ainda mais a competição e, consequentemente, o custo-benefício das ofertas aos clientes.
Ainda que o número de pessoas desbancarizadas no Brasil seja alto – 34 milhões continuam sem acesso a bancos, o que equivale a 10% dos brasileiros –, a digitalização do universo financeiro vem a galope. O relatório de tendências da Zoop apontou que o modelo Pix veio para ficar e já é utilizado por mais de 117,7 milhões de brasileiros atualmente. As carteiras digitais seguem a mesma linha de crescimento, com adesão de 89% das pessoas. A pesquisa constatou ainda que os pagamentos por aproximação tiveram um crescimento de mais de 384%, comparando 2020 e 2021. Isso resultou em R$ 198,9 bilhões movimentados apenas nessa modalidade.
O mercado financeiro é extremamente regulado, principalmente no que diz respeito à segurança do dinheiro. Entretanto, existem leis e regulamentações que precisam evoluir para acompanhar as mudanças tecnológicas e de conceitos antigos que se transformam e que não cabem mais na sociedade atual. Hoje, os tokens não têm uma regulamentação própria, então as leis que protegem tanto o dono do ativo quanto o investidor são as que regem o próprio ativo tokenizado, como a regulação da CVM no caso de ativos mobiliários.
Esse é mais um cenário em que podemos observar o pioneirismo da tokenização, já que ela vai além de transformar as maneiras de fazer negócios no mercado financeiro, chegando para revolucionar as legislações que o regem.
Além disso, a tokenização permite que os processos de investimento, liquidação e tempo ganhem um upgrade. Afinal, no mercado tradicional, existem diversos fatores limitantes, como a liquidação que não é instantânea, um local físico que não funciona 24 horas por dia e sete dias na semana, além de outros obstáculos que a tecnologia cripto resolve. De fato, nos próximos anos, o mercado financeiro tradicional será inteiro tokenizado.
*CEO da BlockBR