OPINIÃO

As novas medidas de segurança do Pix serão efetivas?

Novas regras do Banco Central serão mais um reforço de segurança, e não um divisor de águas, defende consultor

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Imagem: IA/Adobe Stock

O Pix tem batido recordes de transações e caiu no gosto do brasileiro. Mas também atraiu a atenção dos fraudadores. Nesta segunda-feira (22/7), o Banco Central (BC), por meio da Resolução 403, determinou limites inferiores para transferências via Pix realizadas a partir de computadores e celulares não cadastrados a iniciar a partir de novembro de 2024. Mas até que ponto essa medida será efetiva na prática contra golpes no Pix?

Quando se limita a transferência de Pix em dispositivos conhecidos, como seu computador pessoal, de trabalho e celular, de fato cria-se imediatamente uma barreira adicional contra golpes. Isso porque a estratégia dos criminosos é obter as senhas do banco da vítima para que eles mesmos possam acessar a conta e realizar o crime.

Mas, na prática, como a grande maioria dos bancos brasileiros já aplica alguma verificação adicional para acessos de dispositivos móveis diferentes, essa novidade será mais um reforço de segurança, e não um divisor de águas.

Mauricio Baum/Colink - Imagem: divulgação
Mauricio Baum/Colink – Imagem: divulgação

Um ponto importante a destacar é que atualmente a maioria dos golpes envolve convencer a vítima a realizar a transferência para a conta do golpista. Nesse sentido, os golpes mais comuns que se encaixam nessa categoria são:

  • Golpe do emprego: golpistas convencem a vítima a realizar um pagamento para poder participar de um processo seletivo. Também é comum ser convidado a entrar em um grupo em que recebe tarefas remuneradas;
  • Clonagem ou sequestro de WhatsApp: golpistas clonam ou assumem o comando do WhatsApp da vítima e solicitam dinheiro a familiares;
  • Golpe do Pix errado: golpistas enviam um Pix para a conta da vítima e a convencem a devolver o dinheiro via outro Pix. Ao receberem o Pix, acionam o Mecanismo Especial de Devolução (MED) para estornar o Pix inicial que a vítima recebeu para a conta do golpista. Assim, a vítima fica sem o Pix que caiu por “engano” e perde o Pix que realizou.

Informação e vigilância

Como é possível ver, apesar do ganho incremental de segurança, uma parte significativa das estratégias de fraude não será reduzida pela novidade do BC.

Portanto, apesar das novas medidas de segurança implementadas pelo BC, a proteção contra fraudes no Pix ainda depende, em grande parte, da atenção e desconfiança da população. Em um cenário onde os golpistas estão cada vez mais sofisticados, a informação e a vigilância são as melhores armas.

*Sócio da consultoria Colink. Também foi diretor de Produtos de Pagamentos da VTEX e General Manager da Dock.