A Tuna, plataforma especializada em orquestração de pagamentos online, está em fase de preparação para uma nova rodada de captação. Desta vez, será uma Série A, prevista para o final de 2024. O objetivo é aumentar suas operações e fortalecer sua presença tanto no mercado brasileiro quanto sua em mercados internacionais, principalmente na América Latina. Além disso, a Tuna está desenvolvendo estratégias para entrar no mercado offline.
Sim, offline. “Além de muito maior, o varejo físico ainda oferece amplas oportunidades para inovações tecnológicas”, disse o CEO Alexander Tabor, em entrevista exclusiva ao Finsiders Brasil.
A Tuna foi fundada em 2019 em Florianópolis por Alexander e Paul Ascher. Os dois são ex-sócios da startup brasileira de compras coletivas Peixe Urbano – que foi vendida ao Groupon em 2017. Alexander disse que a Tuna foi criada para resolver as dificuldades enfrentadas no Peixe Urbano relacionadas a sistemas de pagamento e antifraude. Essas experiências levaram à criação de um gateway de pagamento “altamente configurável”. Segundo Alexander, o sistema da Tuna permite “personalizar fluxos de transações e realizar testes A/B em tempo real para maximizar as taxas de aprovação e minimizar os custos”.
Fraudes
Em seus primeiros anos, a Tuna já conseguiu captar dois investimentos seed. O primeiro foi liderado pela Canary, seguido por um segundo seed com o fundo Atlântico, cofundado por Júlio Vasconcelos, também ex-Peixe Urbano. Esses investimentos permitiram à Tuna escalar suas operações rapidamente. Hoje, a receita anual da empresa está beirando os US$ 4 milhões.
Com os recursos da Série A, a Tuna planeja expandir suas operações internacionalmente, começando por países da América Latina, como México e Colômbia. Lá, segundo o CEO, há uma alta incidência de fraudes e uma demanda crescente por soluções eficientes de pagamento. “Estamos de olho em mercados onde nossa expertise em prevenção de fraudes pode realmente fazer a diferença”, afirma.
Offline
No mercado brasileiro, o comércio eletrônico deve movimentar cerca de R$ 205 bilhões em 2024, representando um aumento de 10,45% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Contudo, o varejo offline é muito maior, movimentando R$ 2,75 trilhões em 2023, segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) . Esses números indicam o vasto potencial que a Tuna busca capturar com sua entrada no mercado offline, ampliando suas operações para além do e-commerce.
“Ainda há muito espaço para inovação no varejo físico, e nossa entrada no mercado offline é um passo estratégico para capturar essa oportunidade”, afirma Alexander. A Tuna está desenvolvendo soluções que integrarão as operações online e offline, “oferecendo uma experiência de compra mais fluida, cada vez mais necessário em um ambiente de varejo omnichannel.”
“Tunando” pagamentos
Além de sua atuação em pagamentos diretos, a Tuna oferece soluções para subadquirentes e marketplaces, que enfrentam desafios como a necessidade de realizar split de pagamentos complexos. A Tuna oferece a esses players a capacidade de agendar pagamentos aos vendedores apenas após a confirmação de que o comprador recebeu o produto e está satisfeito. Isso, de acordo com o CEO, minimiza riscos e melhora a confiança na plataforma.
Adicionalmente, a Tuna também está desenvolvendo soluções de crédito para vendedores de marketplaces, permitindo que eles acessem fundos antes mesmo do fechamento das transações. “A oferta de crédito integrada com os sistemas de pagamento da Tuna oferece uma vantagem competitiva, já que o fluxo de caixa rápido pode ser um diferencial crucial para pequenos e médios vendedores”, acredita Alexander.
“A nossa plataforma nasceu para ‘tunar’, ou seja, sintonizar e otimizar, cada etapa do processo de pagamento. Desde a redução de fraudes até a melhoria da eficiência dos splits de pagamento em marketplaces, estamos focados em oferecer soluções que realmente atendam às necessidades dos nossos clientes”, explica Alexander. “Essa abordagem faz da Tuna não apenas uma solução de pagamento, mas uma plataforma que otimiza a operação financeira de seus clientes.”
Concorrência
A Tuna enfrenta concorrência de fintechs como a Transfeera, que se especializou em soluções de infraestrutura para processamento de pagamentos e validação de dados bancários. A Transfeera, que há três meses atraiu a espanhola PayRetailers, busca consolidar sua posição no segmento de “payment account to account” e ampliar sua base de clientes.
Já a EntrePay se destaca por sua estratégia de “coopetição”, formando parcerias estratégicas com outras fintechs para expandir sua presença no mercado B2B. A empresa oferece serviços financeiros como abertura de contas digitais e antecipação de recebíveis, e está focada em aumentar sua base de clientes em regiões menos assistidas do Brasil.
Outra fintech do segmento é a Destaxa, que fornece software para orquestração de pagamentos, facilitando a integração de diferentes adquirentes e subadquirentes em um único ambiente. Com essa abordagem, a Destaxa tem crescido rapidamente, especialmente entre pequenos e médios negócios, que buscam eficiência nas operações de pagamento. No varejo físico, outro exemplo é a Shipay, que tem como um dos investidores Laércio Cosentino, sócio-fundador da Totvs.