Em poucos anos, é possível que os brasileiros usem apenas alguns aplicativos no celular para fazer todas as suas transações financeiras — mesmo que isso envolva diferentes instituições. Os chamados super apps são a aposta do setor para o futuro do Open Finance no Brasil.
Com o Open Finance, clientes compartilham voluntariamente seus dados financeiros entre quantas instituições quiserem. O objetivo é obter condições mais competitivas em ofertas de serviços. Com o avanço da tecnologia dessa troca de informações, a expectativa é que esses aplicativos não apenas compartilhem dados, mas também permitam que o cliente transacione seu dinheiro por várias instituições num só lugar.
“A partir desses super apps, você consegue resolver sua vida financeira quase que completamente”, explica Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem. Esse conceito, inclusive, engloba não só o Open Finance, como também o Pix e suas evoluções e o Drex, o Real Digital.
O primeiro aplicativo a receber o título de “super” foi o chinês WeChat, da Tencent. Ele combina o serviço de mensagens instantâneas (algo como um WhatsApp) com outras possibilidades diversas. Por exemplo, carteira digital, jogos, serviços de transporte e marketplace.
Esse conceito no Brasil, porém, não deve ser tão amplo como já acontece na China, conforme avalia Bruno. “Provavelmente, os super apps aqui no Brasil nunca serão como os da China, porque lá são muito amplos em tudo”.
No entanto, o consultor acredita que há potencial de trazer um movimento de quebra da divisão entre os setores. Assim, veremos instituições financeiras ofertando outros serviços por meio de parcerias. “São aplicativos que integram a solução de diferentes players, inclusive de terceiros, como um banco que oferece marketplace dentro de seu aplicativo por meio de uma parceria”, explica. Um dos exemplos mais conhecidos no mercado brasileiro é o programa “Iphone para sempre”, parceria do Itaú com a Apple.
Outro exemplo é do aplicativo do Inter, que já se posiciona como uma plataforma e não mais como um banco. Além de conta digital, o app oferece acesso a diversos produtos e serviços financeiros, assim como um shopping dentro do mesmo lugar.
É seguro instalar um ‘super app’?
Esses super apps estão sendo desenvolvidos por bancos, fintechs e empresas que já estão no mercado, mas que querem agora centralizar cada vez mais serviços em um só lugar. Quando baixados diretamente das lojas de aplicativos (Google Play Store e Apple Store), oferecem os mesmos critérios e protocolos de segurança que os aplicativos menores.
Bruno comenta que, com a possibilidade de fazer compras em lojas pelo aplicativo de um banco — caso do app do Banco do Brasil (BB) e a parceria com a Amazon —, o cliente pode sentir que a instituição “empresta” sua reputação para a loja final.
“Alguns clientes estão preferindo fazer a compra por dentro do aplicativo do banco por se sentirem mais seguros no ambiente do banco para fazer uma transação”, aponta.
A parceria é benéfica para ambos os lados, destaca o especialista. O cliente pode participar de programas de recompensa e cashback por fazer compras no âmbito dessa parceria. Já o banco consegue entender melhor os hábitos e consumo de seus clientes.