Segunda instituição financeira no Brasil com maior número de consentimentos únicos para compartilhamento de dados de empresas, o Mercado Pago já colhe frutos da sua aposta no Open Finance. Segundo Daniel Davanço, chefe de Pagamentos para pequenas e médias empresas (PMEs) do banco digital no Brasil, 30 mil clientes tiveram acesso a crédito depois que compartilharam seus dados.
Isso acelerou o acesso a crédito aos clientes. “Antes, era preciso acompanhar sua movimentação por até um ano. Agora, no mesmo mês que o cliente chega e compartilha seus dados, conseguimos liberar um empréstimo”, diz Daniel. Com isso, a carteira de crédito do Mercado Pago cresceu 84% em um ano.
Uma pesquisa, realizada em setembro pela fintech com 3,7 mil usuários da sua base de PMEs, mostrou que 53% dos clientes reconhecem que compartilhar seus dados foi o que garantiu o acesso a crédito na instituição. Daniel diz, ainda, que 93% dos clientes ouvidos precisam de crédito, e 40% deles afirmam que as receitas cresceram 30% nos seis meses seguintes ao empréstimo. Daniel não revela o valor da carteira das três modalidades: antecipação de recebíveis, capital de giro e cartão de crédito. Mas informa que 80% dos clientes já contrataram crédito – 66% deles recorreram à linha de capital de giro.
“Os números são animadores, mas ainda há muito o que avançar. Nem todos os players no mercado têm a mesma taxa de aceite; em algumas instituições ela é 10 vezes menor do que a nossa”. Ou seja, Daniel acha que poderia ter ainda mais clientes compartilhando dados de outros bancos com o Mercado Pago. Segundo ele, essa e outras melhorias têm sido discutidas com o Banco Central.
Software de gestão
Mas o Mercado Pago não aposta só no Open Finance para ampliar o acesso dos seus clientes a crédito. A fintech acaba de anunciar que entrou no negócio de software de gestão para PMEs. O lançamento ocorreu durante o evento Mercado Livre Experience 2024, nesta terça-feira (24/9).
Além de resolver uma “dor” das PMEs, ficar por dentro de tudo o que o cliente recebe e paga também contribui para melhorar a oferta e a precificação de crédito por parte do Mercado Pago. “Nós já tínhamos muitas funcionalidades, como gestão de estoques e catálogo de produtos, ativas para vendedores do Mercado LIvre. Só consolidamos em um serviço e passamos a oferecer para clientes fora da plataforma”, diz Paula Arregui, vice-presidente sênior de Adquirência do Mercado Pago.
Segundo Paula, usar uma solução desenvolvida em casa em vez de comprar uma pronta de terceiros teria a vantagem de ser sob medida para o público alvo. “A integração é simples”, diz. Sem citar nomes, ela citou as dificuldades que concorrentes estão enfrentando na integração – caso da Stone com a Linx.
Paula também recorreu à mesma pesquisa com 3,7 mil PMEs da base para justificar a opção de entrar no negócio. “Vimos que 88% dos empreendedores sentem falta de um software de gestão com dados e insights, como relatório de vendas, relação de produtos mais vendidos. Para 74%, ter uma visão unificada do seu estoque e vendas por meio de um único software traz mais eficiência e resulta em vantagem competitiva para a sua empresa”, diz. Para ela, o novo serviço terá, ainda, o poder de fidelizar os clientes.
Daniel explica que o serviço será gratuito para clientes recorrentes do Mercado Pago, mas qualquer empresa pode usar, mediante o pagamento de uma taxa. O executivo não esclareceu, porém, quais os critérios serão usados para determinar “recorrência”, nem as taxas que serão cobradas. “Não existe hoje no mercado solução simples sob medida para essas empresas. Muito menos grátis”, afirma.