TECNOLOGIA

Galileo negocia com fintechs e bancos para crescer em 'core banking'

Empresa norte-americana de tecnologia financeira também espera avançar em processamento de cartões

Abdul Assal/Galileo
Abdul Assal/Galileo | Imagem: Divulgação

A Galileo, empresa de tecnologia financeira do grupo norte-americano SoFi, definiu o Brasil como o principal país para a expansão de seus negócios na América Latina neste ano e nos próximos. O foco neste momento é ampliar a carteira de clientes, principalmente em core banking, mas também em processamento de cartões.

“Em core banking, temos pelo menos dez empresas em negociação, incluindo fintechs de crédito (SCDs) e um banco público. Em processamento de cartões, já fechamos com uma empresa, mas vamos escalar em 2025″, diz Abdul Assal, executivo-chefe da Galileo no Brasil. Ex-Mastercard, onde foi vice-presidente, Abdul chegou à Galileo em abril deste ano com a missão de crescer a operação no País.

Presente em 16 países, incluindo Estados Unidos, Canadá e mais 14 na América Latina, a Galileo soma atualmente 158 milhões de contas. Para avançar na região latina, sua controladora SoFi adquiriu em 2022 a argentina Technisys, de core banking na nuvem, por US$ 1,1 bilhão.

Em core banking, a Galileo atende hoje quatro players brasileiros: Banco Original, Banco do Estado do Sergipe (Banese), CSU Digital e Veloe. O desafio agora é ampliar o portfólio, atraindo tanto bancos quanto fintechs, diz Abdul. Em sua visão, o Brasil tem potencial para chegar ao posto de maior mercado da empresa, superando até os EUA.

De acordo com ele, a oportunidade existe devido à combinação entre novas tecnologias, agenda de inovação regulatória capitaneada pelo Banco Central (BC) e mudanças de hábitos do consumidor. Essa “tríade” vem impulsionando os negócios que atuam com infraestrutura em serviços financeiros e pagamentos.

Sistemas legados

“No Brasil há cerca de 25 empresas que oferecem o serviço de processamento de cartões. Mas é um mercado que ainda tem muito legado”, aponta o executivo. Para crescer na área, a Galileo aposta em soluções na nuvem, que rodam com microsserviços e por meio de APIs (sigla em inglês para interfaces de programação de aplicações).

Em processamento de cartões, alguns dos principais clientes da Galileo são fintechs e bancos digitais que atuam com contas globais. Entre eles, estão nomes conhecidos dos brasileiros, por exemplo, Nomad, XP, Genial e Remessa Online. “Somos muito fortes nesse segmento. Estamos prestes a fechar mais um contrato, mas ainda não posso abrir o nome”, diz Abdul.

Desde novembro de 2023, a techfin também tem autorização da Mastercard para processar cartões com a bandeira no Brasil. A partir do ano que vem, o plano é avançar no mercado local, afirma o executivo. Isso deve levar a uma ampliação da equipe no País, hoje com 80 pessoas.

Questionado sobre a necessidade de licenças regulatórias, como a de instituição de pagamento (IP), Abdul explica que a Galileo é um provedor de tecnologia que trabalha com bancos parceiros. Para soluções de banking as a service (BaaS), por exemplo, a Galileo tem acordo com a Genial e está fechando outras duas parcerias, diz o executivo. “Nos EUA, para se ter uma ideia, temos 20 bancos parceiros.”

Concorrência

Nos mercados de tecnologia financeira e infraestrutura de pagamentos, a Galileo enfrenta uma série de concorrentes. A porto-riquenha Evertec é uma delas – no ano passado, a empresa comprou as brasileiras paySmart e Sinqia, e não deve parar por aí.

Outro nome forte é a Pismo, comprada pela Visa por US$ 1 bilhão. Quem também busca uma fatia do mercado é a argentina Pomelo, que recebeu US$ 40 milhões no início deste ano.

Em core banking, os competidores incluem Matera, Topaz e outros.