CRÉDITO

flip entra em antecipação de recebíveis de cartões "sem interação humana"

Fintech, que já atuava com antecipação de duplicatas e capital de giro, prevê faturar R$ 80 milhões em 2025

Gustavo Traballe (esq.) e Raphael Levi/flip
Gustavo Traballe (esq.) e Raphael Levi/flip | Imagem: divulgação

A plataforma de crédito flip, fundada em 2018 por Raphael Levi e Gustavo Traballe, acaba de entrar no mercado de antecipação de recebíveis de cartão de crédito. Segundo os sócios da fintech, que já atuava com antecipação de duplicatas e capital de giro, a solução é totalmente automatizada: o processo de concessão de crédito não envolve interação humana. “Um robô analisa dados em tempo real, permitindo decisões rápidas e precisas”, diz Raphael, em entrevista ao Finsiders Brasil.

Raphael iniciou sua carreira no mercado financeiro e fundou a Lotus, uma empresa de crédito para companhias de médio e grande porte. Mas logo percebeu que faltavam alternativas para outro público, as pequenas empresas. “Mais de 68% das micro e pequenas empresas no Brasil não conseguem crédito em lugar algum”, afirma Raphael. “A flip veio para atender essa necessidade”.

Gustavo Traballe, cofundador e especialista em tecnologia, trouxe sua experiência no desenvolvimento de plataformas para o projeto. “Desde o início, nosso foco foi criar uma solução verdadeiramente tecnológica, onde o cliente pudesse resolver suas necessidades de crédito em dois minutos, sem precisar falar com ninguém”, afirma Gustavo. Na flip não existem funcionários para tomar decisões de crédito. “O robô analisa mais de 500 dados simultaneamente e decide o limite de crédito do cliente de forma precisa e transparente.”

“Precificado” por robô

Pela plataforma, o cliente acessa o sistema, escolhe as vendas que deseja antecipar, e o robô precifica automaticamente as operações com base nos dados disponíveis. Segundo Raphael, o cliente pode ver todas as opções de crédito disponíveis e escolher a que faz mais sentido para ele naquele momento. “É uma jornada completamente digital, sem necessidade de envio de documentos ou interações complexas”, complementa Gustavo.

A flip atua como consultora de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é responsável pela operação e concessão de crédito. Formalmente, a flip é constituída como uma empresa limitada de tecnologia, e sua principal função é gerar e analisar negócios para esse FIDC. O fundo, por sua vez, provê os recursos financeiros utilizados nas operações de crédito.

O sócio acredita, ainda, que um dos grandes diferenciais da flip é a flexibilidade. “O cliente pode escolher quanto ele quer antecipar e de qual recebível, sem ser obrigado a antecipar tudo”, explica Raphael. Isso permite que os pequenos empresários tenham maior controle sobre seus fluxos de caixa.

A fintech, que começou com um investimento inicial de R$ 10 milhões, cresceu de forma orgânica, sem necessidade de aportes externos, e vamos alcançar um faturamento de R$ 40 milhões em 2024. A projeção para 2025 é de R$ 80 milhões, dobrando o resultado do ano anterior. Gustavo destaca que a nova operação de antecipação de recebíveis de cartão de crédito deve representar 20% desse crescimento. “Acreditamos que essa linha de cartões será uma parte importante da nossa expansão nos próximos anos”, afirma.

IA generativa

Além disso, a flip está investindo mais em Inteligência Artificial (IA) para aprimorar a análise de crédito. “Nosso robô já utiliza IA para ler documentos e precificar vendas, mas estamos avançando para usar IA generativa, o que vai melhorar nossa capacidade de detectar fraudes e aumentar a velocidade das decisões de crédito”, destaca Gustavo.

A flip já impactou mais de 300 mil empresas em todo o Brasil, movimentando mais de R$ 1,5 bilhão em operações de crédito. Raphael enfatiza que o principal objetivo da fintech é ajudar as empresas a manterem seus negócios ativos. “A falta de crédito é o principal motivo pelo qual tantas empresas fecham no Brasil. Nosso objetivo é mudar isso”, diz Raphael.