O sucesso incontestável do Pix, o avanço de novas tecnologias como o NFC (aproximação) e a concorrência mais acirrada estão chacoalhando o mercado de pagamentos no Brasil, especialmente a indústria de cartões. Se tempos atrás esse setor vivia o que ficou conhecido como “guerra das maquininhas”, agora a disputa é por tecnologia. Isso acontece num momento em que ganha cada vez mais força a desmaterialização dos terminais POS (sigla em inglês para pontos de venda).
“Essa história de ‘guerra das maquininhas’ ficou para trás. Agora é ‘guerra da tecnologia’. Quando você vai para a base da pirâmide, como microempreendedores, profissionais liberais, a maquininha ainda é muito cara. Mas a partir do momento em que se pode transformar os celulares em maquininhas, isso é importante”, disse Luis Lima, superintendente de Produtos e Parcerias Digitais da Rede, a credenciadora do Itaú, durante o evento “Zoop Payments Leadership”, nesta quarta-feira (30/10).
Não à toa, a tendência do tap on phone ou tap to pay ganha cada vez mais força no País, movimentando tanto os bancos incumbentes quanto as fintechs. Em paralelo, os pagamentos por aproximação continuam em franco crescimento. Até o primeiro semestre deste ano, por exemplo, mais de 60% das compras presenciais com cartões eram dessa natureza, de acordo com os dados mais recentes da Abecs, associação que representa empresas de meios eletrônicos de pagamentos.
Pagamentos sem hardware
Para Fabiano Cruz, fundador da Zoop – fintech do iFood -, há um movimento crescente do soft POS, que é transformar os terminais em software. “Existe hoje um conceito de hardwareless payments, ou seja, pagamentos sem terminal. E o software está embarcado em qualquer lugar, por exemplo, no telefone”, citou o empreendedor. “Cada vez mais vamos ver isso avançar, que é você pagar com a palma da mão, ou ainda com reconhecimento facial. Tem uma série de novos pagamentos que serão independentes de hardware.”
Fabiano mencionou um sistema na Índia que aceita pagamentos via NFC ou QR Code, emitindo um som quando a transação é realizada. “É um hardware baratinho que está no balcão. Então, imagina você usando o Pix nesse sistema. Não precisa nem do lojista com o celular dele habilitado, por exemplo”, afirmou.
Com a evolução do Pix – que terá em breve a modalidade por aproximação -, a chegada do Drex e a maior adoção dos brasileiros ao Open Finance, a palavra-chave é interoperabilidade, disse Beatriz Bueno, sócia e diretora de novos negócios do FitBank. “De forma isolada, esses meios de pagamento são difíceis de escalar. Então, a interoperabilidade e a Inteligência Artificial transacional são o futuro dos meios de pagamento.”