MED

Só 5% das vítimas de golpe com Pix sabem usar sistema de devolução do BC

Sete em cada dez pessoas que sofreram golpes nunca ouviram falar sobre o MED, criado pelo Banco Central

Golpes financeiros
Golpes financeiros | Imagem gerada por IA/Adobe

Mecanismo lançado em 2021 pelo Banco Central (BC) para facilitar a devolução de dinheiro em caso de fraudes com Pix, o MED não tem a mesma popularidade do sistema de pagamento instantâneo. Apenas 5% das vítimas de golpes conhecem o recurso e sabem como utilizá-lo. É o que mostra o estudo “Golpes com Pix 2024“, feito pela empresa de proteção financeira digital Silverguard e divulgado em 12/11.

A pesquisa, que teve como base 5 mil denúncias recebidas pela plataforma SOS Golpe no primeiro semestre, revela o amplo desconhecimento dos brasileiros em relação ao MED. Sete em cada dez (68%) nunca ouviram falar sobre esse mecanismo. Já outros 27% até sabem da existência dele, mas não como funciona. Além disso, duas em cada três vítimas de golpes com Pix chegam à plataforma sem ter acionado o MED.

De acordo com o levantamento, que também obteve dados junto ao BC por meio da Lei de Acesso à Informação, em 2023 o regulador contabilizou mais de 2,5 milhões de pedidos de devolução de dinheiro via MED. Esse número representa menos de 0,01% das quase 42 bilhões de transações com Pix no ano passado. A taxa de devolução de recursos também é baixa: cerca de 9%.

Devido à subnotificação e ao desconhecimento da população, a Silverguard estima, ainda, que o número real de golpes com Pix seja até três vezes maior do que as solicitações feitas por meio do MED.

MED 2.0

O BC trabalha no aperfeiçoamento do MED, a versão MED 2.0. Atualmente, o mecanismo para na “primeira camada” de transferência. Ou seja, se depois do golpe, o estelionatário distribuir o dinheiro para uma terceira conta, o valor não é mais localizado. “A expectativa é que o MED 2.0 possa alcançar outras camadas”, disse Carlos Brandt, chefe da Gerência de Gestão e Operação do Pix, no evento da Silverguard.

Segundo ele, a ideia é que o mecanismo tenha novos recursos que facilitem para os usuários pedirem o dinheiro de volta. “Temos trabalhado, por exemplo, na criação de uma espécie de autoatendimento do MED”, afirmou, sem detalhar como isso funcionaria, na prática. Hoje, todo o trâmite é feito a partir da notificação, via aplicativo ou pelos outros canais oficiais do banco de onde os valores foram transferidos.

O BC vem lançando uma série de medidas para evitar e combater os golpes com Pix. Segundo Carlos, a agenda de segurança é permanente, e o regulador tem um olhar “constante e obsessivo” quanto ao tema. Os novos produtos do arranjo, inclusive, já nascerão levando esse aspecto em consideração. “Pensamos em todos os detalhes de segurança desde a concepção e o desenho dos produtos. É a segurança by design“, disse.