RISCOS

Empresas de tecnologia trabalham para diminuir estornos em cartões

BC deve publicar em breve novas regras para a gestão de risco dos arranjos de pagamento, o que inclui os estornos em cartões de crédito

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Imagem de Steve Buissinne por Pixabay

Os estornos – também chamados de chargebacks – são uma pedra no sapato para as empresas da indústria de cartões de crédito. Ninguém gosta, então é preciso desenvolver estratégias que diminuam a exposição do negócio a pedidos de estornos, ou melhorar o índice de falsos positivos sem aumentar os custos finais.

Pensando nisso, fintechs e empresas de tecnologia estabelecem suas operações para resolver problemas de bancos, bandeiras, clientes e lojistas. Duas delas, por exemplo, estão em pontas opostas: uma age diretamente com o consumidor final para evitar golpes e fraudes em cartões corporativos que poderiam gerar pedidos de estorno. Já outra promete agilizar os processos de disputa do lado do lojista. 

Em breve, o Banco Central (BC) deve publicar novas regras para a gestão de risco dos arranjos de pagamento, incluindo possíveis mudanças em relação aos chargebacks. Uma consulta pública, concluída em novembro, indica que bancos e bandeiras divergem em suas opiniões.

Camada adicional de segurança

Com a tecnologia de tokenização automática em cartões corporativos, o Stark Bank afirma que mantém a incidência de chargebacks abaixo de 0,004% por ano desde o lançamento, em 2022.

Funciona assim: o funcionário recebe um cartão de crédito corporativo. Ao vinculá-lo em um e-commerce ou marketplace, como aplicativos de refeições, mercado ou transporte, a tecnologia automaticamente atrela um cartão virtual para cada loja. Desta forma, cada cartão autoriza transações apenas no estabelecimento específico ao qual ele está vinculado.

“É uma camada a mais de segurança. Garante que, caso as informações do cartão vazem de forma indevida, ele não possa ser utilizado em outros lugares não autorizados. Este é o principal mecanismo, mas a empresa também pode definir controle de gastos como lugares específicos e horários”, resume Auziane Moraes, líder de Produtos do Stark Bank, que tem cerca de 1,5 mil clientes PJs.

O funcionário consegue visualizar todos os cartões virtuais gerados e vinculados ao seu “principal” no aplicativo. “Cada token é atrelado a cada recebedor. Essa tokenização ocorre em cima de um cartão único existente. A bandeira não enxerga essa segunda parte específica, só vê o principal”, explica Letícia Schelb, líder de Jurídico e Regulatório da fintech.

De olho nos lojistas

Para os lojistas, que precisam lidar com contestações como parte da operação, a Equifax – dona da Boa Vista no Brasil – trouxe há seis meses para o País uma solução de gestão de chargebacks, alimentada com Inteligência Artificial (IA). “Ele avisa o lojista com até 40 dias de antecedência que há um pedido de chargeback chegando”, explica Rogério Signorini, vice-presidente de Produtos e Pré-Vendas.

“Se for o caso de fraude, a solução avisa quase no mesmo dia que há um pedido de estorno. Então, se o lojista ainda não enviou o produto, ele não vai ter esse prejuízo de ter mandado um bem que foi comprado via fraude e que não receberá por isso”, diz. “O grande valor para o lojista é evitar o prejuízo por uma compra fraudulenta.”

O sistema, que atua no auxílio do lojista ao longo do processo de contestação, está presente em 47 países. A tecnlogia identifica, intercepta e desvia disputas pós-autorização e pré-estorno de diversas bandeiras na mesma interface.

A ferramenta também auxilia o pequeno empreendedor em todos os passos da disputa de chargebacks. Indica, por exemplo, prazos e documentos que devem ser anexados ao processo ao longo da investigação de golpe ou fraude.

De acordo com Rogério, a solução contribuiu para evitar mais de US$ 1,6 bilhão em estornos fraudulentos em 2023 em todo o mundo. Assim, reduziu o percentual de chargeback das empresas, que têm limitações definidas pelas bandeiras sob risco de punições.