OPEN FINANCE

PilotIn chega para ajudar empresas e clientes a melhorar gestão de crédito

Fintech que utiliza Inteligência Artificial já tem uma parceria fechada e várias encaminhadas. Próximo passo é pedir licença de ITP para o BC

Ellen Gouveia, Rogerio Melfi, Ingrid Barth e Ana Gabriela Seincman, cofundadores da PilotIn
Ellen Gouveia, Rogerio Melfi, Ingrid Barth e Ana Gabriela Seincman, cofundadores da PilotIn | Imagem: Doris Delal

Colocar os brasileiros no controle de suas finanças. Esse é o objetivo do recém-lançado PilotIn, que nasce com um pé fincado no conceito de compartilhamento de dados do Open Finance e outro no uso intensivo de Inteligência Artificial (IA) para analisar esses dados. E, se de um lado investe em centralização dos dados, orientação e educação financeira para consumidores, de outro gera insights para que empresas não financeiras – varejistas e indústrias, por exemplo – consigam dar mais crédito, e mais justo, para esses consumidores.

A ideia central do PilotIn é reunir, em uma única plataforma, todas as informações sobre contas e serviços financeiros de diferentes instituições. Ao contrário de outras soluções parecidas, porém, o objetivo principal do PilotIn é ampliar o acesso a crédito, e de forma consciente – não apenas prestar consultoria e centralizar informações sobre saldos e investimentos.

“Por meio de um cockpit intuitivo, a fintech ajuda os usuários a entender sua saúde financeira, a se organizar para pagar contas em dia e a acessar crédito com taxas de juros mais justas”. A explicação é de Ingrid Barth, sócia e cofundadora do PilotIn, que concedeu entrevista exclusiva ao Finsiders Brasil. O nome PilotIn transmite a ideia de pilotar, em inglês – mas também é o diminutivo de piloto, em “mineirês”. E, em alemão, quer dizer “(a) pilota”. Por isso, a referência a cockpit (a cabine do piloto).

Promissor e desafiador

A empresa que contrata o PilotIn, por sua vez, pode utilizar algoritmos de IA que oferecem insights e monitoramento para identificar padrões positivos no comportamento financeiro de seus clientes – como pagamentos regulares – e conceder crédito de forma mais assertiva. Assim, consegue reduzir a inadimplência e melhorar o relacionamento com seus clientes. Essas empresas não financeiras vêm, cada vez mais, abrindo suas próprias fintechs para rentabilizar a base de clientes com a oferta de produtos como conta e crédito. Exemplos não faltam entre operadoras de telecom, varejistas e empresas do agro. “Mas elas não têm acesso a dados financeiros, como os bancos”, diz Ingrid.

O PilotIn nasce em um cenário promissor, mas desafiador. “O Brasil é considerado um dos países mais avançados em Open Finance, com uma maturidade de 77% no setor, segundo o Open Finance Maturity Index 2024 da Capgemini. No entanto, uma pesquisa do Datafolha aponta que mais da metade da população ainda não compreende como o Open Finance pode beneficiá-la”, diz Ingrid. Para ela, essa lacuna representa uma grande oportunidade. “Criamos o PilotIn para democratizar o acesso a bons produtos financeiros e transformar as pessoas em ‘pilotas’ de suas vidas financeiras. Acreditamos que o Open Finance pode ser um divisor de águas para a relação dos brasileiros com o crédito e o consumo”.

O PilotIn busca, ainda, aprimorar a experiência do usuário. Para isso, aposta no uso do WhatsApp para interação direta com os consumidores, lembretes de pagamentos automatizados, integração de todas as contas bancárias e até mesmo a possibilidade de renegociar dívidas diretamente pela plataforma. Um aplicativo mais robusto será lançado ainda em 2025.

Do PilotIn para o BC

Ingrid tem mais de 20 anos de experiência no setor financeiro e foi cofundadora do Linker, fintech vendida para a Omie em 2021. “Eu gostei muito da experiência de empreender, mas foi tudo muito rápido. Agora quero passar por todas as fases, até, eventualmente, a abertura de capital”, diz. Ingrid, porém, não desistiu do seu sonho maior: ser presidente do Banco Central (BC). E sendo bem sucedido, o case da fintech que acaba de lançar pode ser um degrau para atingir sua meta.

Ao seu lado, no PilotIn, estão Ana Gabriela Seincman, advogada e diretora de operações da fintech, com expertise em regulação financeira e governança corporativa; Rogerio Melfi, especialista em Open Finance e responsável por produtos; e Ellen Gouveia, diretora de tecnologia com vasta experiência em instituições financeiras.

O time fundador também recebeu apoio de importantes investidores e advisors. Uri Levine, cofundador do Waze, é um dos principais conselheiros da fintech. E investidores-anjo renomados, como Denis Minev (CEO da Bemol) e Bruno Balduccini (sócio do Pinheiro Neto Advogados), também apostaram no potencial do projeto.

Licença de ITP

Com um modelo de negócios baseado em assinaturas (SaaS), o PilotIn já conta com empresas interessadas em implementar suas soluções. A expectativa é fechar 20 contratos até o final de 2025, além de expandir sua presença no mercado B2C. Outro objetivo estratégico para o próximo ano é obter a licença de Iniciador de Transação de Pagamento (ITP), que permitirá maior autonomia regulatória à operação. “Posso me arrepender disso depois, mas hoje digo que estou ansiosa por ser uma entidade regulada pelo BC”, brinca. Ingrid já tem alguma experiência nisso: atuou no Conselho Deliberativo do Open Finance do BC por quatro anos.

Enfim, o PilotIn chega com a ambição de se tornar uma referência global em gestão financeira. Como define Ingrid: “Estamos criando um case que une tecnologia, dados e propósito para transformar a relação dos brasileiros com suas finanças. Nosso sonho é ser o cockpit definitivo, onde cada pessoa possa pilotar sua vida financeira com segurança e simplicidade”.