A Tivit Techfin, da multinacional brasileira de tecnologia Tivit, espera avançar em duas frentes neste ano. Com soluções de meios de pagamento no modelo Payment as a Service, planeja conquistar empresas não financeiras. Já em infraestrutura, a ideia é atrair instituições financeiras de médio porte. A plataforma, lançada em 2021 como TBanks, foi modernizada no ano passado com um investimento de R$ 25 milhões. E para comandar a vertical, a Tivit trouxe há cerca de seis meses Rafael Maia (ex-Matera, Dimensa e Sinqia).
O executivo conta que os sistemas de gestão empresarial (ERPs) são um dos principais perfis na mira da Tivit Techfin. A ideia é levar soluções de pagamentos, como Pix, boleto e ‘bolepix‘ para essas plataformas, por meio de integração via API. “A tendência não é ter internet banking para empresas, mas ter isso embarcado em ERPs”, aponta Rafael. API é a sigla em inglês para interface de programação de aplicação.
Hoje, a Totvs é um dos principais clientes da Tivit Techfin, e a empresa está fechando contrato com outro grande player de ERP, diz Rafael, sem abrir o nome. “Esse que vai entrar deve aumentar nossa receita em 33%”, afirma ele. No pipeline, há cerca de 20 ERPs de pequeno porte e outros cinco maiores. O modelo de negócio é vantajoso para os ERPs, pois podem ganhar um valor em cima de cada transação feita pelas empresas clientes, explica o executivo. “Os ERPs estão gostando porque damos rebate para eles. Isso é uma fonte de receita muito interessante para a operação deles.”
Uma ou outra
Para oferecer os serviços de pagamentos, a Tivit Techfin comprou em 2022 a Conpay, uma fintech de João Pessoa (PB) que ainda aguarda autorização do Banco Central (BC) para se tornar Instituição de Pagamento (IP) regulada. Em paralelo, a empresa também tinha feito o pedido ao BC para ter uma IP – a TBanks -, cuja aprovação veio em dezembro de 2024. “Quando o BC autorizar a Conpay, provavelmente vamos vender uma das IPs reguladas porque não faz sentido manter as duas. Mas estamos estudando como fazer, ainda não tem nada decidido”, diz Rafael.
Enquanto aguarda o sinal verde do BC, a Tivit Techfin roda suas operações como uma instituição indireta. Ou seja, depende de conexão com uma instituição financeira regulada – no caso deles, um banco. Quando passar a atuar com conexão direta ao sistemas do BC, poderá liquidar diretamente suas transações de pagamento, sem precisar de intermediários. “Nossa intenção é competir fortemente no mercado, com custos mais baixos”, diz Rafael.
Infra
A infraestrutura de pagamentos é o outro mercado que a Tivit Techfin busca desbravar. A Tivit em si já é homologada pelo BC como Provedor de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTI). A licença, que funciona como uma espécie de ‘tubo de conexão’ com a Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN), permite que a empresa processe transações via Pix para instituições reguladas.
Hoje, além da Tivit, outros nove players são PSTI, de acordo com informações no site do BC. Entre eles estão, por exemplo, a JD Consultores e a Stark Infra. “Estamos no processo de ativação como PSTI. Temos vários bancos no pipeline. Um deles, que é um banco de câmbio, está em fase de piloto”, afirma o executivo, sem abrir o nome da instituição.
Para Rafael, a experiência da Tivit em infraestrutura de TI, cloud e cibersegurança joga a favor da techfin no ambiente concorrido de infra em serviços financeiros. “Empresas do setor representam 25% da nossa carteira. Uma das maiores adquirentes do País, por exemplo, tem todo o processamento de suas transações por nossos sistemas”, diz ele.
Hoje, a operação da Tivit Techfin ainda é pequena comparada à empresa como um todo. São cerca de 20 pessoas nessa vertical de negócio, de um total de mais de 6 mil funcionários. Segundo Rafael, há planos de expandir a equipe comercial.