
Não há dúvidas de que a Inteligência Artificial (IA) é uma tendência que veio para ficar no setor financeiro. Cada vez mais é possível ver a transformação que a tecnologia está provocando em bancos e fintechs, para além da simples automação ou dos chatbots. No futuro a expectativa é de um ecossistema financeiro mais integrado, com jornadas conversacionais e produtos e serviços cada vez mais hiper personalizados. Essa é a visão de Anderson Chamon, co-fundador e vice-presidente de Novos Negócios do PicPay.
O executivo participou do painel “AI in fintech: Breakthrough or basic automation?” (IA em fintech: revolução ou automação básica?), durante o Web Summit Rio, na segunda-feira (28/4). Ao lado dele, no debate, estavam Ann Williams, executiva-chefe de Operações (Chief Operating Officer, COO) da Creditas; Mario Augusto Sá, CEO e co-fundador da NG.Cash; e Aline Pezente, co-fundadora da Traive.
De acordo com Anderson, IA e machine learning sempre estiveram presentes na estratégia do PicPay. Embora as tecnologias já fossem usadas, por exemplo, em análise de risco de crédito e prevenção a fraudes, a revolução recente ocorreu graças ao avanço da IA Generativa (GenAI). Segundo ele, a tecnologia permite novos casos de uso a partir de grandes volumes de dados não estruturados.
“No PicPay, estamos conseguindo escalar e popularizar muito mais os produtos de IA. Temos um agente que cuida do atendimento do cliente. Atualmente, ele já resolve completamente mais de 50% dos casos”, contou Anderson. De acordo com o executivo, o assistente vem se sofisticando. Um exemplo disso, citou ele, é que o cliente consegue fazer pagamentos via Pix no WhatsApp a partir do envio de texto, áudio ou imagem.
“Estamos investindo muito em IA e enxergando muitos casos de uso”, disse o executivo. Além das inovações para as mais de 60 milhões de contas, o PicPay vem aplicando IA internamente, segundo Anderson. “Temos diversos casos de uso no back office, como ‘copilotos’ para as equipes de marketing, RH e TI. Hoje, mais de 80% dos nossos colaboradores utilizam algum tipo de IA nas suas tarefas do dia a dia.”
Ecossistema integrado
Para o futuro, o executivo enxerga interfaces ainda mais conectadas ao cotidiano. Isso inclui interfaces conversacionais eliminando, inclusive, a necessidade de abrir aplicativos. “Você poderá falar com agentes que funcionarão como seu private banker. Imagine que eu tenha três assinaturas de streaming de filmes. Talvez o agente me diga: ‘Anderson, você tem três assinaturas, quer cancelar uma?’ Se eu disser sim, ele já cancela automaticamente”, projetou Anderson.
Na visão dele, a tendência é que o ecossistema financeiro se torne muito mais integrado, reunindo produtos e serviços de diferentes instituições. “E você escolherá um [banco] favorito para agregar os dados de todos os bancos. Vejo que isso vai acontecer não apenas para as transações, mas também para as interações entre as instituições — interações acionáveis, e não apenas para visualizar dados”, disse.
Em relação aos principais desafios associados ao uso da IA no setor financeiro, Anderson alertou para o risco de vieses nos algoritmos de crédito, que podem reproduzir preconceitos e discriminações de todos os tipos. “Essa é e deve ser uma preocupação muito importante quando falamos em um ecossistema financeiro com IA integrada”, advertiu.
Transformação e inovação contínua
Ainda durante o painel, o executivo do PicPay refletiu sobre a transformação da instituição ao longo de sua história. “Enquanto eu vinha para o Web Summit hoje, passava um filme pela minha cabeça. Isso porque há 12 anos o PicPay tinha apenas quatro funcionários e fomos ao Web Summit em Dublin apresentar nossa startup. Na época, tínhamos menos de 1 mil usuários e sonhávamos em ter 400 mil. Hoje, passado esse tempo, temos mais de 60 milhões. Somos o sétimo maior banco em número de clientes no Brasil”.
A inovação está no DNA do PicPay, e o banco digital vem investindo fortemente em IA para aprimorar a experiência financeira dos usuários e se consolidar como referência em FinAI.