COBRANÇA RECORRENTE

Serviços de 'streaming' estão com "apetite enorme" pelo Pix Automático, diz BC

Modalidade está em fase de testes homologatórios desde o final de abril com mais de 50 instituições, segundo Breno Lobo

Breno Lobo/BC
Breno Lobo/BC | Imagem: Danylo Martins

Com lançamento confirmado para 16/6, o Pix Automático já vem despertando interesse de grandes empresas, incluindo alguns dos maiores serviços de streaming com atuação no Brasil. A afirmação é de Breno Lobo, chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central (BC), que apresentou as novidades do sistema de pagamento instantâneo para 2025 e próximos anos no “Payment View”, evento realizado nesta quarta-feira (14/5) pela IdeaD com o banco BV.

A nova modalidade, que está em testes homologatórios desde o final de abril, chega para facilitar as cobranças recorrentes, por exemplo, contas de consumo, planos por assinatura, mensalidades de escolas, entre outras. A leitura do mercado é que o serviço veio para aposentar o débito automático, que hoje depende de convênios bilaterais firmados pelas empresas com múltiplos bancos.

De acordo com Breno, atualmente já há 51 instituições participantes do Pix ofertando o Pix Automático para empresas, ainda em fase de piloto. “Os [serviços de] streaming, por exemplo, estão com apetite enorme por isso. Estamos conversando com todos os maiores [com atuação] no Brasil. Mas a expectativa é que não só grandes empresas entrem no Pix Automático; queremos também as pequenininhas”, disse.

Conforme as regras definidas pelo BC, a oferta do Pix Automático aos usuários pagadores (clientes finais) será obrigatória para as instituições participantes do arranjo Pix. Já na ponta recebedora (empresas), a oferta da funcionalidade é facultativa. Hoje, o sistema de pagamento instantâneo conta com quase 1 mil instituições participantes, segundo Breno. Os usuários cadastrados passam de 175 milhões.

“Temos certeza de que o Pix Automático vai revolucionar o mercado de pagamentos. É uma oportunidade para o surgimento de novos modelos de negócio”, afirmou Breno. Segundo o porta-voz do BC, a solução foi desenhada para ampliar a taxa de sucesso nos recebimentos e reduzir a inadimplência. “É um serviço padronizado e terá grande alcance, pois qualquer pessoa que usa o Pix poderá utilizá-la.”

Pix e futuro

Breno citou, ainda, as demais iniciativas prioritárias na agenda evolutiva do Pix neste ano e nos próximos. Entre as novidades em andamento estão, por exemplo, o Pix Parcelado, o Pix em garantia e o MED 2.0 (evolução do Mecanismo Especial de Devolução).

Até 2027, os projetos incluem split de pagamentos, na esteira da reforma tributária; regulamentação dos intermediários de pagamentos, como os que atuam com transações internacionais (eFX) e oferta do Pix no exterior; criação de um score de risco de fraude usando Inteligência Artificial (IA); e inclusão das duplicatas no arranjo Pix.

Além disso, o porta-voz do BC comentou sobre a necessidade de aprimorar a infraestrutura diante do crescimento contínuo do Pix. Atualmente, o sistema processa até 10 mil transações por segundo – no começo, eram 2 mil, disse ele. “O Pix não para de crescer, e vamos precisar reformular nossa arquitetura. Isso exige mobilizar a equipe para essa parte operacional.”

A partir de 2028, a agenda reúne iniciativas como a interligação do Pix com outros sistemas de pagamentos instantâneos ao redor do mundo. O desenvolvimento de uma base centralizada para o Pix Cobrança e evoluções do Pix Automático também estão nos planos, mencionou Breno.