'CASE' MUNDIAL

Alvo de Trump, Pix movimenta quase R$ 16 tri só no primeiro semestre

Volume transacionado no sistema de pagamento instantâneo cresceu 35% nos seis primeiros meses de 2025, segundo o BC

Pix por Aproximação, lançado pelo Banco Central
Pix por Aproximação, lançado pelo Banco Central | Imagem: divulgação

Meio de pagamento mais usado no Brasil, exemplo para outros países e agora também atacado pelo presidente dos EUA Donald Trump, o Pix movimentou R$ 15,8 trilhões apenas no primeiro semestre de 2025. O volume representa um aumento de 35,2% em relação aos R$ 11,7 trilhões registrados em igual intervalo do ano passado. Os dados estão disponíveis no site do Banco Central (BC).

Ao todo, nos seis primeiros meses deste ano, o sistema de pagamento instantâneo criado pelo regulador brasileiro contabilizou cerca de 37 bilhões de transações. O número é 27,6% superior à quantidade apurada no mesmo período de 2024. No ano passado como um todo, o Pix somou R$ 26,5 trilhões em 63 bilhões de operações.

Fonte: Banco Central (BC)

A quantia que o Pix movimentou na primeira metade de 2025 já representa, então, cerca de 60% do volume total de 2024. Com menos de cinco anos de operação, o sistema reúne mais de 175 milhões de usuários – cerca de 160 milhões são pessoas físicas. São mais de 576 milhões de contas cadastradas no sistema. Já as chaves passam de 858 milhões.

Novos produtos e segurança do Pix

Com adoção massiva nos quatro cantos do País, o Pix vem evoluindo com novos produtos. Em fevereiro, por exemplo, houve o lançamento do Pix por Aproximação, fruto da conexão com o Open Finance. Já no mês passado, a estreia foi do Pix Automático, cuja promessa é “aposentar” o débito automático e ameaça até tradicional boleto. Para setembro, está previsto o Pix Parcelado. O regulador prevê, ainda, o Pix como garantia de operações de crédito.

Além das novas ferramentas, o BC trabalha em medidas para reforçar a segurança do sistema, em meio à escalada de fraudes e golpes. Para 2026, há a expectativa para a nova versão do MED, o mecanismo de devolução de dinheiro em caso de fraudes. A iniciativa vem sendo chamada de MED 2.0. A preocupação com o tema não é em vão, principalmente após o maior ataque hacker ao sistema financeiro brasileiro, revelado no final de junho.

Na mira dos EUA

Na terça-feira (15/7), o escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio, de 1974. Entre outros alvos está o Pix, atacado por “práticas desleais”, de acordo com o documento. Embora não tenha se dado nome aos bois, a referência está mais do que clara. Isso porque o texto menciona a “valorização de soluções de pagamento eletrônico desenvolvidas pelo próprio governo”.

Ainda conforme a publicação, o USTR solicitou consultas com o Brasil como parte desta investigação. Também realizará uma audiência pública no dia 3/9.

Em resposta à investigação conduzida a pedido de Trump, o governo brasileiro postou no X (antigo Twitter) uma arte com a frase “O Pix é nosso, my friend [meu amigo]“, em tom de ironia. Na legenda da postagem, o perfil oficial do governo Lula escreveu: “O PIX é do Brasil e dos brasileiros! Parece que nosso PIX vem causando um ciúme danado lá fora, viu? Tem até carta reclamando da existência do nosso sistema Seguro, Sigiloso e Sem taxas.”

Post do Governo Federal no X

O anúncio da investigação sobre “práticas desleais” do Brasil ocorre dias após Trump anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. A mudança veio acompanhada de um gesto político do presidente norte-americano, que tem criticado a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando o inquérito como “caça às bruxas”.