Opinião

Fintechs, regulação e Open Finance: o que esperar no futuro?

Juan Ferres*

Nos últimos anos, há uma tendência crescente em relação à transferência de dados entre instituições, mas a população ainda demonstra algum receio devido à falta de conhecimento sobre os benefícios dessa prática. No entanto, espera-se que, com o tempo, a transferência de dados se torne mais amplamente aceita à medida que as preocupações em torno dela sejam desmistificadas.

Um sinal claro dessa evolução é o número crescente de “consentimentos” dados pelos usuários, que autorizam a transferência de seus dados de uma instituição para outra. Até o momento, cerca de 22 milhões desses consentimentos foram registrados, representando um aumento significativo em relação ao número de cerca de 3 milhões registrados há um ano.

A chegada da 4ª fase do Open Finance deve beneficiar as fintechs de crédito, que terão acesso aos perfis financeiros e históricos bancários dos clientes. Isso possibilitará que as startups criem um score de crédito mais preciso e personalizado para cada indivíduo, o que deve fortalecer ainda mais a atuação dessas empresas no mercado financeiro.

As empresas de tecnologia financeira continuarão a ser regulamentadas em todo o mundo, com a possibilidade de novas regulamentações mais rigorosas em alguns países. Isso pode limitar o crescimento de algumas Fintechs, mas também pode fornecer mais segurança aos clientes.

Com o rápido crescimento das fintechs nos últimos anos, a regulação se tornou um tópico cada vez mais importante. As fintechs geralmente oferecem serviços financeiros inovadores e disruptivos, o que pode levar a preocupações sobre proteção ao consumidor, segurança cibernética e estabilidade financeira.

Em muitos países, as empresas de tecnologia financeira são regulamentadas de maneira semelhante aos bancos tradicionais, com requisitos específicos de licenciamento, capital mínimo e conformidade com as regras de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. No entanto, à medida que as fintechs se expandem para novos mercados e oferecem serviços financeiros cada vez mais complexos, a regulação pode se tornar mais rigorosa.

Em alguns países na União Europeia, as fintechs são regulamentadas pelo RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados), que estabelece regras para a coleta, processamento e armazenamento de dados pessoais. Em outros países, as startups financeiras podem estar sujeitas a leis específicas, como a Lei de Proteção ao Consumidor dos Estados Unidos ou a Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil.

Embora a regulação possa limitar o crescimento de algumas fintechs, ela também pode fornecer segurança aos clientes, reduzindo o risco de fraudes e falências. Além disso, a regulação pode ajudar a nivelar o campo de jogo entre as fintechs e os bancos tradicionais, garantindo que as fintechs estejam sujeitas às mesmas regras e requisitos.

No entanto, alguns especialistas alertam que uma regulação excessivamente rígida pode impedir a inovação e prejudicar a competitividade das empresas de tecnologia financeira. Portanto, é importante encontrar um equilíbrio adequado entre a regulação e a inovação, permitindo que as Fintechs cresçam e ofereçam serviços financeiros acessíveis e eficientes, sem comprometer a segurança do consumidor.

As startups financeiras devem continuar a ganhar força, impulsionadas por diversas tendências, como a adoção crescente de tecnologias como inteligência artificial e blockchain, a busca por experiências financeiras mais personalizadas e a expansão de serviços financeiros para novos mercados e segmentos da população.

Além disso, o ambiente regulatório e competitivo das fintechs deve continuar a evoluir, trazendo desafios e oportunidades para as empresas do setor. Neste contexto, as fintechs devem buscar cada vez mais parcerias e integrações com outras empresas, bem como investir em tecnologias e modelos de negócio que possam garantir sua competitividade e relevância no mercado.

*CEO da Teros